7: A dama de branco

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      Quando recobrei a consciência estava no quarto, me sentei na cama macia, minha cabeça estava dolorida, massageei as têmporas com as pontas dos dedos não gostava de tomar remédio mas eu teria que tomar um analgésico se quisesse que aquela dorzinha insuportável cessasse... me levantei da cama meia zonza para olhar o quarto que era cumprido e retangular, todo branco a meia luz banhando pelas sombras de um dia escuro era um lugar estranho mas não porque era minha primeira naquele cômodo, era frio, carregado... a porta era grande de madeira escura, o piso era todo atapetado de um veludo macio também branco, a cama era de casal tamanho King size coberta por um edredom branco que escorria até o chão, dois criados mudos aos lados da cama com abajures de porcelana em detalhes dourados, as cortinas das janelas e da porta de vidro que dava para a sacada eram finas e brancas estendendo-se do teto até o chão, o lustre era de pedrinhas negras em formato de corações descendo em espiral do teto branco, fui até uma porta de correr grande e preta que estava mais perto de mim e a abri era um closet e lá estavam minhas roupas nos cabides, meus perfumes e porta jóias na estante do closet cheias de divisórias em formato retangular, dentro das gavetas estavam minhas maquiagens, produtos para cabelo em outra, roupas de dormir noutra, roupas íntimas em outra, sapatos em um canto, casacos em um cabide daqueles de tripé, tudo colocado no lugar... como conseguiram guardar tudo isso? me perguntei pasma.
        Sai do closet fechando a porta atrás de mim e fui em direção a outra porta do outro lado do quarto perto das janelas e lá estava o banheiro, branco e dourado, entrei e lavei as mãos, sequei minhas mãos na toalha que estava dobrada em um lado da pia, a pia parecia uma tigela grande de cerâmica e em cima um espelho redondo, dentro do box de vidro preto tinha uma banheira, minha necessaire que continha todos os meus produtos de higiene pessoal e meus cremes estavam ao lado da pia no balcão de mármore preto... colocaram realmente tudo no lugar pensei saindo do banheiro e dando de cara com um espelho de moldura antiga e escura do outro lado do quarto alguns metros em frente ao banheiro ele era bem grande e eu mal havia me dado conta de sua existência se não estivesse saindo do banheiro e olhado para ele, atravessei o quarto e cheguei mais perto do espelho coloquei a mão nele... era frio, estranhamente frio para um objeto inanimado, afastei-me dele de imediato lembrando da minha mãe e Giovanna, ambas frias, ambas mortas... ao lado do espelho havia uma cômoda e do lado desta uma escrivaninha... voltei a atenção ao espelho, não sabia porque eu estava com uma sensação esquisita de estar sendo observada... me concentrei mais no espelho aproximando-me... de repente ouvi batidas leves na porta que mesmo sendo tão suaves fizeram meu coração saltar no peito.
-Senhorita Lindenberg posso entrar?. Perguntou a Sra. Austen respirei fundo e respondi.
-É claro senhora. Disse, ela abriu a porta lentamente e com um sorriso educado no rosto entrou no quarto fechando a porta atrás de si.
-Seu tio me pediu que viesse olha-la de vez em quando, a senhorita desmaiou e ficou um bom tempo desacordada... ele ficou muito preocupado e me pediu para pergunta-la se está se sentindo realmente bem caso o contrário ele a levaria ao médico de helicóptero.
-Diga a meu tio que agradeço a preocupação mas não precisa eu já estou bem melhor... a propósito por quanto tempo eu dormi?. Perguntei a ela olhando pela janela o céu estava nublado mas era dia ainda.
-Umas seis horas senhorita... e enquanto a senhorita dormia tomei a liberdade de guardar as suas coisas para que a senhorita não tivesse a necessidade de se preocupar com isso. Disse ela, nunca tinha ouvido tanto a palavra "senhorita" na minha vida.
-Sim obrigada... deixemos as formalidades de lado está bem pode me chamar de Helena ou Lena. Sorri, ela concordou com um leve sorriso balançando afirmativamente a cabeça.
-Poderia chamar a senhora de Louise?. Perguntei, ela assentiu.
-Obrigada mais uma vez Louise... e este quarto é muito bonito. Elogiei, ela ficou temerosa de repente, e eu me lembrei vagamente que antes de perder os sentidos eles estavam discutindo sobre o quarto.
-Algum problema com o quarto Louise?. Perguntei curiosa, ela olhou para o quarto inteiro em silêncio e depois olhou para mim pouco a vontade.
-A dama de branco senhori... quer dizer Helena. Disse ela em um sussurro.
-Quem é a dama de branco?. Perguntei, ela suspirou.
-A muito tempo atrás houve uma tragédia neste quarto, uma das filhas de Víctor Lindenberg desapareceu neste quarto em uma noite fria de lua cheia... havia uma corda pendurada no teto uma cadeira debaixo na frente daquele mesmo espelho... naquela noite Víctor passava pela porta deste quarto, ouviu o som de sua filha mais velha chorando e depois o barulho de uma cadeira caindo no chão mas quando ele entrou no quarto... ela não estava lá... a cadeira estava no chão... não havia... corpo... e desde então há certas noites que este quarto está mais frio que o normal mesmo com o aquecedor... e de vez em quando... quando estou passando por aqui a noite vejo uma sombra passar na fresta abaixo da porta. Contou ela, segurando o crucifixo de seu colar, engoli em seco.
-Como... como veio a saber disso?. Perguntei, e ela estava sussurrando um terço.
-Minha família trabalha para a sua a gerações querida. Disse ela, olhando para o quarto inteiro fazendo o sinal da Cruz.
-Já são que horas Louise?. Perguntei tentando distrai-la antes que ela sucumbi-se de medo bem na minha frente.
-Já está quase na hora do chá das cinco. Disse ela, meu estômago automaticamente reagiu a palavra chá e meus pensamentos fluiram para imagens de biscoitos e torta de maçã, era o que minha fazia, eu estava com fome mas não sentia vontade... ela viu quando eu coloquei a mão na barriga e riu.
-Me perdoe a senhorita não comeu nada o dia inteiro, agora vamos então o chá já deve estar sendo servido. Disse ela se dirigindo a porta aliviada... tive uma forte impressão de que ela sairia correndo dali se não fosse civilizada e mantivesse a compostura... olhei o quarto uma última vez antes de sair, sabendo de sua história e dei de ombros um instante depois... era bobagem minha, fantasmas não existem, disse a mim mesma ignorando o calafrio que desceu por minha espinha.

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