8: Amor platônico

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As cinco horas pontualmente o chá foi servido na varanda em uma mesa branca redonda com quatro lugares, meu tio puxou a cadeira para mim educadamente e depois se sentou em um lugar ao meu lado... a mesa estava repleta de docinhos servidos em taças grandes, biscoitos de aveia, de chocolate e de baunilha, chocolate quente, café o chá é claro, e bem no centro da mesa a torta de maçã.
-Como está se sentindo meu anjo?. Perguntou meu tio enquanto ele levava a chicara de chá a boca.
-Muito bem... obrigada. Disse enquanto cortava uma fatia de torta de maçã e uma moça bonita de olhos cor de mel servia para mim o chá ela sorriu para mim.
-Está é Branca neta da Sra. Austen, sempre quando precisar de alguma coisa e a Sra. Austen não estiver por perto para atendê-la, peça a Branca. Disse tio Joseph, eu assenti e sorri para a Branca que olhava para meu Tio de uma forma que parecia...
-Tio o senhor não tem esposa?. Perguntei estranhando não tê-la visto ainda, ele ficou bem pensativo por um momento e depois respondeu.
-Não querida não sou casado... eu nunca me casei. Disse ele com um sorriso triste nos lábios, Branca pareceu lamentar intimamente por ele...
-Não tem filhos?. Perguntei, ele negou com a cabeça.
-Tem namorada?. Perguntei, ele negou de novo, Branca pareceu se incomodar com a minha pergunta.
-Perdoe minha intromissão... mas porque tio?. Perguntei, ele era tão educado, gentil e carismático... além de bonito teria conseguido a mulher que quisesse.
-Eu já amei alguém muito antes... mas ela amava outro. Disse ele olhando as árvores, Branca suspirou e ficou triste de repente... é mais um caso clássico de um amor platônico não correspondido... ela era bem bonita tinha um cabelo dourado preso em uma trança de raiz que descia até a cintura seu rosto era fino, magra, alta como uma modelo... e parecia ter 25 ou 30 anos, não mais do que isso, mas o que transparecia acima de tudo era que ela gostava e muito do meu tio era só olhar a forma como ela o olhava era tão óbvio... mas é claro que meu tio não prestava atenção nela ele também estava perdido em um amor não correspondido olhando para as árvores com um olhar tão triste que me fez lembrar do meu pai quando a mamãe se foi...
-Era minha mãe não era?. Perguntei decifrando seus pensamentos... ele me olhou de imediato tenso e eu coloquei minha mão em cima da dele...
-Adivinhei... tudo bem, nem tudo acontece do jeito que nós queremos não é mesmo?. Perguntei, ele relaxou um pouco e sorriu constrangido.
-Sim é verdade. Disse ele, concordando.
-Por isso o senhor não nos visitava. Conclui, não senti a necessidade de perguntar a resposta estava claro nos olhos dele... deve ter sido difícil para ele quando meus pais se casaram.
-A mamãe sabia que o senhor gostava dela?. Perguntei curiosa.
-Não, ela não sabia, ninguém sabia até... agora. Disse tio Joseph.
-Desculpe não foi minha intenção deixá-lo triste. Disse a ele, sentido-me culpada.
-Tudo bem querida você não me magoou, eu mesmo já faço isso comigo. Disse tio Joseph... perdendo-se no mar de sombras que as árvores formavam... e eu também me permiti vagar mais uma vez pelas recordações de um passado que eu me recusava profundamente esquecer... engoli um pedaço de torta, estava boa, o chá também mas não tomei mais de um gole, não conseguia... parecia que era ontem que minha mãe, Giovanna e eu estávamos juntas assistindo a um filme ou cozinhando... eu nunca mais as veria de novo, senti a dor apertar meu peito, meu tio segurou minha mão.
-Um dia as coisas vão ser mais fáceis, não posso afirmar que vai ser melhor sem elas mas será mais fácil.
-Obrigada tio. Sussurrei olhando meu colo.
-Como está se sentindo?
-Desde que minha mãe e minha irmã morreram meu pai se afastou... ficou distante, tentei conversar com ele... me aproximar mas aí ele decidiu me mandar para cá... às vezes penso que ele não se importa, sei que ele está sofrendo e isso me entristece mas ele se esqueceu de mim. Sussurrei infeliz.
-Ele a ama, nunca duvide disso... foi por amor a você que ele a mandou para cá... desde que ele me ligou perguntando se você podia vir ficar comigo ele me confidenciou sobre o andamento do caso... o noivo de Giovanna é uma ameaça por isso ele quis afasta-la querida, seria perigoso para você se continuasse lá, sua segurança é o mais importante no momento, aqui estará segura. Disse ele, seu celular tocou e ele se levantou pedindo licença e se afastou... o olhei amarga.
-Será que estou?. Sussurrei para mim mesma relembrando em minhas memórias a promessa que ele me fez... um arrepio frio me percorreu.

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