Ao som do Rap

Capitulo 4.

Desci do ônibus, estremeci de frio, devia ter me lembrado que o clima do Paraná é bem mais frio do que do Litoral paulista, vou ter que comprar mais blusas de frio. Olhei no relogio, 20e40. A viagem foi tranquila, dormi praticamente o tempo todo. Eu ainda lembrava onde era a casa dos meus avós, então peguei um ônibus e fui direto pra lá. Chegando no condomínio, uma nostalgia absurda tomou conta de mim, cada canto daquele lugar contava uma parte da história de minha infância. Respirei fundo e olhei em volta. Eu podia ver minha escola nova daqui, era a duas quadras de distância apenas. Eu começaria amanhã, eu não sentia medo nem ansiedade, naquele ponto da minha vida, eu vivia anestesiada de quase tudo. Subi o elevador e toquei a campainha. A figura simples porem meiga surgiu de trás da porta, e eu a abracei como se fosse o dia que eu sai dessa casa:

- Como vai vó? Senti sua falta!

POV- Predella

Estava eu sentadinho na poltrona do estúdio enquanto Nog gravava sua parte da musica. O cd não estava nem na metade, faltavam varias musicas. E eu precisava começar a compor alguma coisa, porém nenhuma idéia me vinha a cabeça. Nog não conseguia cantar direito no Beat, parecia frustrado com isso.

- Cidy, vamo dá uma pausa. Comer alguma coisa, sei lá...Ele precisa de um tempo.- Eu disse.

- É, boa ideia cara...- Cidy parecia meio nervoso com Nog também, já que repetiu a sessão, pelas minhas contas, umas 25 vezes.

Eu fiz sinal pro Nog que tinha acabado e ele saiu com aquela cara de quem não entendia nada.

- Vamo comer alguma coisa.

Ele entendeu a situação, e acenou com a cabeça quase como quem diz obrigado.

Entramos no carro. Ambos sem dizer uma palavra. A semana tinha sido uma merda. Shows cancelado. Comentários ofensivos na internet. Sem composições. Sem progresso com cd.

- Cara, eu sei que ta foda, mas...- Eu tentava reconforta-lo, mas eu tava quase chorando. Depois do lançamento do 155 e da saida de Adonai, tava complicado manter o Costa Gold, claro que, estamos ganhando o dobro e ficando mais populares, mas as criticas aumentaram e se intensificaram, não que eu me importe, não to nem ai, mas mesmo assim é dificil.

- As vezes eu quero desistir. Ser famoso não é tão legal assim.

- Porra, não mesmo. Mas desistir é uma palavra que não faz parte da nossa vida.

Seguimos até o Walmart sem trocar uma palavra. Chegando lá, alguns fãns nos reconheceram, tiramos fotos, Nog saiu com cara de bosta em todas.

- Cara, eu odeio te ver assim. Vou comprar um skank pra tu.

Chegamos na minha casa mais ou menos 3 da manhã. Pelo sorriso no rosto de Nog eu presumi que o Skank estava o fazendo feliz.

Contatinho6: Hey.

Você: ta acordada ainda?

Contatinho6: acho que estranhei a cama.

Você: Ah é, vc foi pra londrina.
Como foi rever teu pai ? Eu vi as fts da festinha de despedida no teu face.
Não gosto do Kauê.

Contatinho6: Ele parece legal.
Até chorou quando me viu.

Mel tinha me contado parte da sua vida pra mim durante essa semana. Graças a deus eu tive uma família que me amou muito. E apesar de toda a merda, ela não é uma menina louca igual a maioria das prostitutas com o passado dificil que usa sua familia como desculpa pras merdas que fazem.

Contatinho6: Tomara que dê tudo certo.
Amanhã começa a escola.

Você: hoje*

Contatinho6: Amanhã, eu não dormi ainda.