FELÍCIA
— Onde você está, Felícia?!
Meu coração pulsou em meus ouvidos, meu estômago se contraiu. Passei a língua pelos meus lábios secos, ainda não sabendo se deveria definitivamente me virar. Tomei algumas respirações profundas até que tomasse conhecimento da minha realidade. Se não fosse até ele, ele viria até mim de qualquer jeito.
Com passos vacilantes fui até a porta, vendo sua figura grande irritada. Após pousar meus olhos nele não sabia mais olhar para qualquer outro lugar. Ele puxava toda a minha atenção. Apollo não precisava de muito para ter tudo de mim. Descobri tal façanha após entregar-me a ele sem pensar em qualquer consequência.
Seus músculos pareciam ainda maiores, assim como os seus caninos. Certamente, minha tia não tinha percebido este detalhe, pois após tomar consciência dos meus atos, observei seus olhos interessados no homem que estava gritando meu nome aos berros a minutos atrás.
Minha tia realmente não tinha limites, a mulher sabia de longe o que era um homem com dinheiro e, de "quebra", Apollo era atraente demais para deixar passar assim.
— Estou aqui, Apollo — sussurrei.
No mesmo instante que as palavras deixaram a minha boca, seu rosto anguloso virou-se para mim, demonstrando um olhar raivoso. Sua cicatriz estava vermelha, assim como as veias altas em sua testa. Desci meu olhar pelo seu corpo e constatei que somente estava de calça. Encarei seu abdômen, seus fortes braços e ombros, as cicatrizes pela sua pele, a forma que respira profundamente. Talvez eu nunca conheça esse cara calmo.
— Você bate em minha porta à está hora e ainda procura por esta gorda mal-amada?! — O tom debochado e irônico de minha tia teve a atenção de Apollo.
— Com esse tanto de merda que sai da sua boca só me prova que a senhora é a mal-amada. — Apollo vociferou. — Ao contrário de você, essa gostosa é muito bem-amada.
Minha tia no mesmo instante fez a sua cara de limão azedo. Ser chamada de senhora era certamente mexer em seu ego. Estava séria por fora, mas por dentro estava sorrindo por ver ele me defendendo, não caindo no charme barato dela.
— Esta gorda é amada por quem? Olhe para ela! — Ela riu cinicamente.
Não podia me deixar acostumar, mas era normal ouvir das pessoas que era acima do peso. Onde eu trabalhava era um belo exemplo. Muitos homens iam até lá para ver mulheres magras, mas quando chegava o momento e quem aparecia era eu, não podia ser mais visível a cara de decepção de alguns. No entanto, ainda assim, os dias que eu estava eram os mais cheios. Todos tinham gostos distintos, opiniões, a forma de ver e ouvir. Não era porque um não gostava que todos deixariam de gostar.
Sentia que perto de minha tia a minha autoestima desaparecia, mas o importante era o psicológico estar intacto. Tento deixar de lado as minhas reflexões e voltar a minha atenção para o homem grande que estava a ponto de arrancar a cabeça da loira, enquanto ela sorria, não tendo noção do perigoso que ela estava correndo.
— Você é do tipo de gente que não merece resposta. Mas você insiste para que haja uma, mesmo que seja para saber que a sua pessoa é detestável, intragável e nojenta.
Minha tia realmente achou uma pessoa para colocá-la em seu lugar. Caso fosse eu a ter falado as palavras de Apollo, sua resposta seria imediata, como: sua invejosa, gorda, blábláblá. Mas, não. Ali era um homem. Era Apollo. Ela não aceitava ser diminuída por um homem e, principalmente, por esse homem que havia a rejeitado. E Helena não aceitava uma rejeição.
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FERA
WerewolfFera, faz uma releitura sobre um antigo conto de fadas Francês, criado originalmente por Gabrielle-Suzanne Barbot. A história relata um romance envolvente e possessivo, onde se encontra a Bela, uma dama doce e determinada. E a Fera, um homem tentad...