6

150 44 122
                                    

Passei o dia inteiro deitada na cama, pensando em meus pais, minha família, nos meus amigos, na faculdade...
Está quase anoitecendo, vejo o dia escurecendo aos poucos pelos buracos no telhado. Se o teto não fosse tão alto, dava até para escapar...

Estou extremamente com fome, mas não tenho apetite. O frio está mais que gelado. Esta cama dura, me dar dor nas costas. Preciso me alimentar com urgência. Levanto-me da cama e vou em direção da porta do quarto, está trancada. Bato com força e grito:

- Abre essa porta! Estou com fome! - bato com força sem parar e continuo gritando.

Logo, alguém abre a porta, o homem de cabelo comprido me olha sombrio, tira o cigarro da boca, solta a fumaça pela boca e pelo nariz. Solta o cigarro no chão e o esmaga com o pé.

- Posso saber o "Porquê" da gritaria? - Ele falou com muita calma na voz, mas com a expressão monstruosa.

- Preciso de comida, de banho, de roupas... - Olhei para seu rosto - O Sr. Dérick não vai querer uma moça suja e magra, você não acha?

Lancei um olhar desafiador em seus olhos. Sua expressão mudou, entortou os lábios e apertou as sobrancelhas.

- Venha cá! - Saiu em direção a sala e eu fui atrás.

Tinha uma moça sentada ao sofá, ela se levanta, olha para mim e faz cara de nojo.

Alta, magra mas sexy, olhos castanhos, cabelos pretos ondulados e com mechas pintadas de vermelho. Usa uma blusa regata branca, uma bermuda masculina descolada e All star cinza. Bonita, mas, cafona.

- Fica aí - O marmanjo me ordenou - Fica de olho nela - Falou para a garota, apontando para mim.

Ela acenou com a cabeça. Depois arrodeia o sofá vindo em minha direção, ela para em minha frente e me olha dos pés a cabeça.

Pega na ponta da blusa que uso e levanta, provavelmente para olhar se estou de calsinha. Ela faz uma cara de nojo e depois deixa a blusa no lugar. Olha nos meus olhos, segura no meu queixo e enclina meu rosto.

- Nossa! Você tem um rosto tão bonito! - Ela disse levantando as
sobrancelhas.

Vagabunda. Tenho vontade de socar a cara dela, mas não tenho coragem. Vaca... Deve ser uma prostituta dos marmanjos.

- Como você veio parar aqui? - Ela pergunta balançando a cabeça lentamente de um lado para outro.

Que desgraçada, deve estar zoando com a minha cara!

O homem de cabelo comprido aparece com um sanduíche de ovo, uma caixa de cigarros, um isqueiro e uma garrafa de cachaça extremamente alcoólica. Coloca tudo em minhas mãos e diz:

- Toma, agora ver se nos deixe em paz! - Falou apontando para o corredor, me mandando ir para o quarto.

Ai que vontade de
tacar essa garrafa de vidro na cabeça deles.

Olho para ele com cara de revolta. Saio e enquanto ando ouço ele cochichar "pronto, agora podemos continuar nossa brincadeira..." . Que safadeza.

Entro no quarto, deixo as coisas em cima da cama e vou em direção ao banheiro, no final do corredor. Este lugar me dar calafrios. Ando muito devagar, entro no banheiro e acendo a luz que faz ruídos para continuar acesa. Que imundice. Levanto a tampa da privada com a ponta dos dedos do pé. Me viro de costas, abro as pernas, afasto para traz e urino em pé. Ah, que alívio, Estava apertada!

Volto para o quarto. O marmanjo está tão entretido com a periguete que não está nem aí pra mim. Isso é bom. Posso fazer oque quiser. Deitei na cama, comi o sanduíche.

Tranquei a porta do quarto após achar a chave na fechadura pelo lado de fora, o abestalhado estava louco para agarrar a piranha que esqueceu de tirar a chave. Sentei na cama, encostei na cabeceira. Coloquei a garrafa de cachaça entre as minhas pernas. Peguei a caixa de cigarro e o isqueiro. Depois de várias tentativas consegui acender um cigarro. Nunca fumei, essa seria uma primeira vez. Traguei o cigarro com força, comecei a tossir sem parar. Ai, socorro. Peguei a cachaça e virei de vez. Me arrepiei, dei umas sacudidas na cabeça e soltei um gritinho.

E foi assim que passei o resto da noite. Chorava dramaticamente e do nada soltava umas gargalhadas loucas. Bebi a garrafa inteira, fumei uns 20 cigarros e depois dormi abraçada com a sheila, foi o nome que dei a minha nova amiga de vidro.

O Lago VerdeOnde histórias criam vida. Descubra agora