Capitulo 14.

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Pov. - JV

Me doia ver minha mãe ali. Sua pele palida, magra, fragil. Porém estava linda, como sempre, parecia serena, como se dormisse. Coloquei uma cadeira de seu lado, e segurei sua mão fria por cima do pano que a cobria. Pessoas vinham me abraçar e dar seus pêsames, mas eu sentia o ar de dó no tom delas, eu decidi então ignora-las. Abaixei a cabeça no canto do caixão, e chorei, minha mãe e Melissa eram as unicas coisas que realmente me importavam, perdi as duas de uma vez. Chorar era tudo que eu podia fazer naquele momento. Eu estava sem auxilio, precisava de ajuda, eu não sabia com quem contar. Num ato desesperado levantei a cabeça a procura de meu pai, meu olhar o encontrou. Seus olhos estavam marejados, e eu podia perceber o tremendo esforço que ele fazia pra manter a postura. Ele me encarou, como se me analisasse, olhou em volta medindo a situação. Relutou por um tempo, mas acabou por vir em meu encontro me abraçando. Me entreguei, senti que pela primeira vez na vida, podia me apoiar nele.

Ele me disse que já estava na hora, e que eu deveria ser forte agora, e por ela eu fui. Antes de a levarem embora, eu depositei um beijo em sua testa e me despedi:

- Tchau mamãe, obrigado por tudo. Um dia a gente se tromba, Deus é sortudo por te ter. Vou sentir saudades. - Sussurrei baixinho perto dela, naquele momento, apesar da tristeza, me sentia em paz, como se ela ainda estivesse ali, me abraçando.

Levaram-a embora, e eu me segurei pra não chorar. Eu rezei baixinho pra Deus tirar o câncer do mundo, e deixei meu lado infantil a tona quando pedi pra trazer minha mãe de volta a vida.

Fomos carregando o caixão até o cemitério. Eu e meu pai na frente, e alguns dos vapores que minha mãe ajudou a sair das drogas atrás.
O caixão foi colocado no buraco, e a terra foi jogada em cima. Todos observavam aquilo em silêncio. E eu senti como se o pouco de inocência que eu ainda tinha fosse interrado junto com ela.

1 semana depois.

- Quem te mandou aqui querido ? - Eu perguntava calmamente enqunto deslizava a faca em seu braço, observava a pele sendo aberta como um ziper, e a sensação do sangue quente que escorria em contato com a minha pele era boa.

- Eu nunca contaria. - Ele rosnou em meio a gritos. Observei o menino negro de aproximadamente 17 anos me olhar amedontrado, porém determinado, apreciei sua lealdade, mas não o poupei.

- Ótimo! - Eu sorri irônico.

- Vai me matar ?

- Não! Claro que não! - Ele me olhou desentendido. - Morrer não é tão doloroso. - Dei ombros. - Vou te dar uma dica. Harry Potter.

- Hãn ? - Ele fechou a cara. Esses vapores são todos burros.

- A burrice de vocês me impressiona.

- Ah chefe, essa foi ruim, cá pra nóis.- Pinote disse rindo do outro lado da sala.

- Faz melhor então muleke piranha.

- Miojo. - Pinote disse intusiasmado.

- Miojo? Como assim? - Perguntei.

- A gente faz miojo onde ?

- Na panela.

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