Daniel POV

453 16 0
                                    

Quando Elisa finalmente acordou em meus braços, os pais dela já tinham chegado e estavam no quarto deles conversando.

Elisa estava mais calma, e com um beijo na testa, eu a deixei sozinha no quarto para tomar banho e trocar de roupa e fui para outro banheiro fazer o mesmo.

Descemos e ficamos conversando na sala enquanto os pais dela ainda não se juntavam a nós. Meus pais conversavam sérios em um outro sofá e os garotos brincavam no chão.

Então tia Rachel e tio Ben chegaram.

Elisabeth, Mat e Kellan correram até eles e eu fiquei de longe observando sem querer interromper. Tia Rachel me chamou, me lembrando que eu também fazia parte daquele momento e eu me senti grato.

Então tudo aconteceu muito rápido.

Eu disse para tia Rachel que estava com medo.

Ela também estava.

Ela me prometeu que eu não estaria sozinho.

Ela não me prometeu que estaria comigo.

Ela falou algo sobre não estar presente fisicamente.

Eu fico assustado.

Algo parece estar errado.

Algo esta errado.

Câncer.

Ouço Elisa quebrar ao meu lado.

Graças aos céus, o pai dela esta aqui, não tenho forças para consola-la.

Não tenho forças para consolar a mim mesmo, tão pouco.

Um choro de bebê enche a sala.

Rostos cheios de lágrimas dançam ao meu redor.

Caos.

Então tia Rachel me envolve com seu braço.

Ela sempre foi tão forte, mesmo agora que está doente é ela que nos dá força.

Quando vejo, Kellan, Mat e Sarah estão no colo de tia Rachel, que por sua vez está no colo do tio Ben e me envolve com um de seus braços, ao meu lado está Elisa que me aperta forte e se esconde parte em mim, parte no abraço de seu pai. Minha mãe se junta a nós e meu pai segura a minha mão e de Elisa.

Eu não sei nem como estarmos todos tão próximos é possível, mas o aperto trás uma dor necessária que espanta o medo que ameaçava dominar nossos corações.

Assim ficamos por um bom tempo e os mais novos chegam a dormir. Mas uma hora tivemos que nos levantar e voltar para a realidade.

Por mais confortável que fosse nos escondermos em nossas mentes, isso não faria bem a ninguém.

- Alguém quer bolo? Eu e Rebeca preparamos um mais cedo... Acho que vão gostar. - Ofereceu a tia Rachel.

Todos nós aceitamos e tio Ben se dispôs a servi-lo.

Já era tarde e não estávamos realmente precisando comer, não se fisiologicamente falando, mas aquilo era como uma confirmação de que a vida continuava e ficaríamos bem.

Enquanto comíamos, era como se as tudo voltassem ao normal.

Quase tudo.

Nossas mães conversavam divertidas, lembrando de historias antigas, e meu pai segurava a mão da minha mãe, rindo das lembranças tão detalhada e exageradamente contadas. Tio Ben tinha tia Rachel no colo e se embriagava com o contato dela, ora passando o rosto contra seus ombros descobertos, ora beijando castamente em devoção sua face, em todo tempo se deliciando com som de sua voz e provocando seu riso, que pareciam a ele um concerto digno da capela sistina.

Sempre suaOnde histórias criam vida. Descubra agora