Capítulo 19

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Mais dias se passaram e Luke veio almoçar mais algumas vezes, o que foi ótimo. Minha mãe já está andando, tomando banho sozinha e hoje é o dia de eu voltar para o inferno.

Josh me levou até o aeroporto e meu pai, pra variar, está trabalhando. Eu decidi não levar minha mãe pois ela ainda não está completamente saudável. Isadora passou todos os dias das férias numa colônia-de-férias e eu só falei com ela por telefone, rara as vezes.

— Tchau — Me despeço abraçando meu irmão bem forte, não me permitindo escapar nenhuma lágrima. Aquele que sempre esteve comigo nos melhores e piores momentos, estando doente, saudável, triste ou feliz, o que cuidou de mim e me ensinou a cuidar dele.

— Tchau — Josh disse correspondendo a força do abraço — Eu te amo, azulzinha.

— Mas eu sou loira — Argumento.

— Só responde o eu te amo — Josh revira os olhos — Que soldado mais difícil aceitar um apelido.

— Eu não sou um soldado — Tranco o maxilar e suspiro. Os olhos azuis e cansados de Josh sustentam meu olhos num misto de tristeza — Mas eu também te amo. — O semblante de Josh suaviza e o beijo carinhoso no meu rosto foi a deixa para que eu embarcasse.

Olhei ao redor e as pessoas me olhavam com estranheza pela farda numa pessoa jovem.

Sento no meu assento, e olho pela janela, aos poucos o avião vai enchendo; um pouco antes das portas fecharem um homem alto, muito alto, de camisa xadrez azul e calça azul jeans azul entra com sua mala também azul, o cara parecia um avatar. Quando ele se virou, seus olhos escuros fitaram o meu rosto de relance mas permaneceram por um segundo no homem meu lado, percebi uma contração no maxilar quadrado.

O sentimento de que eu conhecia aqueles olhos e o queixo quadrado me inundou. O avatar colocou sua mala no compartimento ao lado do meu e se sentou atrás de mim, na saída de emergência.

Eu repousei a cabeça para a esquerda e o avião decolou, calmo e silencioso o avião pairava sobre as nuvens brancas ao nascer do sol. Uma das visões mais linda que meus olhos contemplaram.

Sou despertada de meus pensamentos quando ouço um gemido baixo e sufocado de medo, olho ao meu redor não vejo nada de estranho, tem pessoas dormindo, pessoas lendo, porém nenhum único assento vazio.

Ignoro o que ouvi e volto a me sentar, porém, apreensiva. Alguns segundos se passam e a curiosidade misturada com o ansiedade me tomam. Saio do meu lugar e olho ao redor tentando me concentrar.

— Só posso estar ficando maluca — Sussurro para mim mesma, sinto os olhos do avatar em mim e ignoro indo para o banheiro.

Não é possível que eu já esteja ficando paranóica.

Bato na porta três vezes e encosto meu ouvido na porta de plástico, ouço um barulho contínuo de água, fico ali por mais alguns segundos e a água cessa, me afasto da porta esperando alguém sair e mesmo após alguns segundos nada acontece, encosto novamente o ouvido e o barulho da água torna a vir, meus olhos rolam pela porta até a maçaneta com a etiqueta vermelha "fechado".

Sigo pelo corredor indo até onde ficam as aeromoças.

— Com licença — Digo — Acho que minha irmã está presa no banheiro — Minto para a aeromoça.

— Sinto muito, mas a chave está com outra a comissária de bordo — A morena argumenta.

— Onde está a outra comissária de bordo? — Pergunto imaginando ser a pessoa "presa no banheiro"

— Ela... Bem, já volta — A comissária contorna a falta de informação e sorri.

Agradeço e volto à porta do banheiro e encosto o ouvido, mais corrente de água.

Casos de Uma AdolescenteOnde histórias criam vida. Descubra agora