NOVE

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FELÍCIA


Não sabia exatamente o que pensar sobre tudo o que aconteceu a dois dias atrás. Era muita informação. Fui imprudente e irresponsável. Como pude transar com um cara que nem conhecia e ainda mais sem camisinha? A minha sorte era que usava anticoncepcional para regular a menstruação. Mesmo assim, fui totalmente errada, pois poderia pegar uma doença ou... sei lá.

No entanto, existia algo em Apollo que me fazia negar todos os meus pensamentos. A forma que ele me tocou, beijou e entrou em mim foi diferente. Já cheguei em algumas preliminares com dois caras, mas nenhum deles me fez querer chegar ao final. Me sentia constrangida por não conseguir consumar o ato, mas Apollo só precisava me olhar para que eu me derretesse em seus braços.

Confesso que tinha medo da velocidade dos acontecimentos. Não era normal alguém chegar como ele chegou. Mas tinha algo que me fazia querê-lo mais. Algo que puxava-me para ele.

Tentei convencer o Otto a me contratar novamente, mas sua resposta era a mesma em todas as ligações. Fui até mesmo no clube e somente gastei a passagem do ônibus. Estava definitivamente desempregada. Apollo entrou em minha vida e de cara já acabou com o meu emprego, não sabia o que viria a seguir.

Eu tinha somente cinco dias para lhe dar uma resposta.

Procurei em sites, revistas de fofoca e até mesmo para dona Magda sobre Apollo, mas não era nada além do que já sabia. Dona Magda, certamente, sabia sobre muita coisa, mas fazia questão de mudar de assunto. Não forcei.

Aquela história de Lorde e Alpha para mim era tudo baboseira no momento que Apollo disse, mas depois que minha porta foi arrombada por um lobo, não consegui mais negar que tudo era real.

Eu sentia a todo momento que estava sendo vigiada. Quando fui ao mercado ou quando levei Hércules para um passeio em uma pracinha não muito longe. Eu sabia exatamente quem era o meu perseguidor. Não senti medo, mas era irritante mandar pessoas para me vigiar. Noite passada até mesmo um uivo potente eu consegui ouvir.

Concentrada nos pratos e copos que estava lavando, ouvi Lana Del Rey cantando em cima da mesa. Balancei meus quadris ao som da música, tentando cantar junto com ela.

— Puta merda! — bravejei, correndo para atender o telefone.

Tinha que tirar essas músicas de toque, ou nunca atenderia ninguém.

— Alô? — disse, após pegar o celular.

Oi, Lala! — sorri ao ouvir a voz do meu avô.

Vovô dizia que quando era pequena não conseguia dizer o meu próprio nome, então eu mesma me alto intitulei como Lala. Desde então, ele e vovó me chamam assim.

— Oi, vovô! Tudo bem? — questionei, preocupada, pois sempre quem me ligava era minha avó.

Segurei o celular entre meu ombro e rosto para que pudesse enxugar as minhas mãos.

Estou bem, só a sua avó que está com uma gripe forte. — Sua voz era receosa, fazendo-me crer que algo não estava certo. — Estamos com saudade.

— Eu também estou com muita, vovô.

Quando vem nos visitar? — Ele sussurrou a última parte.

Meu coração acelerou por um instante, algo realmente estava muito errado.

— Vou comprar a passagem amanhã! — falei, decidida.

Amanhã?! — A voz de meu avô mudou, parecendo surpreso e animado.

— Sim, amanhã! — disse, sorrindo.

FERAOnde histórias criam vida. Descubra agora