Capítulo 26 - Abra a Caixa

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DREW SECOU as mãos em um pano e pegou o celular no bolso de trás da calça jeans. Ligou para Sarah.

- Sarah, preciso de um favor. Você poderia invadir o computador e celular de Charlotte Lee? - perguntou Drew, atraindo todos os olhares questionadores na mesa.

- Posso, sim. Mas, não vai ser fácil. Invadir dispositivos móveis sem um Malware é muito mais difícil, mas vou tentar. Por quê quer que eu faça isso? - perguntou Sarah em tom muito sério. Drew a ouviu se sentar e em seguida vieram os sons do teclado.

- Cheguei a uma conclusão precipitada e estou torcendo para não estar certo. Acho que o assassino também está mandando mensagens para ela e que foi obrigada a se afastar de Savannah, para não pedir ajuda. Se eu estiver certo, ela é a próxima - disse Drew, olhando de esguelha para Savannah, que tinha levantado da cadeira e estava agora andando de um lado ao outro da cozinha.

- Acha mesmo que isso pode ser verdade? - perguntou Sean, olhando para Drew, os olhos arregalados.

- Espero muito que não.

- Ah, meu Deus, Drew - disse Sarah em seu ouvido. - Você está certo. Charlotte foi ameaçada para se afastar de Savannah. Ela está sendo ameaçada, mas ele vai matá-la se pedir ajuda a alguém.

Uma batida na porta da frente o fez se sobressaltar com o susto. Fez um gesto com as mãos para que os outros ficassem na cozinha. Devia ser apenas Gina ou Alan, já que ambos estavam lá fora.

- Ficamos tão preocupados conosco que esquecemos que não somos os únicos filhos de sobreviventes na cidade. Isso é literalmente uma grande merda - estressou-se Drew, olhando pelo olho mágico da porta e encarando o carteiro com um pacote, onde se lia o nome de sua mãe. Deviam ser as revistas de culinária que estavam para chegar.

Drew abriu a porta. Assinou o recibo e pegou a caixa. Estava pesada, mas Drew não deu a mínima. Estava ocupado demais para se quer se importar com aquilo. Colocou a caixa em cima da mesinha na entrada onde tinha as chaves do seu carro e o telefone fixo.

- Sarah, você pode passar essas informações para os outros que não estão aqui em casa? - perguntou Drew, seguindo para a cozinha onde os outros ainda esperavam.

- Claro. Vejo vocês no treino mais tarde - disse a garota e desligou o telefone.

Drew contou tudo aos amigos, priorizando o fato de que precisavam contatar Charlotte. Pediu para que Savannah lhe informasse o número e ligou. O celular tocou umas três vezes, antes que alguém atendesse.

- Olá, Drew - disse a voz com chiados e grave do assassino. Drew sentiu suas pernas ficarem bambas. Tremendo, Drew colocou o celular no viva-voz, para que todos na cozinha pudessem ouvir.

- O quê fez com ela, seu bastardo? E o quê diabos você tem contra mulheres? - perguntou Drew mal conseguindo conter a raiva que sentia subir por sua garganta.

- Abra a caixa - disse a voz, ignorando por completo a outra pergunta.

- Que caixa? - perguntou Drew se fazendo de idiota. Apontou para Kyle e em seguida para a entrada da casa. Kyle saiu logo em seguida.

- A caixa que você acabou de receber - respondeu o assassino no momento em que Kyle entrava com a caixa nos braços. Colocou-a em cima da mesa.

Respirando com dificuldade, Drew tirou uma das facas do faqueiro no balcão e se aproximou da mesa novamente. Zoey e Liv tinham se afastado um pouco e franziam o nariz para um cheiro metálico e doce que saia da caixa. Cortou a fita adesiva que prendia as abas. E em seguida abriu.

Seu estômago se revirou, o sanduíche comido a pouco querendo voltar para dar um "olá". Drew cobriu a boca com a mão e um grito muito agudo saiu da garganta de Savannah. Drew ouviu a risada do Palhaço do outro lado da linha, parecia tão deliciado quanto poderia.

- Você devia ter visto o rosto dela quando eu disse que a mataria naquele momento. Eu não pretendia, mas ela me forçou, falei para ela não pedir ajuda a ninguém e foi burra o bastante para pedir para você - rio o desgraçado, deixando Drew ainda mais revoltado e enojado.

Então, se lembrou do momento em que Charlotte falara com ele na aula de Arte. Lembrou-se da imagem que ela estava pintando, um pequeno retrato dela mesma com uma faca enterrada no peito e as palavras "me ajude" escritas embaixo, muito pequenas para qualquer outra pessoa - a não ser ele - conseguir ler. Ela lhe pedira ajuda, mas, ele não tinha sido capaz de perceber. Não até receber a cabeça de Charlotte embalada em uma caixa. Viu também que as revistas de culinária da mãe forravam o papelão, sangue vermelho e já coagulando escorria da cabeça onde devia estar o pescoço.

- Seu desgraçado, filho da puta! Por quê não vem atrás de mim de uma vez por todas e acaba com isso?! - gritou Drew, assustando aos demais. Savannah estava encolhida de encontra ao peito de Sean.

- Pobre Drew. Ainda temos algumas mortes antes do gran-finale. Seja paciente, logo menos será a sua cabeça embrulhada para presente! - e dito isso desligou o celular.

Então, Drew correu para fora de casa e parou praticamente derrapando na calçada em frente ao carro patrulha da policia. Gina e Alan correram para dentro da casa e afastaram os adolescentes da caixa sangrenta. Pediram reforços e pediram para que todos subissem para o segundo andar até a perícia chegar ao local.

Drew caminhava como um morto-vivo. Tinha os braços em torno de Liv para tentar consolá-la. Mas, ele mesmo não estava se sentindo muito legal. Tinha acabado de ver uma cabeça decepada, afinal. No fim das contas, ficaram todos no quarto dele. Zoey tentava ser forte, mas vez ou outra uma lágrima escorria de seus olhos. Os demais ainda pareciam em choque. Drew ligou para Natalie, James, Sarah e Mason e contou tudo o quê tinha acontecido com detalhes. E por fim, Drew ligou para os pais.

Penumbra - Livro 1 - Trilogia do AssassinoOnde histórias criam vida. Descubra agora