Quando desperto já está escuro novamente, sinto uma dor fraca na cabeça e nas mãos. Me levanto e sigo para cozinha, aparentemente todos estão dormindo na casa.
Abro os armários e as panelas para ver se tem algo preparado e encontro apenas um pouco de pão e na panela: sopa. Parece estar delicioso. Aposto que é melhor do que a ração que servem no colégio.
— Já acordada? — Ouço a voz feminina atrás de mim.
— Pois é — Digo — É um luxo dormir mais do que cinco horas.
— Vamos partir de manhã para o colégio, esteja pronta às cinco — Santos diz somente e ouço seus passos se distanciarem.
Me sirvo de sopa e janto olhando para o nada, as lembranças do barbudo me vem à cabeça, como seus olhos eram vazios, totalmente fora de si; Arthur está do mesmo jeito... Ocasiões diferentes, pessoas diferentes, apenas uma coisa em comum: eu. Até que ponto pode ser coincidência?
Depois de comer eu rumo para escovar os dentes e deito mais uma vez. Os meus olhos traem meus pensamentos e se fecham me dando passagem para o mundo dos sonhos.
Os raios de luz entraram pela janela e eu acordei, desde que eu entrei no colégio meu sono têm sido muito leve.
— Já acordada, soldado? — Ouço a voz feminina ao adentrar o quarto.
— Sim, senhora — Digo terminando de vestir o coturno e fechando a mala de tecido.
Acompanho a Santos até o café da manhã.
— Vamos partir que horas? — Eu Pergunto.
— Às seis e meia — O oficial mais novo diz. Esse cara é estranho.
— Quem é você mesmo? — Eu pergunto.
— Eu sou o cientista forense — O garoto de barba rala empinou o nariz.
— Então você é o nerde? — Eu Pergunto — Pode me mostrar as filmagens?
— Não — Diz apressadamente — É confidencial.
— Para que você quer ver? — Santos Pergunta.
— Não sei ao certo — Admito — Talvez me reconfortar.
— Não se preocupe — Santos por a mão no meu ombro — Você vai ficar bem.
A bela morena sorriu e nós saímos da casa seguindo para o colégio, ainda faltavam um dia e meio para que o ônibus chegasse ao colégio.
— O Charlie disse que foi detectado um composto de metanfetamina com outras drogas não identificadas no sangue do indivíduo — O garoto disse olhando para o seu iPad.
— Procura por drogas que tiram a sensibilidade — Digo — Talvez um alteração de êxtase.
— Como uma mistura manipulada? — O garoto levou a mão ao queixo — Acho que pode dar certo.
Será que tem um novo cartel de drogas? Será que é coincidência?
— Que carreira você quer seguir? — Santos perguntou.
— Não sei — Admito — Nem sei se quero ser militar... Talvez eu entre pra cavalaria ou pra Rocam, nunca se sabe.
— Quando eu saí do colégio eu não me adaptei ao mundo real, sabe? Os sentidos aguçados, a guarda sempre alta. Não me restou outra alternativa a não ser a carreira policial. — Santos explica.
— E você se arrepende?
— Em nenhum momento sequer — Ela diz olhando para estrada — Mas eu sinto muito que garotas como você tenham que passar por isso.
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Casos de Uma Adolescente
ActionMary, uma garota de dezesseis anos decidida e mimada é culpada por algo que não fez. Sua fama de valentona e inconsequente não contribui para sua defesa, já que a mesma não tem um halibe. Ela não é do perfil que espanca pessoas, mas por outro lado...