Depois que a primeira semana passou, o doutor me deu uma semana de repouso no dormitório, e eu decidi explorar a escola. Fui conferir se escola proporciona suporte para o amparo e todas as regras, como por exemplo uma sala de costura, já que não pode haver rasgo nas fardas. Descobri que perto da secretaria tem uma sala de uniformes onde tem algumas máquinas de costura, de três em três meses umas funcionárias do exército usam aquela sala para mandar os tecidos para confecção, mas nesse meio tempo a sala fica vazia e sem supervisão e é onde eu tenho passado meus dias quando não estou lendo. É um lugar pequeno e calmo.
— Me desculpe — Digo ao trombar com a professora de matemática.
— Só não vá desmaiar — Disse ela rindo com maldade — Fracassada.
Coisas assim já viraram comum nesses dias que eu estou de repouso, os alunos e os professores fazem questão de jogar a minha exaustão na minha cara, principalmente a professora de matemática, ela não só me irrita como me obrigou a ler esse livro de regras! E é por isso que quando eu voltar, volto para deixar minha marca nessa escola. Cansei de tentar ser outra pessoa!
Volto ao meu projeto na sala de costura, demorei diversas horas até entender como funcionam as máquinas de costura; abro o livro de regras para saber especificamente o que posso ou não mexer e a partir daí eu começo a customizar minha farda.
Primeiro eu descosturo a calça e costuro deixando-a mais apertada, depois eu começo a desenhar um projeto para blusa. Então eu apanho uma outro calça e recorto as pernas fazendo uma camisa com o busto preto e as mangas camufladas. Depois eu pego a saia social e pego as medidas para fazer uma saia. Foi muito difícil e demorou várias tardes inteiras, muitas tentativas e erros até por fim conseguir customizar meu uniforme de acordo com as regras.
No outro dia eu volto para a estudar normalmente e eu estreio meu uniforme novo, logo na primeira aula "matemática".
Acordo cinco e meia com o celular tocado, coloco a saia camuflada, a blusa social e saio para o refeitório, com a minha boina combinado com a saia.
— O que você fez? — Luke pergunta abismado.
— Você é maluca! — Clary ri — Você está tão, tão encrencada.
— Eu li aquele maldito livro e eu estou dentro de todas as regras! — Digo convicta.
Todos foram para as suas salas e eu arranquei olhares por todos os lados.
A professora entrou na sala com um sorriso confiante pois sabia que hoje seria o meu retorno, mas uma veia surgiu em sua testa ao me ver.
— Mas o que é isso, Montenegro — Sua boca faltava espumar de raiva.
— Essa é a atividade que a senhora me passou sobre o livro de regras, senhora — Digo sentada.
— Levante-se! — Ela gritou — Venha até aqui a frente. Você — Disse apontando para um aluno — Chame o diretor para que eu possa aplicar o castigo.
Imediatamente o aluno saiu e em minutos o diretor chegou à sala.
— Senhor diretor olha a barbaridade que essa delinquente está vestido! — A professora de matemática argumenta — Eu tentei ajudá-la dando dicas de como se comportar mas ela só trás desgosto, posso lhe aplicar a punição devida?
— O que é isso, Montenegro — O diretor pergunta irritado.
— A excelentíssima professora me entregou o livro de regras da escola para me auxiliar e eu li e como forma de demonstrar minha gratidão e meu compromisso com a verdade, essa foi a atividade que eu preparei. — Argumento — Eu li com atenção e preparei este uniforme dentro de todas as regras. As regras sobre farda começam a partir da página cento e cinquenta, se me permite — Eu digo abrindo o livro — "A farda deve ser do tecido exigido pela escola e não pode haver nenhuma alteração desta ordem." Se o senhor quiser conferir eu não alterei o tecido de nenhum, todos são do próprio uniforme.
— Mas a saia não é assim, a boina também não! — A professora contra-argumenta.
— Na página 153: " No que se refere ao uniforme, o formato deve permanecer sendo padrão, tendo alteração de cor permissível ao responsável pelo próprio". Ou seja, eu, já que sou a dona.
— Mas todos sabem que ele está falando do diretor! Ele é o responsável pelas propriedades da escola! — A professora vocifera.
— A senhora está errada, a venda é terceirizada pela escola! Já que a escola manda fazer em outro lugar, então se eu comprei é meu! Eu sou a proprietária!. — Digo firme.
Tomada pela raiva a professora aperta meu pulso para bater com a régua.
— Mas eu estou dentro das regras — Digo olhando para o Diretor — Eu fiz atividade proposta, eu estou usando o uniforme adequado, por que eu vou ser punida? Isso é abuso de autoridade!
— Professora — O diretor toca em sua mão e ela me solta, deixando roxo o meu braço tamanha força — Vá se acalmar — Em instantes ela sai da sala e o diretor olha nos meus olhos — Não tente ser esperta, Montenegro, as regras não cobrem certas consequências.
Ele sai e de repente vejo Marshall de relance com um sorriso presunçoso na porta.
— Você é maluca! — Wendy, a colega que senta ao meu lado diz .
— Talvez um pouco — Eu digo — Ela machucou meu pulso! — Digo olhando para o roxo.
— Vai desmaiar, Montenegro? — Melissa perguntou.
— Talvez sim, daí eu posso ficar em repouso ao invés de adquirir olho roxo como o seu! — Pisco o olho.
O sinal indicando a segunda aula tocou e era Biologia, depois física e por fim o intervalo.
— Então você realmente provocou a professora de matemática? — Mark pergunta.
— Não — Eu digo — Conhecimento é poder! Eu só usei a inteligência.
— Por que você fez isso? — Elizabeth perguntou.
— Cansei de tentar ser quem eu não sou, se não posso pintar meu cabelo então eu expresso de outro jeito — Digo.
— Você está se sentindo sufocada — Elizabeth diz — Todos nos sentimos, nem por isso eu saio com uma saia camuflada para chamar atenção, o mundo não gira em torno de você.
Sinto aquelas palavras atravessarem meu coração.
— Eu não quero ser o centro de tudo! — Digo — Eu bem queria estar aqui.
— Mas está, já deveria estar acostumada vão fazer dois meses para mais — Diz.
Eu saio da mesa atordoada. Será que todos pensam assim? Talvez eu realmente devesse aceitar que eu estou aqui. Talvez esse uniforme seja o meu discurso.
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Casos de Uma Adolescente
AksiMary, uma garota de dezesseis anos decidida e mimada é culpada por algo que não fez. Sua fama de valentona e inconsequente não contribui para sua defesa, já que a mesma não tem um halibe. Ela não é do perfil que espanca pessoas, mas por outro lado...