13: Fria

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Acordei de madrugada por um pesadelo eram três horas da manhã, me sentei na cama tentei acender o abajur mas ele não acendeu... eu estava com sede... procurei meu celular na cama e o encontrei debaixo do travesseiro liguei a tela iluminei o criado mudo, peguei o copo mas ele estava vazio.
-Que otimo. Susurrei no escuro me levantei da cama, iluminando o quarto com meu celular e fui até o interruptor a luz acendeu por um instante piscou duas vezes depois se apagou
-Só pode ser brincadeira. Disse irritada caminhei desanimadamente até as janelas do outro lado do quarto e abri as cortinas... e ali estava a lua cheia iluminando o céu estrelado, abri a porta de acesso a sacada e sai para admirar aquele céu... e aqueles lindos olhos azuis surgiram em minha mente... desejei que eu pudesse vê-lo de novo, o estranho no bosque, eu queria vê-lo, não entendia porque eu me sentia assim, porque queria ver o estranho de novo... de alguma forma eu sentia que o conhecia, não sabia como, ou de que lugar o conhecia mas eu passei boa parte da noite pensando nele.
Estava frio naquela noite então voltei para o quarto sem precisar usar o celular para ilumina-lo, passei pelo espelho a meu lado e fui até a cômoda peguei um casaco de lā e quando me virei passando pelo espelho novamente tinha alguém lá, mas não foi meu reflexo que eu vi, era uma garota um pouco mais velha do que eu extremamente branca como um fantasma de vestido branco de cabelos lisos compridos e negros, olhos escuros e profundos, e lábios rubros como sangue um rosto arredondado e juvenil... a dama de branco... meu coração começou a bater mais rápido quando olhei para o outro lado do quarto em frente ao espelho... e não havia ninguém atrás de mim, somente o criado mudo e a porta fechada que dava para banheiro... olhei para espelho novamente e ela estava lá contrariando minha razão, olhei para o outro lado do quarto mas ela não estava lá!!! Um calafrio percorreu todo o meu corpo como se tivesse levado um choque... eu não queria olhar para o espelho o espelho de novo... mas olhei e ela sorriu para mim! Aquilo foi o suficiente para acabar de vez com os meus nervos e então desmaiei. Aos poucos recobrei minha consciência e ri de nervosismo quando me lembrei do sonho que tive... fantasmas, bobagem.
-O que estou fazendo no chão?. Perguntei incoerente.
-É porque desmaiou. Disse uma voz doce e feminina
-O que? Quem disse isso?. Perguntei olhando ao redor do quarto.
-No espelho. Disse a voz, e eu me lembrei de que tinha visto... no... espelho... eu estava de costas para ele.
-Eu não quero me virar.
-Não tenha medo... sei que deve ser bem assustador mas não se preocupe Helena não vou lhe fazer mal afinal eu estou dentro de um espelho não é mesmo?. Perguntou a voz, e relutantemente eu me virei para o espelho.
-Você não é real... isso é um sonho, tem de ser. Disse negando o que via com meus próprios olhos.
-Não é um sonho Helena... a propósito posso chamá-la de Lena? Não sei porque mas gosto do seu nome.
-Como sabe meu nome?. Perguntei engatinhando no chão até o espelho, ela estava sentada de pernas cruzadas, também fiz o mesmo.
-Digamos que eu já a observava... eu só estava esperando o momento certo para me apresentar... meu nome é Annabelly.
-Momento certo? Você escolheu o momento perfeito para destruir minha sanidade. Disse, ela riu, um riso descontraído e sobrenatural que fez meus pelos se arrepiarem.
-Perdoe me se fui inconveniente... não foi minha intenção assusta-la Lena. Disse ela, eu suspirei e dei de ombros... estou ficando louca, tive o colapso nervoso e agora estava vendo coisas.
-Vamos começar de novo está bem?.
-Pois bem. Concordei, ela sorriu.
-Ola meu nome é Annabelly e é um prazer conhecê-la, estou feliz que não tenha saído correndo daqui... ainda é difícil para mim lidar com o fato de que sou um fantasma e as pessoas tem medo de mim.
-Bom... oi, meu nome é Helena, tenho dezessete anos... perdi minha mãe e minha irmã por causa do meu "quase cunhado" aquele monstro, canalha, imbecil, sádico, insano, covarde e etc... as violentou e as matou, meu pai é um zumbi ambulante obcecado pela sede de vingança que me mandou para casa do meu tio que eu só vi uma vez na vida na infância! Tudo para que eu não o visse se desintegrar e apodrecer aos poucos com seu ódio... ah e para me proteger do meu "quase cunhado" que jurou que iria me encontrar e provavelmente terei o mesmo destino que Giovanna e minha mãe tiveram mas não estou preocupada e para completar ontem eu conheci o cara mais lindo do planeta! Com perturbadores olhos azuis que não me saem da cabeça... e que só por um momento ele me fez esquecer de tudo...
-Uauuu... prazer meu nome é Annabelly. Disse ela perplexa com meu discurso de sessenta segundos, sorri tristemente para a dama de branco.
-Posso perguntar uma coisa?.
-Sim, o que quiser. Disse ela gentilmente
-Você sabe como foi parar dentro desse espelho?
-Sim... só não saberei lhe dizer porque motivos. Disse ela colocando suas mãos no espelho e tentando empurra-lo... mas nada aconteceu.
-A quanto tempo... você está presa aí?. Perguntei colocando minhas mãos em cima das delas no espelho na esperança de que pudesse senti-la... mas... só consegui sentir o espelho, ela sorriu e me olhou bem fundo nos olhos... enquanto abaixava as mãos.
-Hmmm. Murmurou Annabelly... olhar em seus olhos escuros era quase como se perder em um vazio de uma escuridão sem luz... senti compaixão por ela imaginando como seria minha vida "presa" ali.
-Mas você não consegue sair nem uma vezinha?
-Depende.
-Depende do que?
-Eu posso sair mas temporariamente... em noites como essa de lua cheia. Disse ela, franzi a testa confusa.
-Sério? Mas porque só em noites de lua cheia?... isso está ficando cada vez mais sinistro.
-Tudo bem... vou tentar lhe explicar em tese é como se eu pudesse sentir o espelho... quando você o tocou a pouco eu senti você me tocar... eu sempre sinto quando alguém toca o espelho principalmente quando o estão limpando o que é bem desagradável por causa daquele produto que vocês usam para limpa-lo... desculpe estou fugindo do assunto principal... em noites como esta eu meio que sinto ele ficar fino como uma película, só então posso atravessa-lo.
-Mas como eu nunca a vi antes?. Perguntei mais confusa ainda pois eu a teria notado antes.
-Você não me ver não significa que eu não esteja aqui, você só pode ver se eu quiser que veja. Disse ela, assenti compreendendo.
-Então porque não sai agora?. Perguntei me levantando, ela também se levantou, puxou a saia do vestido longo que usava até o joelho e lentamente ela saiu do espelho colocando primeiro um pé depois o outro até sair completamente e quando ela saiu a temperatura do quarto caiu a tal ponto que dava para ver o ar que saía do meu nariz visivelmente como se estivesse ao ar livre em um dia gélido de neve, até névoa no chão do meu quarto tinha... me aproximei de Annabelly, ergui o dedo indicador para toca-la ainda hesitante, ela riu.
-Eu não mordo Lena. Disse ela, cheguei mais perto e toquei... ela era tão fria... deslizei o dedo pelo braço dela até a sua mão e a segurei entre as minhas mãos... sua pele era tão macia quanto pêssego e tão fria quanto gelo, apertei sua mão a cumprimentando.
-Prazer em conhecê-la Annabelly. Disse, ela me abraçou... e me fez lembrar de alguém que tinha uns certos olhos azuis violetas, ele também tinha a pele fria.
-Igualmente Lena. Sussurrou ela, eu sorri comigo mesma contente por finalmente ter alguém com que pudesse conversar...
-Não entendo como posso toca-la se você está...
-Morta? Pode dizer não me ofende. Disse ela afastando-se para olhar em meus olhos com um sorrisinho brincalhão.
-Desculpe.
-Lena... nem tudo tem uma explicação, mas eu acredito que existe um motivo por trás de todas as coisas... não sei porque estou aqui ainda mas um dia vou descobrir meu propósito. Disse ela fazendo-me lembrar de quando minha irmã conversava comigo às vezes, eu fui me deitar e a arrastei comigo, ficamos de frente uma para a outra conversando durante muito tempo e não vi quando peguei no sono.

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