Capítulo 44 - Jackson Park

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- ELES JÁ estão desconfiados - disse Drew, apontando os policiais com um maneio de cabeça. Eles prestavam uma atenção especial a eles. Sabiam que tinham algo errado e que não tinham a intenção de contar. - Precisamos passar despercebidos.

- E se os distraíssemos de algum jeito? - perguntou Sarah, os olhos brilhando com uma ideia repentina.

- Sim, mas como? - disse Kyle.

- Com uma briga - respondeu ela, revirando os olhos. Era tão óbvio. - Kyle e James vão começar uma briga entre si, isso vai atrair a atenção para eles, dando tempo para nós três sairmos do prédio - Sarah não esperou por nenhuma resposta dos amigos. - Se misturem vocês dois, quando eu der o sinal, vocês começam a brigar - e se afastou, arrastando Drew e Natalie com eles.

Assim que estavam longe o suficiente, no meio da multidão. Sarah fez o sinal de ok com a mão e ao longe os sons inconfundíveis de uma briga se fez ouvir, atraindo tanto a atenção de alunos quanto de policiais. Os três que cuidavam da porta de entrada correram para apartar a briga, o quê deu o tempo mais do que suficiente para que os três saíssem correndo por ela.

Drew soltou uma gargalhada insana e juntos correram para fora da escola. Viram que o carro de Zoey ainda estava ali. Tinham sido sequestrados mesmo! Drew correu para o próprio carro, seguido de perto por uma Chapeuzinho Vermelho irada e uma Bruxa Cega não tão cega - Sarah tinha tirado as lentes.

O SUV saiu cantando pneu, deixando uma marca preta no asfalto. Drew não pensou, apenas dirigiu seguindo seus instintos mais primitivos. Passou em faróis vermelhos e não deu a mínima para a faixa de pedestres, buzinando quando algum andarilho entrava na frente do carro. Quando foi obrigado a parar o carro, já estavam em Jackson Park, quase nos limites da cidade.

Desligou o motor e saiu do carro, uma chuva fina e gelada tinha começado a pouco. O céu estava negro, com apenas uma nesga de luz da lua passando por entre as nuvens, porém o lugar era bem iluminado.

Drew ouviu um click vindo de trás e viu que Natalie tinha acabado de tirar uma pistola automática de sua bota de caminhada e que conferia se tinha balas e se estava destravada. Sarah tinha nas mãos duas facas que mais se pareciam com espadas. Enquanto ele só tinha uma faca de cozinha e um canivete.

- Pegou a arma do seu pai? - perguntou Drew a Natalie, surpreso e assustado ao mesmo tempo.

- Isso termina hoje - ela respondeu de modo muito sinistro.

Sarah sorriu para a amiga. Drew ficou parado no lugar, sem saber o que dizer ou fazer. Não sabia onde os outros podiam estar. A polícia podia estar a caminho a qualquer momento.

- Vamos acabar com isso de uma vez, então. Não se separem - disse ele.

Enfim, entraram em Jackson Park. Drew salvaria os amigos, nem que tivesse de se sacrificar para isso. Tinha perdido muito para que deixasse essa chance lhe escapar. Drew não deixaria que nada de ruim acontecesse a eles.

Tinham andado cerca de dez minutos quando, enfim, avistaram uma pequena capela de madeira em tons de branco e marrom. A luz amarelada do poste mais próximo iluminou aquilo que procuravam. Drew sabia que o assassino estava escondido em algum lugar e que tinham que parecer inofensivos. Pediu a Natty que colocasse a arma em um lugar de fácil acesso. Pediu o mesmo a Sarah e guardou sua própria faca, ficando apenas com o canivete na bota. Mas, quando deram um passo a frente o celular de Drew vibrou.

Pegou o aparelho e abriu a mensagem sem pensar: mande Natalie e Sarah arremessarem as facas e arma para trás. Tire sua faca do cinto e faça o mesmo, ou mato aqueles três agora mesmo!

Drew não discutiu, mostrou a mensagem para as duas amigas e fez o que foi mandado. Atirou a faca para longe, com uma expressão de horror Natalie e Sarah fizeram o mesmo. Os três deram um passo a frente.

Os três amigos amarrados começaram a pular e berrar sons que eles não compreendiam graças à fita adesiva em suas bocas. Drew correu, seguido de perto por Sarah e Natalie. Entraram na pequena capela com ramos de videira crescendo em suas pilastras e nas duas entradas.

Liv tinha os olhos arregalados, o vestido estava rasgado em algumas partes e completamente sujo, tinha um corte no ombro que sangrava muito. Ela balançava a cabeça em negativa. Drew a alcançou, enquanto Natty e Sarah alcançavam os outros dois. Tirou a fita da boca de Olívia.

- Está tudo bem! - disse Drew, erguendo o rosto dela para olhar melhor contra a luz. - Vamos tirar vocês daqui!

- Você não devia ter vindo! Existem dois deles! - gritou ela em resposta. De repente, os olhos dela se desviaram dos dele, indo em diretamente para fora da capela. Exatamente por onde eles tinham acabado de entrar. - Ele está aqui!

Drew não desviou o olhar do rosto de Liv, afrouxou um pouco mais as cordas que prendiam suas mãos e sussurrou. - A corda está mais frouxa. Quando conseguir se soltar, faça o mesmo com os outros e corra. Natty e Sarah não tiveram tempo suficiente para desamarrá-los por completo.

Então, Drew se levantou de onde estava ajoelhado e se virou na direção do assassino. O ser que lhes trouxera tanto sofrimento. Ele estava do mesmo jeito que Drew se lembrava. Vestia sobretudo preto, luvas de couro pretas, uma máscara de palhaço pavorosa e sorridente que fazia os pelos da nuca de Drew se arrepiarem. O facão estava erguido, pronto para estripar e provavelmente sedento de sangue.

- Estamos aqui! - Drew disse dando um passo para o lado, afim de tapar a visão do assassino de Liv. - Não chegou a hora do Grande Final? Mostre o rosto, maldito!

O assassino inclinou a cabeça para um lado, levou uma a mão que não segurava a faca ao capuz. Tirou-o e em seguida abriu os fechos que prendiam a máscara. Ergueu-a, retirou do rosto e enfim, revelou quem se escondia ali.

Drew não conseguiu entender, piscou os olhos muitas vezes e tudo o que via era aquela pessoa. Via aquela pessoa correndo atrás de April pela casa, via aquela pessoa cortando a garganta dela de orelha à orelha; via aquela pessoa invadindo a escola e matando Danielle Fields e Vanessa Shiver à sangue frio; via aquela pessoa decepando e enviando a cabeça de Charlotte Lee pelos correios; via Siennah morrer de novo com facadas na barriga; via Sean morrendo na frente dos amigos; via o corpo pendurado de Pamela, balançando com o vento.

Lembrou-se do ataque que sofrera no vestiário da escola, o atropelamento de Kyle que quase lhe custou a vida, o sequestro de Mason, sua quase morte naquela Mansão Assombrada. E agora via aquela pessoa parada ali na frente com um sorriso sádico no rosto.

- Suurpreesaaaa - cantarolou aquele que lhe tirara tudo. Ou melhor, aquela.

Penumbra - Livro 1 - Trilogia do AssassinoOnde histórias criam vida. Descubra agora