Ao som do Rap

Capitulo 22.

Pov - Zezinho.

Acendi mais um baseado. A visão já estava embaçada por causa da fumaça no quarto. Eu não conseguia parar de pensar, naquele filho da puta matando meu pai. Não deveria ter matado sem antes tortura-lo. Minha cabeça estava cheia, tanto trabalho pra fazer, preocupação de uma possível ameaça, não era fácil essa vida. Mas mesmo querendo, não podia sair.

Derrepente ela vem, usando só minha blusa, se joga em cima de mim e me beija no rosto. Ficava impressionado com o poder que ela tinha de me acalmar.

- Vem jantar.

Ela disse com um sorriso no rosto.

Como era possível ela me perdoar depois de tudo que lhe fiz? Devia ser muito louca mesmo.

- Já vou princesa.

Ela roubou o baseado da minha mão e deu um trago, saiu de cima de mim e foi andando em direção a porta.

Ela não tava nem aí pra vida, vivia como precisava viver.

Derrepente o tadinho toca, tirando minha paz novamente.

- De qual foi Pnote ?
- Patrão, desce aqui na Gaza. - Seu tom de voz era de preocupação.
- O que aconteceu fi ?
- Desce aqui caralho.

Peguei minha metralha e sai voado de casa. Melissa me olhava sem entender nada.

- Vo resolve uma responsa, já volto pra nois janta princesa.

Subi na Kawasaki e voei até a Gaza. Encontro jacaré e uns vapores formando uma rodinha envolta de algo, quando vi o que tinha ali, quase vomitei. Era a cabeça de Tati, com um bilhete escrito, " Vamo invadir".

Meu coração quase explodiu pela boca, era só o que me faltava, mais um alemão.

Pov - Melissa.

Eu comia sozinha, perdida em meus pensamentos. Zezinho passou esse tempo todo me procurando. Ele realmente gosta de mim. Me peguei sorrindo feito boba, mas aí lembrei de Predella.
Ele provavelmente não sentiu minha falta, não me procurou. Quando precisei ele não estava disponível.

Mas eu precisava dar uma satisfacao a ele. Estava decidida.

José Vinicius chegou batendo a porta com força. Ele chorava feito criança. Jogou a metralhadora longe. E veio ao meu encontro devagar, me abraçou com força e desabou.

- O que houve?
- Eu não aguento mais essa vida! Não quero isso pra mim!
- O que aconteceu?
- Mataram minha amiga! Minha amiga de infância! Eles vão invadir Melissa! Eu não sei se vou conseguir proteger a favela! Não sei se vou conseguir proteger você...

Eu respirei fundo, tentando sugar toda a dor dele pra mim, eu acariciava sua cabeça tentando consola-lo.

- Calma meu amor, você vai conseguir! Deus está do seu lado, e eu também! Eu acredito em você.