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Abro os olhos acordando do desmaio, há alguém chamando na porta do quarto. Levanto um braço, que pesado, apoio o braço no chão, levanto a cabeça com dificuldade, apoio o outro braço, levanto o corpo e consigo ficar sentada, dobro as pernas, seguro a lateral da  cama e levanto lentamente.

- Acooorda! - A vóz reconhecível do tatuado grita  atráz da porta.

Minhas pernas tremem, cambaleio, dou um passo para a frente e não suporto o meu próprio peso. Caio. Desabo no chão fazendo o maior barulho, acho que quebrei os ossos.

Ouço uma gargalhada vinda do outro lado da porta.

Desgraçado!

Me apoio na parede e levanto, me seguro firme e ando devagar até a porta. Giro a chave, abro, não tem ninguém. Provavelmente o tatuado já desistiu de me esperar e saiu.

Passo para o lado de fora do quarto, seguro nas paredes do corredor e ando em direção a sala lentamente.

Minha cabeça ainda dói um pouco, meu corpo está pesado Andando devagar cheguei na sala, vejo o tatuado, o de cabelo comprido, a mulher cafona, o moreno, o de cabelo roxo ( desgraçado ), três homens de terno e ao lado o Sr. Dérick.

O tatuado vem até mim, me ajuda a andar e me segura pelo braço de frente para todos. Fico pasma, uma vontade de gritar vem à tona, mas não consigo nem falar direito.

  O Sr. Dérick me olha da cabeça aos pés, olha em meus olhos e dá um leve sorriso de canto. Ele olha para o homem de cabelo comprido e lhe entrega um cheque, apertam as mãos e sorriam.

  - Vamos - Sr. Dérick falou se virando e indo em direção a porta.

  Os homens de terno preto seguiram-o  e o tatuado me levou junto a eles até o carro do sr. Dérick. Eles começaram a conversar mas eu só delirava, meus olhos reviravam, meu pescoço girava, ainda pelo efeito do calmante. Só vi quando eles me colocaram no banco traseiro do carro e seguiram por uma estrada. Só estavam eu, os três homens de terno preto e o Sr. Dérick.

  Acho que me livrei dos marmanjos, ou, eles se livraram de mim...

  Olho pela janela do carro, há somente mata fechada, provavelmente essa casa onde eu estava é bem escondida. Ficamos horas viajando apenas por estrada de terra cercada por enormes árvores, atravessamos um rio  por uma ponte de madeira, e pouco tempo depois chegamos a uma estrada de pista.

  Meus olhos lutavam para ficarem fechados, mas eu queria ver tudo. Logo chegamos em  campo gramado, tinha um helicóptero, o carro estacionou ao lado. O sr. Dérick desceu do carro e começou a conversar com um homem que tinha acabado de sair de dentro do helicóptero. Logo me tiraram do carro e me colocaram na aeronave. Sr. Dérick, o piloto e eu voamos para longe, demorou cerca de uma hora e meia até chegarmos em um aeroporto. O sr. Dérick conversou com algumas pessoas e depois entramos no avião, só nós dois e outros passageiros desconhecidos. Voamos por algumas horas mas antes de chegar ao destino, pego no sono. Só me lembro de quando fui acordada e arrastada para um carro e depois entramos em uma mansão.

  Levanto da cama. Um enorme quarto, com sofá, tv, ar- condicionado, paredes forradas, cheias de quadros caros, uma enorme janela de vidro com vista para uma praia azul. Saio do quarto enrolada nos grandes lençois de ceda, arrastando-os pelo chão forrado de carpete.
  Abro as portas duplas e ando pelo corredor depois descendo as escadas. Chego a uma enorme sala, bem arejada e sofisticada, ando em direção a uma porta e à abro, há uma grande mesa de vidro indo do começo ao fim do cômodo. Uma senhora com roupa de empregada serve café para o Sr. Dérick, que logo em seguida sobe o olhar até mim. Ele larga a chícara na mesa e me olha fixamente. Levanta e vem em minha direção, pega em minha mão e me faz sentar em uma cadeira ao seu lado. Ele senta em sua cadeira e manda a empregada me servir. A empregada enche a mesa de coisas e eu só observo calada e de cara fechada. Olho para ele.

- Quém é você? - falei curta e grossa

  Ele termina o gole de café, limpa a boca com um lenço e olha para mim.

- Você tem que descansar, depois falamos sobre isso.

- Quém são aqueles homens?

- Vá descansar, você está muito cansada - ele falou calmo

- Eu quero saber onde estou - falei perdendo a paciência

  Ele se levantou e me olhou suspirando

- Olha, agora somos marido e mulher, essa casa também é sua, sinta-se a vontade.

  Levanto indignada e olho em seus olhos

- Eu não sou sua mulher, seu velho babão, e quero voltar para minha casa, agora. - falei me virando e olhando ao redor - Que lugar é esse? E quém me despiu?

Ele começou a falar fazendo gestos para me acalmar:

- Olha, fui eu quem lhe despiu - Arregalei os olhos - Mas calma, eu só tirei sua roupa para você dormir tranquila, não se preocupe que não toquei em você. Ontem você chegou muito cansada e ainda está

- O que? Ontem? Estou aqui desde ontem? - falei alto

- Sim, mas nós chegamos e você foi dormir...

- An...? Que merda... - falo e saio revoltada para o quarto que estava antes.

  está se achando de mais pra quém chegou ontem

  Sento na cama, faço o lençol de vestido e vou até a janela, fico olhando para as belezas do mar, as ondas, a areia...

  Me vem uma lembrança das palavras de um dos marmanjos, "Turquia... África", me dou conta de que posso estar em um desses lugares... Que merda!

  Vou até a porta do quarto e a tranco, pulo na cama e me enrolo com os lençois de ceda, começo a chorar muito.


O Lago VerdeOnde histórias criam vida. Descubra agora