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Deitada na cama, observando a parede. Meus olhos ardendo de sono, mas não durmo. Meu estômago clama por alimento, mas não quero comer. O que vou fazer? Olho para a janela que está aberta, um leve vento faz a cortina balançar um pouco. Será que devo? Não... pular da janela, não. Suicídio não! Tentar se matar seria um belo jeito de fugir do sofrimento, mas não, isso não levaria a nenhum bom resultado. Fugir com a morte é covardia, desistir é para fracos...

- Mas eu sou fraca! - Grito desesperada me levantando da cama.

Eu já cheguei até aqui, já me livrei de uma parte, agora só falta passar dessa. Meu plano está dando certo, eu vou conseguir... Mas que plano?

- Sua trouxa! Você não tem plano nenhum, você é fraca e não vai conseguir nada! - Falo irada com meu reflexo no vidro.

Sinto lágrimas escorrerem pelo meu rosto, caio de joelhos no chão, me encaro no vidro

- Está vendo? Você só sabe chorar...

Olho para a janela que parecia me chamar, depois volto a olhar meu reflexo

- Vai, sua tonta!

Me levanto e caminho até a janela, coloco a cabeça para fora e olho para baixo, engulo em seco. A altura não é muito alta, mas parece bem mortal. Passo o corpo pela janela e fico sentada, lá embaixo apenas tem a areia branca de praia. Engulo em seco novamente e fecho os olhos, passo minhas pernas para fora e largo meu corpo. Sinto-me despencar, minha perna prende em algo e abro os olhos. Meu corpo está pendurado de cabeça para baixo e meu pé enganchado na lateral da janela enrolado na cortina.

- Ai... - Gemo com a dor.

Meu pé dói por estar torcido, tento mecher meu corpo, mas a cortina se rasga e eu caio, fecho os olhos e apenas sinto a pancada de meu corpo contra o chão na areia. Abro os olhos, meio tonta sinto dor nas costas. Estou estirada no chão, na areia que bem macia, mas que não evitaria uma forte dor pela pancada.

- Nem pra morrer eu presto... que burra!

Falo com dificuldade, tento me levantar mas não consigo. Acho que quebrei algo. Fico apenas deitada olhando para cima. Estava em uma maresia, aquele lugar fresco, apenas o barulho do mar e do leve vento que balançava levemente as folhas dos coqueiros. Que vontade de dormir...

Fecho os olhos, respiro levemente, apenas sinto a brisa me envolver. Ouço um barulho de carro, abro os olhos, viro minha cabeça tentando ver o carro mas é em vão. Apoio minhas mãos no chão e tento levantar, sinto uma dor nas costas

- Ai... - arfo

Fico sentada, olho para traz e escuto o barulho de um carro estacionando. Viro meu corpo me apoiando de quatro, meu joelho dói, me arrasto para perto da Parede e Seguro na mesma, me levanto e ando mancando até a frente da casa.
Olho para dentro e não vejo ninguém, então entro me apoiando nas paredes, passo pela porta, ando pela sala de entrada mas ainda não avisto nenhum ser humano.

Cadê? O carro não pode ter vindo sozinho, né!?

Nossa como sou tonta. Começo a subir as escadas, segurando no corrimão. Vejo na entrada do meu quarto, três homens de terno, um deles eu já tinha visto. Ele usa um terno negro, é o mesmo homem que foi com o Sr. Dérick me buscar naquele lugar...

- Você está aí, eu estava te procurando - Diz o Sr. Dérick se dirigindo a mim - Onde estava?

- Não importa! - Falo rígida e caminho rápido em direção ao quarto tentando disfarçar que eu estava mancando e sentindo dor

- Nós vamos sair, se arrume...

Ignoro o que ele diz, bato a porta do quarto na cara dos homens e corro de um pé só em direção a cama, me sento na mesma e massageio meu joelho

- Ai...

Meu joelho e minhas costas doem muito. Deito na cama, abro os braços. Que merda!
Fico olhando para o teto, depois olho a parede, depois a janela... Preciso vestir uma roupa, aliás, preciso de banho. Me levanto e entro no banheiro, Que chique! Tiro a "roupa" que eu estava e jogo no chão, entro debaixo do choveiro, a água morna cai sobre meu corpo depois que rodo a maçaneta.

Termino o banho e as higienes, saio do banheiro com uma toalha branca que encontrei no armário. Seco meus cabelos e procuro uma roupa. Aff, só tem roupas de idosas! Visto um vestido lilás claro e calço uma sandália preta que achei em uma gaveta.

Vou dar uma de boazinha...

Como sou fraca! Saio do quarto com a cara fechada e não vejo ninguém, desço as escadas e avisto o Sr. Dérick parado em pé na entrada da cozinha

- Vamos, você está linda...

Ignoro o que ele fala e o sigo quando ele vai em direção a saída. Abre a porta do carro para mim e eu entro. Ele dá a volta e entra no carro. Antes de ligar o automóvel, ele me encara por um instante.

- Estamos indo para a cidade, para nossa casa - ele fala calmo - Espero que goste...

Não falo nada e desvio o olhar para a janela. Ele liga o carro e começa a dirigir. Olho pela janela e há apenas areia e mar, e a casa de praia. Depois de um bom tempo que fomos chegar a uma estrada, continuo a olhar pela janela, admirando as paisagens.

Onde será este lugar!? É tão lindo, mas nunca quero voltar aqui, me traz lembranças horríveis...

Chegamos a entrada de uma cidade, as casas e pessoas bem diferentes. O trânsito bem movimentado, pessoas andando rapidamente pelas calçadas, com vestimentas estranhas, mulheres com lenços na cabeça, animais soltos pelas ruas...

Que lugar é esse?

Por um momento me imagino na Índia, que estranho. Será? Percebo que o carro parou, numa rua menos movimentada. O Sr. Dérick abre a porta do carro para mim e eu saio, fico em pé parada e não olho no rosto dele. Há algumas mulheres por perto, elas me olham e abaixam a cabeça, depois se viram e se afastam rápido.

- Vamos...

Escuto o Sr. Dérick me chamar e me viro o seguindo, ergo os olhos e abro a boca surpresa...


DESCULPEM A DEMORA
💙😅



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