Capítulo 13

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Mary On'

Acordo com a enfermeira me chamando pra comer.

- Bom dia - Digo sonolenta.

- Bom dia, como você se sente? - Ela pergunta olhando em meus olhos.

- Bem, eu acho - Rolo meus olhos pelo quarto a procura de Luke - Que horas são?

- Agora são noves horas da manhã - Ela diz olhando em seu relógio de pulso. - Seu amigo deixou um livro para você.

- Eu não sabia que ele poderia ficar aqui - Digo olhando para livro sobre a poltrona onde ele estava.

- Geralmente não pode, mas o professor de educação física insistiu. - Ela disse sorrindo - Eu não participei da conversa mas aparentemente o senhor Cavaliery tem grande influência militar.

- Marshall? Digo - Pigarro - O professor Cavaliery? - Rio irônica.

- Você não ouviu o tom de autoridade - A enfermeira tomou um tom assombrado.

Marshall Cavaliery em um auto escalão militar?

- Como você se sente? - O médico perguntou colocando uma lanterna no meu olho e abrindo as minhas pálpebras.

- Melhor - Digo.

- A senhorita vai ficar uma semana em observação - Diz frio.

- Doutor - Chamo-o - O que eu tenho?

- Ainda não temos certeza - Suspira - Estamos trabalhando a hipótese de exaustão.

- "Estamos" é muita gente doutor - Digo olhando em seus olhos.

- A equipe médica - Ele diz neutro mas vi-lo suspirar ao virar de costas.

Comi o café da manhã e a enfermeira trouxe o livro de regras para que eu lesse.

Já era noite quando Luke chegou para me visitar.

- Você está horrível - Digo olhando seu olho inchado.

- Você não tem ideia de como tá o treino, o capitão fez um discurso imenso sobre não seguir o seu exemplo - Luke disse irritado.

- Luke - Chamo-o - Como o professor Cavaliery chamou você para ficar comigo?

- Ele me chamou de canto e disse que era pra eu não tirar meus olhos de você - Luke respondeu - O que há entre vocês?

- Nada! - Digo imediatamente - Não tem nada.

- Mas já aconteceu, certo? - Ele diz tocando na ferida - Você claramente o odeia!

- Mais ou menos, eu achava que sim - Digo - Eu tinha catorze anos, meus pais sempre foram muito ausentes na minha vida e por conta do trabalho nós nós mudamos muito, nessa última cidade nós fizemos laços. Resumindo a história, eu me apaixonei perdidamente por ele que na época fazia ensino médio e ele pareceu corresponder, em uma noite eu cedo aos desejos da adolescência com ele e na semana seguinte e o peguei com outra garota em uma festa que eu estava cantando.

- Você era cantora? - Luke perguntou assutado.

- Sim e não - Digo - Foi um evento beneficente e meus pais e os pais dele foram convidados. Eu tinha catorze anos e ele dezessete.

- Meio velho para você, não? - Luke pergunta indignado.

- Fiquei tão envolvida... - Sorrio triste - Depois disso eu sofri muito e decidir ser eu mesma, passei a pintar meu cabelo e a lutar pelos meus ideais.

- Esse cara é um idiota - Luke suspira - Faz sentido você ter ficado possessa quando o viu aqui.

- Eu não fiquei possessa - Reviro os olhos e sinto uma pontada fina na cabeça.

- Nunca te vi fazer tantas abdominais - Caçoa.

Olho para o grande vidro ao lado da poltrona de Luke.

- Quanto tempo mais eu vou ficar aqui? - Pergunto ao moreno.

- Na sua ficha diz uma semana, mas talvez seja menos... - Ou mais - Digo quase que imediatamente.

- Não pense por esse lado, Mary - Diz carinhoso - Você vai melhorar logo.

- Talvez eu não queria melhorar - Sussurro - Eu tô cansada disso aqui, dos castigos, do esforço desnecessário. Eu nem quero ser militar!

Os meus batimentos cardíacos começaram a subir e o ar faltar.

- Ei, ei, se acalme - Luke se levanta se aproximando, o ar não volta para os meus pulmões e então o moreno encosta minha cabeça em seu peito me fazendo carinho e eu começo a chorar - Tudo bem, pode chorar, soldados choram.

O cheiro neutro que vinha de suas roupas, assim como de todos os alunos, não me fez piorar... Luke levantou minha cabeça e passou o polegar áspero e calejado pelas minhas lágrimas, sorriu, seus olhos fechavam quando esse fenômeno da natureza acontecia.

- Obrigada - Sussurro tímida.

- Por ser seu amigo? - O moreno se afasta para que as enfermeiras me chegassem - O privilégio é todo meu.

Eu sorrio e olho para a grande janela onde Marshall está parado com uma feição neutra, seus olhos cruzam com os meus e meu coração começa a disparar, sinto uma dor de cabeça terrível e um calafrio percorrer pela minha pele.

- Mary, Mary - Luke chama buscando contato visual - Se acalma!

Eu olho de novo para janela e Marshall já não está mais lá.

- Ela vai dormir em alguns segundos - A enfermeira anuncia e em poucos momentos eu apago.

Acordo com a enfermeira me cutucando para tomar os remédios, ela me disse que eram quatro e quarenta da manhã, Luke dormia profundamente, então eu resolvi ler.

Havia umas regras muito absurdas como "É terminantemente proibida a manifestação ou amontoado de aluno por um fim ou causa, sujeito a punição a critério do diretor"

Casos de Uma AdolescenteOnde histórias criam vida. Descubra agora