EPÍLOGO

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FELÍCIA

TEMPOS DEPOIS...


Observava Apollo de perto. Seus olhos estavam centrados, a mandíbula semicerrada, enquanto seus movimentos eram rápidos e precisos. A cada soco seus músculos se contraiam, deixando-me tensa e apreensiva.

Estávamos em Nova York e, assim como começou, estava terminando. O sentimento de estar reconhecendo aquela sensação era mais que presente. Mas diferente da outra vez, eu não tinha Carla ao meu lado ou aquele monte de homens ao nosso redor.

Meu coração deu um novo salto assim que Apollo leva uma de esquerda em seu olho. Gritei agitada, tentando fazer com que ele reaja. Apollo gostava de dar um show antes que vencesse. Ele gostava de deixar o concorrente achar que estava ganhando, quando no final ele acabava com tudo. Em sua última luta não seria diferente.

— Meu pai é o melhor! Olha só! Só jogando milho pra galinha comer! — Ouvi Hércules ao meu lado gritar, enquanto dava socos no ar.

— Mãe, não estou vendo nenhuma galinha. — Arturo, meu pequeno menino de seis anos, me questiona.

Vocês devem estar pensando, que mãe desnaturada eu era por deixar meu filho ver essas cenas de violência e agressão. Mesmo que quisesse que Arturo não visse, de qualquer forma ele iria, pois o lutador era seu pai. Em nossa casa havia alguns cinturões pelas paredes, fora algumas fotos e objetos. Não poderia deixar que ele não visse a trajetória e a profissão de seu pai.

— É só um modo de dizer, querido.

Dezesseis anos se passaram e tudo o que consigo pensar era no quanto era feliz. Hércules hoje era um adolescente de dezesseis anos e o nosso caçulinha, Arturo, com suas seis primaveras.

O tempo passou rápido, algumas coisas mudaram, assim como pessoas se foram. Minha avó era uma dessas pessoas, a exatamente cinco anos faleceu. Meu avô ficou solitário, mas mesmo a dor da perda sendo grande, ele era forte. A jardinagem foi algo que o ajudou em seus momentos de tristeza, assim como um gatinho que Hércules tinha dado a ele. Cuidar de algo foi sua distração desde então.

Minha tia estava presa por furto, de acordo com as informações nos dadas, ela havia dado um golpe em um dos seus amantes, mas acabou sendo pega. E seus filhos estão com o pai.

Continuamos a morar no Brasil, naquela mesma cidade. Aquele lugar era divino, não conseguia pensar ou imaginar morar em qualquer outro lugar. Mas como Apollo dizia: nossa casa é onde nossa família está. E ele estava certo.

— Mãe, quero refrigerante. — Ouvi Arturo, varri com meus olhos o lugar, procurando um caminho para chegar até as barracas.

— F2? — chamei o segurança que estava ao meu lado. Quando ele me olhou, continuei: — Fique de olho neles, só vou até a barraca, ok?

— Eu vou, senhora.

— Não precisa, vou rapidinho. — Ele tentou argumentar, mas garanti novamente que seria rápido.

— Arturo, de qual você quer? — perguntei.

— Laranja.

— Quer algo, Hércules?

— Não, mãe.

Avisei F2 novamente e fui até a porta que permitia a saída da área vip. Observei que havia mais dois seguranças em minha cola, nada surpreendente. Confesso que no início era estranho ser seguida por homens grandes e altos que chamavam muita atenção, mas com o tempo consegui me acostumar.

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