SEIS

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FELÍCIA


Não irei mentir, mas pensei diversas vezes em não ir. Mas só em relembrar a forma bruta que ele me olhava, que fazia todos os meus instintos ficarem em alerta, meu corpo tremia em agonia. Ele era forte e rico, ele poderia vir atrás de mim, do meu filho. Talvez, seja melhor ir em paz, pois não queria ser caçada como se fosse uma ladra.

Não tinha certeza do que ele realmente queria comigo, mas não era burra para não ter um palpite. Entretanto, não poderia fechar os olhos e achar que tudo era normal, pois não era.

Olhei para o Hércules que estava deitadinho ao meu lado, e pensei seriamente em ir. Encarei o relógio e vi que faltavam quinze minutos para as 20h.

Algumas horas antes, liguei para o Otto a procura de uma informação que custou minha noite de sono, sem me dar muitos detalhes, ele disse que um homem tinha o feito me despedir. Achei ridículo o que descobri, pois com certeza dinheiro deve ter sido posto no meio. Mas não querendo discussões, pois querendo ou não, Otto me ajudou muito em minha curta vida. Então, apenas agradeci a informação e desliguei.

Quem era este homem?!

Passei o dia perturbada com a dúvida de ir. Quando as horas iam se aproximando parecia que a agonia ia aumentando e o meu desespero também.

Dei banho em Hércules e tomei o meu. Acabei optando por um jeans escuro, camisa branca, casaco marrom e botas pretas. Deixei meus cabelos soltos e passei um batom vermelho escuro. E, agora, eu estava aqui, sem saber o que realmente fazer.

Comentei com a dona Magda que talvez fosse sair, e, que, se ela pudesse ficar um tempo com meu menino. Mas que o compromisso ainda não tinha saído do eu "acho". Ela me respondeu com um amplo sorriso, confirmando logo em seguida. No momento, não sabia se confiava completamente em dona Magda, mas ela era a minha única opção.

19:59

Eu vou. Chega de enrolação.

Peguei Hércules que dormia tranquilamente após sua refeição, equilibrei a bolsa e algumas coisas do meu pequeno no outro braço. Logo indo à porta da frente, chamando pela velha senhora. Dona Magda me recepcionou alegremente. Eu continuava intrigada, mas dona Magda cuidava bem do Hércules e isso era o suficiente, por hora.

Depois de sair do prédio, sabendo que meu filho estaria sendo bem cuidado, caminhei mais tranquila. Olhei para o papel onde estava o endereço escrito e soltei o ar que eu nem ao menos tinha percebido que o estava prendendo.

Seja o que deus quiser.

Peguei um táxi. Depois de uns trinta minutos estava à frente de uma enorme mansão, detalhe, o imóvel era localizado próximo a uma floresta, onde estava construído mais três comodidades na mesma redondeza.

A vibração em meu peito se tornou frenética. Se antes estava nervosa, agora me encontrava com medo. O taxista parou, dei-lhe o dinheiro e ele se foi.

Apertei meus braços entorno do meu casaco e caminhei. Meus cabelos voavam ao meu redor, por conta da leve brisa que batia em mim. Ao chegar ao grande portão de ferro preto, me assustei ao vê-lo se movendo sozinho. Não havia um porteiro, ou qualquer pessoa por perto, como isso aconteceu?

Após um tempo relutante, meus pés se moveram novamente e, ali, senti algo estranho, completamente estranho.

A noite estava escura, nem mesmo as estrelas quiseram sair. A brisa estava leve, mas conseguia trazer o vento gelado que atingia meu rosto. Com as diversas árvores ao redor parecia que tudo se intensificava ainda mais. Enquanto caminhava pelo caminho de pedras, observei quando o portão se fechou em minhas costas, não me dando escapatória. Engolindo em seco, mirei minha atenção na decoração a minha volta. A casa era rústica, toda feita em madeira envernizada. As janelas e portas eram de um vidro escuro, não podendo se ver nada do que se passava lá dentro. O jardim verde, era completo por rosas vermelhas. Algo que me fez parar e admirá-las.

FERAOnde histórias criam vida. Descubra agora