Carta

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MANSÃO CASTILLO

German chegou em casa irritado, murmurando pequenos palavrões. Tanto a empregada como a filha já tinham ido deitar, então ele simplesmente decidiu beber.

Pegou alguns blocos de gelo e pôs em um copo fundo, enchendo-o com o seu melhor e mais forte whisky.

Pelo motivo de ser um homem cheio de regras e sistematização, nunca ficara bêbado em sua vida, mas agora não tinha muita escolha. Ou era isso, ou iria atrás dela para perguntar qual o problema.

Não acreditava que ela tinha recusado o jantar e muito menos com a desculpa mais usada, porque ele sabia que a família dela era o Max. Sabia que ela vivia sozinha e que tinha feito isso de propósito.

German segurou o copo com força e tomou um gole do whisky, perguntando-se o motivo de desejar tanto aquela mulher em sua cama.

Todas as lembranças que vinham em sua mente eram agradáveis. E em especial, o momento que tiveram pela manhã na mesa de sua sala. Eles desfrutaram juntos do contato dos corpos e dos beijos, muitas vezes roubados por German, já que ela considerava que era um ato clichê demais para ambos, que só queriam sexo.

Lembrou-se de cada carícia daquelas mãos finas e macias em seu corpo rígido e suspirou, largando o copo na mesa da cozinha. Levantou-se e por não ter conseguido beber o suficiente para esquecer dela, foi ao seu quarto, onde usaria as próprias mãos para acabar com toda aquela excitação que apenas a lembrança dela causava, se é que me entendem.

HOSPITAL CENTRAL DE TORONTO

Os médicos do plantão do dia nem haviam chegado e Angeles já estava circulando pelo hospital, e mais especificadamente pelo corredor da sala de German.

Ela observou de longe Max entrar com um envelope nas mãos e sair poucos minutos depois sem nada.

Aproximou-se da secretária e sorriu para ela.

– Com licença, querida. – Ela mexeu em algumas canetas. – O Dr. Castillo já chegou?

– Ainda não, mas eu posso deixar algum recado se desejar.

– Bom, eu fiquei de pegar alguns papéis na sala dele ontem, mas ele não estava mais. Então me pediu para estar aqui cedo e pegar com você. – Ela cruzou os braços.

– Mas ele não deixou nada comigo.

– Você me viu aqui ontem pela manhã e aposto que não haveria problema algum se me deixasse entrar e pegar os papéis. Mas claro, você teria que ficar calada, porque é uma surpresa pra ele.

A secretária deitou um pouco a cabeça para o lado e sorriu cinicamente, batendo a caneta na mesa de forma insistente.

– Bom, só se você me passar seu número. – Ela mordeu o lábio enquanto falava.

Angeles sentiu uma vontade incontrolável de rir, mas pedindo ajuda para todos os santos possíveis, conseguiu aguentar.

– Ah claro.

Ela escreveu o número em um pequeno pedaço de papel, mas com algumas partes erradas, e entregou a mulher.

– E lembre que se você, mesmo com meu número, falar para alguém, eu faço com que te demitam. – Angeles sorriu.

A mulher levantou e abriu a porta para a psicóloga, que entrou na sala e com todo o cuidado do mundo para não deixar nenhum rastro, pegou o envelope deixado por Max. Conferiu se eram as tomografias e trocou por outras, tendo certeza de que German não iria aceitar fazer cirurgia, pois eram de um tumor inoperável.

It Must Have Been LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora