14: Possibilidade

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-De todas as piores formas possíveis que ele a machucou... um coração partido foi a pior de todas, minha irmã ainda o amava... mesmo depois de tudo o que ele a fez passar, de tê-la destruído por dentro, destruído seus sonhos... ela o amava.
-Sim... certamente ela o amava muito e o amor a despedaçou, é realmente uma coisa triste. Disse Annabelly enquanto falávamos de minha irmã o dia já estava quase amanhecendo quando ela retornou ao espelho e nos sentamos frente a frente, era quase normal conversar com um fantasma, ao longo da noite perdi o medo, talvez fosse pelo fato de eu me sentir tão sozinha que não tinha me rebelado contra a realidade, precisava conversar.
-Porque Annabelly? Porque...? Eu sinceramente não entendo, porque...
-Lena por mais que ele a fizesse sofrer quando se ama verdadeiramente o sentimento fica... mesmo que doa, fica. Disse ela, olhei em seus profundos olhos escuros com raiva.
-Você já amou?. Perguntei, ela olhou em meus olhos com uma tristeza antiga tingindo os seus, senti pesar por ela e coloquei minha mão no espelho tentando reconforta-la, ela sorriu.
-Desculpe não queria deixa-la triste.
-Sim eu já amei antes, quando era...viva. Murmurou, seu olhar se tornou vulnerável.
-Você se lembra?
-Só de pouquíssimas coisas de quando era viva... mas eu me lembro dele de seu rosto... de seu olhar, me lembro mais dele do que meu próprio pai.
-Como ele se chamava?. Perguntei curiosa.
-Infelizmente não me lembro do nome dele... mas eu me lembro do quanto eu o amava e... acho que ainda o amo. Disse Annabelly pensativa.
-Sinto muito. Sussurrei com tristeza por ela, ela tentou sorrir mas não conseguiu.
-O amor não morre Lena. Disse ela com uma expressão torturada de choro.
-Por favor não chore Annabelly ou vou chorar também. Ameacei, ela sorriu... os primeiros raios de sol deslizaram do horizonte inundando o céu com lindos traços azuis e violetas... e o estranho invadiu meus pensamentos novamente e eu me perguntei a onde ele estava naquele momento e se tornaria a vê-lo de novo, Annabelly percebeu minha distração e perguntou enquanto eu ainda olhava o céu.
-No que está pensando?
-Nele. Disse apenas, ela sabia quem era e por isso sorriu.
-Ah sei..."o cara mais lindo do planeta", sabe o nome dele?. Perguntou, eu suspirei e balancei a cabeça.
-Ah, não fique assim vou torcer para se encontrarem de novo... você vai vê-lo eu garanto.
-Eu espero mesmo... antes que eu enlouqueça de vez. Sussurrei para mim mesma com uma expectativa perturbadora iluminando o começo do meu dia, eu estava ansiosa pela tarde.
-Então você gosta mesmo dele?
-Hmmm... digamos que talvez... haja uma grande possibilidade de isso ser verdade, talvez. Ressaltei abaixando os olhos para meu colo ciente que estava corando.
-Sei. Questionou ela tentando não rir.
-Esta bem... apesar de eu só tê-lo visto uma única vez... admito que ele me deixou bastante inclinada a esta possibilidade... ele é bonito, sim é, admito, o que posso dizer?. Dei de ombros como se não tivesse importância ou estava apenas tentando minimizar essa possibilidade... ele era bonito mas meu interesse ia mais além do que isso.
-Admita. Implorou ela, eu sorri a contragosto e fiquei séria.
-Não posso estar apaixonada por ele... isso seria ridículo. Disse timidamente, ela suspirou e sorriu.
-Sim você está. Disse ela, eu corei, desviando o olhar para a janela admirando aqueles finos traços violetas que desapareciam conforme o sol se elevava no horizonte, me iludindo com a esperança de que o encontraria novamente... eu não estava magoada nem mesmo chateada com ele por ter saído daquela forma e me deixado daquele jeito tão perdida... aquele estranho conhecido, eu queria vê-lo e era mais do que um desejo intenso, eu precisava sentia uma necessidade quase física em meu coração mas e se eu não o visse nunca mais? Isso poderia acontecer de fato, talvez o encontro não tenha significado o mesmo para ele e significava para mim? Sim havia significado para mim mais do que gostaria... mas e se eu não o visse nunca mais?... aquela possibilidade me atormentava cada vez mais a medida que eu percebia o quanto ele significava de alguma forma desconhecida, em um lugar profundo dentro de mim eu reconhecia isso... mas e ele? Ele queria me ver como eu queria? Ele pensou mim? Não, claro que não, era loucura quase tanto quanto eu como uma tola nutrir tais sentimentos e esperanças tolas por alguém que mal conhecia ou melhor desconhecia completamente... apesar do meu lado racional me repreender e questionar minha sanidade havia um lado meu que apesar de tudo tinha esperanças de reencontra-lo naquele dia.

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