32: Criatura demoníaca

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     Senti algo... acho que... dedos tocavam meu rosto, sentia que estava deitada em algo duro... o chão?... minha cabeça começou a girar e me sentia terrivelmente enjoada, apertei com firmeza minhas pálpebras e abri os olhos, ele estava tocando meu rosto... seus olhos verdes brilhavam com uma emoção exultante... eu afastei sua mão e me sentei rapidamente.
-Bom dia meu amor. Disse ele se aproximando de mim, eu me afastei me arrastando pelo chão.
-Fique longe de mim. Alertei mas ele continuou... até que eu topei as costas na parede em um cantinho, ele se abaixou a minha frente.
-Onde eu estou? Que lugar é esse?. Perguntei confusa enquanto olhava para os lados... parecia ser um casebre velho, uma velha cabana de madeira... só com uma cadeira encostada em um canto do outro lado daquela espécie de sala, uma coluna de madeira sustentando o teto no meio da sala com uma corrente jogada ao lado no chão... uma parede estava completamente destruída e dali eu podia ver as árvores... a floresta.
-Me perdoe pelas acomodações, aqui não é bem um Castelo mas não se preocupe meu amor... nós ficaremos aqui por pouco tempo, você merece coisa melhor do que esse lixo.
-Laerte o que você está fazendo?. Perguntei a ele me erguendo do chão me apoiando na parede com um gemido... ele ficou preocupado e se aproximou de mim para me tocar.
-Não me toque!. Disse asperamente mas ele me ignorou e puxou meu braço, havia um hematoma em meu cotovelo e um pequeno arranhão, não me lembrava de como tinha conseguido... ele soltou meu braço e se levantou e parecia estar com raiva.
-Mercy!!... porque diabos você a machucou?!. Berrou e ela apareceu e entrou por onde a parede estava destruída... eu tive a impressão de que ela tremeu ao passar... ela olhava para o chão.
-Desculpe... acho que o braço dela bateu em uma árvore enquanto eu a trazia. Disse ela em um sussurro... ela abraçava seu corpinho delgado e parecia estar com medo.
-Ela está roxa!! Inútil!. Gritou ele pegando o pescoço dela, sim ela tinha medo dele... um medo mortífero dele, seus olhos ficaram arregalados quando ele a pegou... eu andei até ele.
-Laerte... por favor solte ela é a sua irmã. Disse, ele olhou em meus olhos e sua fúria se suavizou... mas ele não a soltou.
-Solte ela por favor. Pedi com mais gentileza e coloquei minha mão em seu braço... ele olhou para minha mão e sorriu soltando o pescoço dela... Mercy veio para o meu lado.
-Laerte... por favor você tem que me levar para casa. Disse, ele diminuiu o sorriso.
-Não posso... e não vou fazer isso Helena, esqueça eles, eu não vou deixar você ir embora. Disse ele... eu tentei manter a calma quando o que eu queria era pular no pescoço e arrebentar a cara dele por tudo que ele me fez sofrer... mas se eu fizesse isso só pioraria às coisas.
-Você não permitiu que eu vivesse para ver meu filho crescer... Laerte... você tem noção do que é isso? O quão cruel foi?. Perguntei, ele abaixou a cabeça quando começei a chorar.
-Eu sinto muito por isso meu amor... acredite, eu sinto mesmo, me arrependo até hoje de ter feito o que eu fiz... de ter tirado você de mim... e é por isso que eu não quero deixar você ir, porque eu não sei se eu conseguiria viver sem você por mais tempo... eu a amo Helena e eu sinto muito mas não posso deixar você voltar para ele... você agora me pertence e é só minha!. Disse ele alterado.
-Você matou meus pais, minha irmã e agora está tirando a única chance que eu tenho de ser feliz... está tirando Carlisle e Benjamin de mim e além daqueles que me amam e que eu amo muito, eles estão lá agora preocupados comigo... agora me diga quanto tempo você acha que vai levar até que eles me encontrem?. Perguntei o mais calma o possível... ele socou a parede que estava a seu lado abrindo um burraco nela.
-Tem razão eu vou resolver isso agora... Mercy você fica com ela. Disse ele... meus nervos ferveram... eu pulei em cima dele mas obviamente ele percebeu e me pegou pela cintura.
-Me solte! Você é um monstro! Laerte!... é isso o que você é!. Gritei com ele enquanto ele me levava até a coluna no meio da sala e me prendia com a corrente... acorrentando minhas mãos nas costas presa aquela coluna.
-Agora você vai ficar quietinha aqui meu amor, eu não demoro. Disse ele se inclinando para me beijar mas eu desviei o rosto e ele beijou minha bochecha.
-Não se preocupe meu amor eu não estou chateado com você... eu a aborreci e entendo isso... mas com o tempo você vai aprender a gostar de mim e a me amar. Disse Laerte com uma expressão sonhadora... eu olhava para ele com ódio.
-Ouça bem o que eu vou dizer e guarde minhas palavras... eu NUNCA vou amar VOCÊ!. Gritei deixando a raiva e o nojo que eu sentia dele fluirem asperamente em minha voz... ele fingiu que não me escutou e saiu... eu sacudi minhas mãos presas com a vā esperança de me libertar mas foi inútil... Mercy pegou a cadeira e se sentou a minha frente, seu olhar não tinha mais toda aquela arrogância de antes... o medo estava presente neles... mas eu não entendia como uma vampira podia ter medo e ela tinha medo de seu irmão... mas podia enfrenta-lo se quisesse bom... pelo menos era isso que eu achava.
-Você tem medo dele não é?. Perguntei, ela estava olhando para suas mãos enquanto mexia com os dedos a barra de sua saia rosa bebê.
-Mercy?. Chamei por ela... ela ergueu a cabeça e olhou em meus olhos e assentiu.
-O que ele fez com você?. Perguntei... ela olhou para o lado para a parede destruída... e um leve tremor percorreu seu corpo.
-Mercy?... você disse que nós éramos amigas, não foi? Você sabe que pode confiar em mim não sabe?. Perguntei, ela assentiu de cabeça baixa, eu suspirei entendendo o que estava se passando ao me lembrar do estado em que Laerte deixou minha mãe e minha irmã.
-Ele machucou você... de uma forma tão tortuosa e cruel que você tem medo dele, não foi?. Perguntei, ela olhou em meus olhos... e eu senti... uma estranha compaixão por ela, seu olhar era o mesmo de Giovanna como se ela estivesse da mesma forma que aquela parede completamente destruída, em ruínas por dentro...
-Ele? Abusou de você?. Perguntei descrente de minhas palavras... seu olhos verdes ficaram extremamente sensíveis com a minha pergunta e uma lágrima escorreu no canto de seu olho... mas ela a limpou rapidamente.
-Ele não acha que eu seja atraente ao ponto de fazer um homem me desejar.
-Ela bate em você?. Perguntei a ela... ela fez que sim mas eu ainda não conseguia acreditar... ele era o irmão dela, devia protegê-la e não maltrata-la.
-Piorou depois que... ele descobriu você em Los Angeles. Sussurrou ela... olhando a parede destruída daquela velha cabana.
-Até quando acha que pode aguentar?. Perguntei a Mercy, o canto de sua boca se ergueu em um sorriso infeliz.
-Não posso aguentar mais... eu o amo como meu irmão, eu nunca o abandonei, nunca em toda a minha existência eu o deixei, sempre estive ao seu lado... mas eu... não consigo mais... eu não posso mais suportar que ele desconte toda a sua raiva em mim mas ele é mais forte do que eu... eu tenho... medo. Sussurrou ela, ajoelhando-se no chão a minha frente angustiada.
-Um irmão não agride sua própria irmã... mas pelo visto aquele ser também é capaz de cometer essa atrocidade, você tem que me tirar daqui Mercy... eu preciso sair daqui, tenho que sair daqui... tenho medo do que ele possa fazer quando descobrir que estou grávida. Disse a ela... imaginando o que poderia acontecer se eu ficasse por ali por mais tempo.
-Você está grávida?
-Sim estou. Sorri, ela sorriu também e eu tornei a insistir.
-Você tem que me ajudar a sair daqui.
-Não posso fazer isso ele me mataria...
-Nós duas precisamos sair daqui para o mais longe o possível dele e você vai morar comigo Mercy, eu não vou deixar você sozinha com ele.
-Eu não acredito que as duas estão pensando em fugir. Disse Laerte parado na janela do lado de fora e em um piscar de olhos ele estava ali dentro com Mercy em seu poder apertando a garganta dela... Mercy estava com seus olhos arregalados de pânico e medo.
-Será que você não aprendeu a lição irmãzinha?. Perguntou ele... jogando-a para fora da cabana pela parede destruída.
-Laerte... não faça isso com ela por favor. Implorei em pânico também.
-Cale a boca... vocês duas não passam de cadelas, mas você principalmente Helena, não quero nem pensar no que vou fazer com você mas garanto que vai se arrepender de ter si deitado com aquele verme!. Gritou ele ferozmente expondo suas presas para mim... e ele foi até Mercy e o que eu vi ele fazer com ela me deixou tão aterrorizada e amedrontada que eu desejei desesperadamente que Carlisle me achasse logo, eu pensei em Giovanna e em minha mãe e na lembrança de seus corpos lividos e machucados, eu queria gritar e poder me soltar dali mas o medo me inutilizava... o medo daquele monstro que era uma criatura demoníaca vinda das profundezas de um pesadelo para atormentar minha vida... não nos sonhos mas na realidade.

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