Capítulo 17 - Boa Filha, Amiga e Confidente

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ZOEY BACKER fechou os olhos por um momento, as lágrimas vinham facilmente e sua respiração parecia falhar a cada soluço. Abriu os olhos novamente e odiou o quê viu, várias pessoas da escola que mal conheciam Siennah, familiares distantes que nem ligavam para ela. Porém, a visão de Natalie e de seus outros amigos a fez se acalmar, estava fazendo aquilo por eles e por Siennah. Engoliu o choro, pois ela não gostaria disso e todos os amigos verdadeiros dela parecia ter se lembrado disso. Evitavam ao máximo as lágrimas.

- Siennah - começou Zoey - sempre foi a mais tímida, a mais alegre e extrovertida garota que já tive a chance de conhecer. Eu a amava como se fosse uma irmã, meus pêsames à família e... - Zoey engoliu em seco e não conseguiu conter as lágrimas de jorrarem em uma torrente desesperada. - Eu realmente sinto muito por não ter tido forças para entrar e salvar minha melhor amiga. Ou ao menos ter tido a ideia de ligar para uma ambulância a tempo... Siennah era muito especial para mim e ninguém tinha o direito de tirá-la de nós dessa maneira. E mais uma vez... Sinto muito sr e sra. Young.

Ao descer do púlpito Zoey sentiu as pernas tremerem e o corte em seu rosto, já fechado e cicatrizando bem parecia latejar. Zoey sentou ao lado de Mason e abaixou a cabeça chorando sem ruído. Tudo que ela queria era chorar em seu quarto, mas não podia, tinha que ficar até sua amiga ser enterrada. Prometera para si mesma.

Como não a ouvi gritar? Perguntou a si mesma, mesmo sabendo o motivo. O delegado Morgan tinha dado uma entrevista para a imprensa dizendo que de início só podia dizer que Siennah tinha sido esfaqueada cinco vezes na área do abdômen e que tinha sido sufocada. Zoey sentia-se culpada, por quê tinha de deixá-la ir embora?

- Mais alguém tem algo a dizer sobre Siennah Young? - perguntou o padre Joshua Marzano, fazendo uma pausa. Como ninguém mais disse nada, nem se dirigiu ao púlpito, disse. - Vamos todos fazer uma oração para que a alma dessa jovem caminhe livre pelos prados de nosso Senhor.

Quando finalmente tudo terminou e a última pá de terra foi jogada sob o montinho, Zoey deixou um copo-de-leite encostado à lápide de Siennah. Nela dizia:

Siennah Young

Boa filha, amiga

e confidente

1996 à 2014

Zoey sorriu, Siennah sabia todos os seus segredos mais sombrios. Menos, aquele. Não se sentira à vontade para contar para ela. Siennah era confiável, mas aquele segredo ficara guardado a tanto tempo que virara uma coisa normal não mencioná-lo. Tentara várias e várias vezes e nunca conseguira.

Afastou-se a passos largos e colocou uma flor nas lápides de April e Danielle - podia não gostar dela, mas aquilo era uma gentileza do momento. Estava frágil e por isso aceitou o braço que Mason lhe oferecia.

Começou a chover no exato momento em que colocavam os pés para fora do cemitério. Zoey mal se importou. Entrou no carro de Mason, ensopada. Acenou, desanimada, para o resto dos amigos e se deixou que o namorado a levasse para casa, o lugar onde ela menos gostaria de estar naquele momento.

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3 SEMANAS DEPOIS

NATALIE MORGAN mostrou a pesquisa que fizera para os outros. Estavam todos sentados no pátio da escola, em um círculo perfeito ao lado de um carvalho antigo e meio podre, as folhas fazendo sombras e o sol brilhando por entre elas. Natty tinha pesquisado muito sobre o tal acidente que matara os Seis Assassinos de Broken Arrow. Também tinha pegado alguns casos antigos na delegacia envolvendo os assassinos, tirou algumas cópias e os espalhou por todo o círculo.

- Meu pai guarda algumas cópias dos casos na sala dele na delegacias. Sei que quando ele começou como policial quis saber tudo que podia sobre os casos, minha mãe me contou que ele ficou obcecado - disse Natalie, apontando para a primeira notícia sobre uma morte suspeita.

Drew pegou a folha e leu em voz alta. - "Elinor Richards de 17 anos foi encontrada morta na piscina da casa de seus pais no dia 24 de agosto de 1981. Os vizinhos dizem ter ouvido gritos na casa ao lado e por isso logo chamaram a polícia. De acordo com o laudo da perícia de Broken Arrow, a vítima morreu com cerca de três cortes profundos nas costas causados por um facão de quase 47cm..." - Drew leu mais um pouco em silêncio e passou a folha para James ao seu lado e fechou os olhos.

- Dizem também que Elinor não parecia ter sido atacada por mais de uma pessoa. Não tinha sinais de luta, então deveria ter sido pega de surpresa. Não encontraram nenhum traço de DNA do assassino no corpo mutilado dela - disse James, voltando a passar a folha para uma outra pessoa.

- Pessoal - chamou Sarah do outro lado do círculo. Natalie e os outros olharam para ela atraídos por seu tom de voz autoritário. - Nada disso vai adiantar. Não vamos descobrir quem é o desgraçado a menos que ele queira que saibamos ou que o grã-finale se aproxime. Os assassinos verdadeiros estão mortos, como diz esse jornalista de Tulsa aqui - disse ela apontando para uma folha solta que pegara. - Não sabemos nada sobre isso... Sei lá, talvez algum desses assassinos tenha tido uma família e agora eles estão atrás de vingança, continuando o trabalho dos assassinos.

Natalie pensou nas palavras de Sarah durante todo o restante das aulas. Foi para a casa de Zoey e por lá ficaram assistindo filmes que sabiam que Siennah considerava seus favoritos.

Penumbra - Livro 1 - Trilogia do AssassinoOnde histórias criam vida. Descubra agora