Angeles subiu novamente para o quarto onde German dormia tranquilamente. Ela se sentiu extremamente cômoda na conversa que tivera com Violetta, por ela não ser muito diferente do pai. Era inteligente demais para uma garota de dezesseis anos.
– Ai Castillo. – Ela suspirou e o observou com certo carinho.
Aquele homem bagunçava a sua vida de uma forma absurda, mas ao mesmo tempo maravilhosa. Sabia do que ela gostava e do que não gostava, sem nem precisar perguntar antes.
Deitou-se ao lado dele e ficou mexendo nos cabelos macios, acariciando e sorrindo ao sentir o cheiro que desprendia dos fios. Ele era perfeito, e observar tamanha tranquilidade em um homem tão intenso como ele, era um presente para Angeles.
Mas, depois de tantos pensamentos que proporcionaram um leve frio na barriga, veio a culpa. Sentia-se uma derrotada por ter chegado a fazer algo tão baixo e rezava para que a carreira dele não fosse destruída, algo que era quase impossível de não acontecer. Ela pegou o celular e leu algumas mensagens no grupo do HCT, com médicos dizendo que tinham tido êxito em cirurgias incríveis. Todos mesquinhos, pensou. Algumas mensagens mais e seu coração quase parou com a mídia carregada. A foto de um jornal famosíssimo de Toronto com críticas sobre German e argumentando que ele deveria "se aposentar", já que cometera um erro capaz de tirá-lo do HCT. Ao lado do pequeno texto, tinha uma foto dele com o jaleco do hospital e as mãos nos bolsos, extremamente bonito.
Ela sorriu por um tempo observando a foto e voltou o olhar para o homem deitado ao seu lado, jogando o celular no móvel e dando um beijo inocente no rosto dele, que estava sendo iluminado apenas pela luz da lua que entrava pela sacada aberta.
Abraçou-o e suspirou, desejando não acordar. Ou se acordasse, fosse em seu apartamento, desconhecendo qualquer neurocirurgião com o nome German Castillo, para nem correr os riscos. Riscos esses que mais especificadamente são: se apaixonar e acabar com a carreira dele.
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German desceu as escadas sério, pois havia lido as críticas sobre ele em vários jornais famosos e nada o faria feliz naquele momento.
– Cadê a loira bonita? – Violetta perguntou enquanto mordia sua torrada e era servida pela empregada, Grace.
– Que loira bonita?
Ele beijou a testa da jovem e fez um gesto para a empregada, que ela entendeu perfeitamente.
– A mulher de ontem. Dos olhos verdes.
– Você conheceu ela? – Ele arregalou os olhos. – Como?
– Ontem eu estive na cozinha e ela também, mas ainda não sei o seu nome, e se ela me disse não lembro. – Deu de ombros.
– Angeles. – Ele bebeu um pouco de café e observou a menina.
– O nome coincide muito. Faz sentido.
– O que você está dizendo, Violetta?
– Eu estou dizendo, papis... – A menina levantou e deu um beijo no rosto do pai, terminando a frase antes de sair para a escola. – Que ela é um anjo.
German observou Violetta sair e acabou sorrindo, lembrando da noite que tivera ao lado da loira bonita.
– Aqui está, Sr. German. – Grace entregou uma bandeja com tudo o que Angeles tinha direito para o café da manhã.
Ele agradeceu e segurou a bandeja, subindo as escadas novamente. Entrou no quarto devagar e colocou o objeto de metal no móvel, afastando-se para abrir a cortina enorme que ficava na porta para a sacada, fazendo uma luz extremamente forte entrar no quarto.

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It Must Have Been Love
RomanceGerman Castillo, neurocirurgião obcecado pelo trabalho e pela segurança de sua filha Violetta. Homem frio, calculador e duro com qualquer um que entre em seu caminho. Anos trabalhando no Hospital Central de Toronto, sempre procurou esconder as dores...