FELÍCIA
Fera estava agarrado a mim, seu cheiro estava me deixando louca, sua pele contra a minha. Mas decidi que iria ir embora, talvez devesse me sentir suja, pois aqui era o meu "trabalho" e eu dormi com o meu chefe.
Isso era errado, muito errado. Talvez só na minha cabeça, pois convenhamos que Apollo não queria meu trabalho, ele queria exatamente o que aconteceu. E eu caí exatamente onde ele queria. Mas o pior de tudo era não se arrepender, eu estava feliz, eu gostei da experiência que acabei de provar, então arrependimento seria a última coisa que talvez eu poderia sentir.
Meu centro dolorido me jogava para a realidade do que aconteceu a cada segundo, de que tudo foi real, que eu tinha perdido a minha virgindade com o ídolo que tanto Carla idolatrou.
Me peguei pensando em como conseguiria sair de seus braços sem que ele acordasse. Ele estava totalmente grudado em mim, suas pernas em torno das minhas, me prendendo. Enquanto suas mãos repousavam sobre os meus seios nus.
Delicadamente retirei suas mãos, logo soltando minhas pernas das suas. Peguei minhas roupas, vestindo-as em seguida. Olhei para trás, encarando seu corpo nu, então saí.
Sabia como eram os homens, principalmente aqueles que frequentavam o meu trabalho. Mesmo o Otto proibindo a prostituição em seu estabelecimento, ainda assim tinham aquelas que passavam por cima das regras. Havia homens casados, noivos, viúvos, de todos os tipos. E, todos, só queria curtição. Diziam o que elas queriam ouvir e, logo após, dava um pé na bunda de todas elas. Não queria que acontecesse o mesmo comigo, então saí antes que ele acordasse.
Senti a sinceridade nas palavras e nos movimentos dele, mesmo assim, não daria minha cara a tapa.
Após pedir um táxi voltei para casa, ainda perturbada com tudo o que aconteceu. Pelo caminho repassei tudo o que vivi momentos atrás, o sentimento de ser dominada veio forte. Aqueles olhos vermelhos que iriam me fazer voltar atrás em um piscar de olhos. Suas mãos quentes e fortes pelo meu corpo arrastando pela minha pele algo que nunca senti, então ele chegou e me faz ir a borda com somente os seus olhos.
Tentei não pensar, mas era impossível.
Cheguei em casa e fui direto ao apartamento de dona Magda, ela não demorou muito a me atender, entregou-me meu pequeno com um sorriso e fechou a porta. Me senti mal por incomodá-la, pois já estava tarde e ela deveria estar cansada.
Hércules resmungou um pouco e entendi que ele talvez estivesse com fome. Lavei meu seio e o dirigi até sua boca. Após estar amamentado, meu pequeno menino dormiu, mas logo começou a chorar.
Foi tudo muito de repente quando aconteceu.
Um grande estrondo soou pelo pequeno apartamento. Parecia até que todo o espaço tinha sofrido um tremor, eu tinha a plena certeza de que a porta da frente tinha sido quebrada. Fazendo meu corpo tremer inteiramente.
Por um segundo achei que o meu coração parou.
Minhas mãos tremiam, meu corpo estava em pânico por completo. Um rugido feroz atingiu toda a extremidade do imóvel, meu corpo petrificado estava coberto por um medo inexplicável. Aquele som era totalmente estranho para mim, era algo ensurdecedor, que se mais perto poderia afetar a audição, não só do meu pequeno, mas do prédio inteiro. Aquilo era inusitado, diferente, cruel.
Apertei Hércules contra o meu peito tentando ao máximo acalmá-lo, mas parecia que ele sentia a tensão que cobria a minha pele.
Ouvi quando movimentos se intensificaram, se aproximando do quarto, como se fossem garras arrastando pelo chão. Me encolhi em um canto e orei para que tudo não passasse de um sonho. Um novo rosnado foi ouvido e logo uma sombra se fez presente no quarto, algo muito grande estava prestes a entrar.
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FERA
LobisomemFera, faz uma releitura sobre um antigo conto de fadas Francês, criado originalmente por Gabrielle-Suzanne Barbot. A história relata um romance envolvente e possessivo, onde se encontra a Bela, uma dama doce e determinada. E a Fera, um homem tentad...