Pov - JV.- Eu sou zica! - Gritei de felicidade assim que vi o caminhão com o armamento adentrar a favela.
- Tu é zica patrão. - Pnote comemorava junto comigo.
- Com esse armamento quero ver os inimigo bater de frente com nois!
- É, pode pá!Seguimos o caminhão com o carro até o topo do morro, onde esconderíamos o armamento.
- Tá sendo foda manter tudo, mas eu tô tentando pnote. - desabafei ao ver o sol nascendo do alto da favela.
- Eu sei patrão, mas tu vai conseguir, olha aí o que tu fez! - Ele apontou sorrindo pro caminhão.
- Valeu parceiro! - Demos o toque, e fomos até o caminhão para descarregar o armamento.
Meu coração parou quando a porta do caminhão se abriu, e não tinha nada dentro dele. Ficamos por alguns segundos nos entreolhando sem acreditar, relembrei de como foi tudo tão trabalhoso, e o sangue subiu em meus olhos.
- Merda! - Pnote gritou.
Acendi um baseado pra não sair atirando em todo mundo, sentei no topo do morro e comecei a raciocinar. Até que cheguei a única conclusão plausível.
- Tem alemão no meio de nois parceiro, e pode ter certeza que quando eu achar, paga com a vida.
Pov - Mel.
Era madrugada, e eu observava-o enquanto fumava um baseado devagar, sentado no meio da sala olhando para o nada. Estava pensativo demais, parecia tranquilo, ao contrário de mim que estava inquieta, apavorada.
- Por que fez isso Pedro? Enlouqueceu? - Naquele ponto eu já não sabia se eu não era também algum tipo de provocação contra jv, e o pânico tomou conta de mim ao pensar que poderia me fazer algum mal.
- Você não pode saber. Um dia vai, mas não agora. - Ele respondeu calmamente focado na parede.
- Pelo amor de Deus Pedro! - Lágrimas caíam involuntariamente sem que eu nem mesmo percebesse.
- Eu não vou te fazer nenhum mal. - Ele se levantou e veio até mim, me encarando com os olhos verdes e avermelhados, chegou bem perto, tanto que seu cheiro tomou conta da minha consciência inteira. Seu cheiro era forte, másculo, diferentemente de Zézinho, que tinha um cheiro agridoce, que trazia conforto, E de Lucas, que era de sensualidade e luxo. - Eu nunca faria mal a você. - Ele levou a mão atras da minha nuca e aproximou nossos rostos, meu corpo estremeceu todo com seu toque.
Ele olhou em meus olhos, e pela intensidade me senti minúscula, invadida, ameaçada. Suspirou e me soltou, voltou pro sofá e continuou fumando seu baseado, me deixando ali sem entender nada.
- O que você fez com o armamento?
- Escondi.
- Por que? Quer tomar o morro?
- Não.
- Então por que?
Ele tirou a sua atenção da parede e voltou seus olhos para mim. Provavelmente eu estava um bagaço, pois tinha uma certa pena em seu olhar.
- Vingança.
Eu tentei pensar, mas não cheguei a uma conclusão, não consigo imaginar que Zezinho tenha feito algum mal pra PH.
- Eu não faço parte dessa vingança, não é Pedro?
Ele me olhou e me chamou para sentar do lado dele com um sinal, e mesmo sem querer, eu obedeci. Sua mão veio até meu braço, e eu fechei os olhos pra sentir melhor seu toque, por mais que não tivéssemos nada, eu precisava de afeto, e de certo modo, ele também. Ele me aninhou e acariciou meus cabelos, e eu senti uma paz que fez com que eu quisesse ter conhecido Pedro antes de todo mundo.
- Eu tenho vontade de te beijar...- Ele sussurrou em meu ouvido. - Mas não posso trair-la, eu prometi pra mim mesmo, que ela seria a única na minha vida. - Suas palavras eram carregadas de tristeza, e eu pude sentir algumas lágrimas molhando meus ombros.
Aquilo partia meu coração.
- Ei, não quero que quebre sua promessa. - Arrumei ele em meu colo e o entrelacei, acariciei seus cabelos, e ele fechou os olhos, como se precisasse daquilo desesperadamente.
- É tão difícil ser sozinho.
- Eu sei. Mas você não está, enquanto ela estiver no seu coração, você nunca estará sozinho. Só tem que acreditar.
- Eu acredito. - Ele me olhou e abriu um sorriso de lado, eu acabei por sorrir de volta, nunca tinha visto-o vulnerável daquele jeito.
Observei a casa escura, sempre escura. Podia ver a luz do sol nascente por de trás da cortina. PH dormia em meu colo, feito criança, suas feições pareciam cansadas, e eu acabei dormindo junto com ele, ali mesmo naquele sofá.
Pov - Predella.
Desci do uber e peguei minha mala, olhei pra fachada do prédio contente, estava ansioso pra ver minha menina preferida. Entrei no elevador, pestanejando por subir tão devagar. Abri a porta do apertamento devagar, nao queria estragar a surpresa. Assim que abri, os dois filhotes vieram correndo ao meu encontro, já grandinhos. Mel não estava na sala. Talvez ainda estivesse dormindo. Fui até o quarto, esperando encontrar seu corpo nu adormecido naquela cama, mas ela não estava lá também.
Onde estaria ? Talvez tivesse saído pra resolver alguma coisa.
Resolvi esperar. Tomei um banho e arrumei uma surpresa pra ela no quarto. Tomei uma cerveja e acendi um baseado. Acabei dormindo, e quando acordei, ela ainda não havia chego.
Minha intuição dizia que algo ruim havia acontecido.
Eu liguei milhões de vezes, seu celular só dava desligado. Comecei a me desesperar, e tudo de ruim começou a passar pela minha cabeça.
Pov - Zezinho.
Pnote arrumou a cerreirinha em cima da mesa, e cheirou a primeira. Me ofereceu a outra, mas eu recusei. Precisava pensar. Reproduzi à noite toda, procurando algum deslize que demos. Nao encontrei nada.
Eu estava assustado, mas não podia demonstrar.
Perdemos muito dinheiro com esse armamento, um dinheiro que vai ser foda recuperar.
Eu precisava manter minha Gaza forte, já que estávamos sob ameaça do Maria Cecília.
Eu não sabia o que fazer, só queria pegar o desgraçado.
PH entra na sala pra entregar a cotação da boca, ele joga o malote de dinheiro, e confiro.
- Assim que eu gosto! Regado!
- Pois é patrão, aqui é responsa, a boca tá rendendo.
- Continua assim que te boto pra Soldado parceiro.
Ele sorriu e bateu na minha mão. Seu movimento exalou um cheiro familiar. Mesmo depois que saiu da sala, o cheiro continuou ali. Tentei me lembrar daquele cheiro. Não era muito difícil de esquecer. Melissa.
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Ao som do Rap
Roman pour Adolescents" Coisas inesperadas acontecem. Acredite. Caos nasce da perfeição e perfeiçao nasce do caos. Isso se aprende da pior maneira possível, porem a esperança deve permanecer eterna. Essa é uma história real, por incrível que pareça, o incrivel é real. "...