11: Nada seria como era antes

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        De manhã eu escolhi um vestido branco longo de babados com um tecido leve e uma faixa preta que fazia um laço atrás, alças finas e um all star preto... desci para tomar café com Branca, meu tio tinha saído logo de manhã bem cedo de helicóptero para a capital, depois do café, já na biblioteca aguardei a Sra. Jones, Branca estava comigo na biblioteca fazendo-me companhia.
-Como é Los Angeles?. Perguntou branca enquanto nos sentavamos frente a frente, em uma mesa grande e redonda com doze cadeiras.
-Bom lá faz mais sol do que aqui. Disse, olhando o céu acinzentado pelas janelas, ela riu.
-Creio que sim... o que você mais gostava de fazer lá?. Perguntou ela, enquanto eu abria um livro de gramática.
-Muitas coisas... tipo praia, cinema, shoppings... coisas normais... leitura, música. Disse dando de ombros.
-Que tema você mais gosta de ler? E que tipo de filmes e músicas prefere? Você tem namorado? Qual é o nome dele? Ele é bonito? O que vocês mais gostam de fazer juntos? Quantos anos ele tem? Estão namorando sério? Ele vai vir te visitar? Quando? Que cor você mais gosta? Tem amigos? Quantos? Eles são legais? Vocês saem muito? Você já se apaixonou por alguém antes? Como foi?. Disparou ela, em meio segundo debruçando-se sobre a mesa esperando as respostas em expectativa... eu me encostei na cadeira atordoada e surpresa.
-Bom eu gosto de aventuras e um pouco de romance em livros... já os filmes eu adoro filmes de terror, música... tudo o que for agradável aos meus ouvidos... cor eu não tenho uma preferência específica, eu não tenho muitos amigos... talvez um ou dois, mas eram mais colegas de classe apenas... e eu nunca me apaixonei.
-Sério porque não tem muitos amigos?. Perguntou ela, enquanto eu olhava o céu pelas janelas.
-Acho que eu não me relaciono bem com a maioria das  pessoas... e você? Muitos amigos suponho.
-Ahh... não eu não tenho amigos depois que meus pais morreram passei praticamente toda a minha vida nesta mansão. Respondeu, em um tom fraco que fez olha-la, ela era daquele tipo de garota que não combinava com uma expressão triste e vazia.
-Entendo... desculpe... Que tipo de música gosta?. Mudei de assunto ela sorriu.
-Hmmm... acharia estranho se eu disse se música clássica? Meio vovó, não é?. Perguntou ela e rimos.
-Não... as vezes eu até prefiro um som mais suave.
-Vovó adora os clássicos e eu também. Disse ela, era de se esperar que o gosto dela se molda-se ao da avó afinal foi ela quem a criou.
-E eu amo romances do tipo antigo... vovó também adora. Disse ela suspirando com uma expressão sonhadora.
-Nunca se apaixonou mesmo?. Perguntou ela, e então a olhei.
-E você já se apaixonou?. Perguntei, ela ficou vermelha olhou para mim como se eu tivesse descoberto seu segredo...
-Bom dia meninas! Desculpem o atraso mas já estou aqui. Disse uma voz, nos viramos ao mesmo tempo e uma senhora com cara de bibliotecária entrou na sala com seu cabelo ruivo preso em uma trança/coque.
-Olá senhorita Lindenberg é um prazer conhecê-la meu nome é Maryan Jones, e fico muitíssimo feliz que tenha se juntado a nós para desenvolvermos novos conhecimentos  branca. Disse a Sra. Jones, olhei para Branca que ainda estava vermelha.
-Senhorita Austen está se sentindo bem?. Perguntou a Sra. Jones.
-Sim senhora eu estou bem. Disse Branca, ela se levantou e saiu, olhei a Sra. Jones, ela sorria de modo simpático.
-Tudo bem... então vamos começar a aula. Disse ela colocando seus cadernos e suas pastas de couro em cima de uma mesa individual no canto da biblioteca, depois se virou para mim me perguntou o que eu estava estudando antes, eu contei a ela como fora o ano letivo, ela me passou o calendario de estudos da semana, olhei as aulas, 5 aulas de manhã e duas a tarde, a ouvi começar ministrar biologia, e não foi tão difícil quanto pensei que seria me concentrar enquanto ela explicava, e foi assim durante a manhã toda e depois do almoço também, parte da tarde... as três horas da tarde a aula finalmente terminou.
          Em alguma altura daquele dia notei a diferença, era como se a vida estivesse seguindo em frente, não era um novo começo para mim, não era recomeçar a vida outra vez, até porque para se recomeçar eu tinha que deixar o passado para trás, mas eu podia aceitar àquela rotina, me entreter com os estudos era umas forma de me distanciar da realidade... mas ainda assim era doloroso perceber a diferença... que eu não chegaria da escola e não encontraria mamãe ou Giovanna ou meu pai, queria estar em casa, queria que tudo fosse como era antes, queria minha vida de volta mas eu sabia que nada seria como era antes... não era um novo começo, eu não estava seguindo em frente mas entendi que a vida continuava de alguma forma.

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