1: Até o fim

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Londres à dois séculos atrás...





         Ela estava dormindo quando uma mão fria a puxou pelo tornozelo da cama e a jogou no chão, ela despertou assustada, uma risadinha masculina ecoou no quarto...
-Quem está aí?. Perguntou ela, sabia que o marido se ausentava durante a noite pelos motivos mais necessários, no entanto quisera ela que ele estivesse ali... levantando-se do chão esbarrando em uma cômoda e tateando desesperadamente os móveis, as paredes até achar a porta ela só queria sair dali, estava com medo, sozinha na escuridão, sabia o que estava acontecendo, só agora se dando conta do perigo ela lamentou o fato de não ter contado ao marido sobre a perseguição doentia de um homem...
-Carlisle. Chamou ela em vão mas ela não sentia a presença dele lá. A lua cheia brilhava prateada naquela noite, iluminando com sua luz pálida os corredores, ela parou na soleira da porta para ouvir com mais clareza os sons ao seu redor... as corujas cantavam distantes, as janelas batiam e sons de passos viam calmamente em sua direção... ela sabia que ele queria que ela soubesse o que estava acontecendo, era um jogo para ele, um jogo vil e perigoso incitado pela rejeição dela... ela amava o marido mas ele nunca aceitou.
        Ela tateava apavorada as paredes do corredor e as portas ela não podia ver, era cega, somente suas mãos a guiavam... e o perfume das rosas espalhadas pelos vasos, ela estava sozinha, as risadas a seguiam...
-Pare! Por favor!. Implorou e pela primeira vez ela teve medo da escuridão.
-Por que está fazendo isso?. Perguntou ela tropeçando em uma mesinha e caindo no chão e as risadas continuaram agora vindo por todos os lados, estava por toda parte... o pânico a tomou, ela se levantou erguendo as mãos a sua frente procurando a parede até acha-la e mais alguns passos depois ela achou uma porta e a abriu sentindo um vento frio jogar seus longos cabelos negros volumosos para trás, descalça ela sentiu a grama debaixo de seus pés e percebeu que estava no Jardim... a voz risonha estava atrás dela ela se assustou e começou a correr até tropeçar em um arbusto de espinhos e cair no chão com um grito de dor suas pernas sangravam e ela ainda podia sentir alguns espinhos presos em sua pele... a voz riu diabolicamente... e ela começou a chorar... pensando nele...
-Carlisle. Chamou ela, sentindo falta daquela voz calma e daquele abraço frio que ela tanto queria... ele nunca a deixava sozinha mas naquela noite ele não estava lá...
-Queria muito que me amasse Helena. Disse ele... de repente ela ouviu um rosnado grave e sentiu uma dor medonha em seu pescoço... uma mordida... que a fez se contorcer de dor, e dedos frios a seguraram...
-Não, por favor, não... não... não. Implorou ela, ela conseguia sentir os dentes atravessando sua carne...ela sentiu suas forças se esvaindo com aquela mordida... sugando seu sangue... ela estava com medo e a escuridão de seus olhos só a fizeram sentir mais medo ainda... ela parou de se debater... e segurando o pingente de rubi em formato de coração do colar que Carlisle lhe dera de presente, ela só conseguiu pensar unicamente nele... na voz dele, naquele som melodioso que ela amava tanto que muitas vezes a consolou e a conduziu na escuridão quando ela pensava que nada mais fazia sentido... ele estava lá... e foi na voz doce e calma dele que inúmeras vezes murmurou em seu ouvido que a amava que ela se concentrou, e em seu bebezinho que ela deixara no quarto em um berço ao lado da cama... até o fim...

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