Penumbra - Livro 1 - Trilogia do Assassino

Capítulo 4 - Sangue Felino

NATALIE MORGAN estava sentada à mesa junto a seus pais. O jantar que Katherine Morgan preparara era ao mesmo tempo gostoso e enjoativo. Lasanha. Porém, era o prato que Natalie mais gostava quando se sentia ridícula e mal-humorada. Estava no meio do segundo prato quando o aparelho celular em cima da mesa ao lado de seu prato vibrou, mostrando que recebera um novo e-mail, na conta da escola.

Afastou o prato por um momento e puxou o telefone para si. O nome na tela a assustou mais que tudo: April Miller, sua melhor amiga morta. Respirando fundo e vendo que seus pais a encaravam por cima dos pratos, clicou no e-mail. Tinha apenas um arquivo de vídeo. Natalie ficou sem palavras quando o vídeo começou e revelou April e Mason na maior pegação em frente à câmera de um computador, mas pela postura dos dois, ambos não percebiam que estavam sendo filmados.

Os dois pedaços de lasanha que comera pareciam querer voltar por onde entraram.

- Quem é, Natalie? - perguntou a mãe, percebendo que a filha olhava fixamente para o celular, a boca aberta em uma expressão de choque e confusão.

- Ninguém - respondeu Natalie voltando a prestar atenção na comida a sua frente. Não sentia mais vontade alguma de comer. Se ela recebera aquele vídeo enviado da conta particular de April, talvez todos da escola tivessem recebido. Natalie precisava ir até Zoey. - Era apenas Zoey. Acho que teremos uma noite das garotas na casa dela hoje. Posso ir?

- O pai dela estará lá? - perguntou Thomas Morgan em seu tom profissional.

- Claro, senhor delegado - disse ela com sarcasmo, ainda estava zangada com o pai por deixá-la de fora da investigação de assassinato. - Quer me escoltar até lá também? - perguntou ela, mas não esperou resposta.

Seguiu a passos largos pelas escadas. Entrou no quarto e pegou roupas limpas para a escola na manhã seguinte e os sapatos, guardou tudo dentro de uma mochila. Colocou o pijama dentro dela também.

Em minutos desceu novamente as escadas com pressa e deu um beijo no rosto da mãe. Não se despediu do pai. Pegou as chaves do carro em cima da mesa ao lado da porta de entrada, seu SUV estava parado no meio fio. Entrou e saiu da vaga onde estava, ligou os faróis e dirigiu em silêncio por um longo tempo. Milhares de mensagens vinham chegando em seu celular, até que Zoey finalmente ligou e parecia super a vontade. O quê era estranho.

Natty chegou a perguntar se ela estava bem mesmo. Zoey respondeu que estava maravilhosa e que não deixaria nada daquilo acabar com sua vida, mas que precisava das amigas. Natalie disse que já estava a caminho, então desligou o telefone.

Parou o carro apenas para poder comprar dois potes de sorvete de chocolate, o favorito de Zoey.

Chegou à casa dos Backers dez minutos depois da ligação de Zoey. Estacionou o carro no meio fio e saiu por o ar frio da noite, grudada na grade da varanda de entrada se encontrava a bicicleta roxa de Sarah. Caminhou pelo gramado, a mochila em seus ombros e a sacola com os potes de sorvete em uma das mãos chacoalhando com o vento, os cabelos ruivos açoitavam seu rosto. Bateu na porta e ouviu passos apressados do lado de dentro.

Zoey abriu a porta vestida com seu pijama rosa com estampa de coração. Os cabelos loiros estavam amarrados em cima da cabeça com um coque desarrumado - o quê ela nunca fazia, Zoey nunca usava o cabelo preso -, a franja loira ainda cobria metade de seu rosto. Exibia aquele seu sorriso malicioso característico e parecia que nada havia acontecido. Natalie conhecia Zoey a vida inteira e sabia quando a amiga escondia seus sentimentos e naquele momento, havia uma enorme barreira bloqueando seu coração.

Natalie puxou-a para um abraço. Zoey não recuou como Natty imaginou que faria, apenas aceitou o abraço e isso mostrava o quanto estava fragilizada. Lembrou-se de que não era apenas Zoey que entrara numa situação delicada. Drew também deveria ter visto o vídeo. Mas, não teve tempo de pensar nisso, pois Zoey a puxou para dentro e trancou a porta.