Seis

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Robert Young

- Robert, está me ouvindo?

- O quê?

- A Lisa não ficou linda com esse vestido fucsia?

Estou buscando, incansavelmente, razões para a minha presença em uma prova de vestidos. Naquele momento, cada voz que ecoava pela sala do apartamento de Melanie, perfurava meu crânio como agulhas pontudas. Havia, pelo menos, trinta garotas caminhando por todos os lados.

O motivo pelo qual me desloquei do futebol para a casa da minha namorada, foi o combinado de que discutiriamos a nossa relação.

Não!

Eu não sou o tipo de cara grudento, que quer a todo momento discutir relação.

O problema, é exatamente o que dizem os engenheiros - talvez, seja a minha avó que diga isso, mas não importa - não é possível construir uma casa em terreno de areia, vai desmoronar. Nosso namoro era errado antes mesmo de ter começado, caso não fosse a insistência dos meus pais, que praticamente me obrigaram a ter um relacionamento com a filha do senador, eu não estaria em uma prova de vestidos agora.

Não sou iludido ao ponto de acreditar que fomos feitos um para o outro. Somos o exemplo da oposição e aparência. Quando um público torna-se presente formamos o casal mais feliz do universo, etretando quando estamos sozinhos não existe nada além de sexo e briga.

Existem muitas formas de adjetivar Melanie, a começar por inegavelmente gostosa, todavia totalmente esnobe. Experiente em matéria de sexo, mas irritantemente ciumenta. Sabe tudo sobre academia, mas não sabe resolver uma equação do segundo grau em pleno terceiro ano. Uma dançarina talentosa, mas prefere se movimentar com uma stripper. Engraçada, mas prefere falar sobre roupas e sobre a vida de outras garotas. Inexplicavelmente, todos parecem gostar dela e de certo modo, eu pareço um ingrato estúpido, por namorar a menina mais linda e cobiçada de toda a cidade e não estar satisfeito.

Talvez, o meu problema seja apenas ingratidão com relação a tudo, pois sempre comentam sobre a minha vida ser perfeita, entretanto a perfeição e eu não fomos ainda apresentados.

- Arram! - respondi mesmo não sabendo quem era Lisa e que cor era fucsia. Estava quase a enlouquecer, precisava me livrar daquilo o quanto antes.

- Lógico que não chega aos meus pés, né amor? - Melanie sentou sobre a minha coxa direita, passou um dos braços pelos meus ombros e esperou pela resposta que aumentaria seu ego.

- É.

- Nossa Robert, o que você tem?

- Achei que fôssemos conversar, Melanie.

- Não estamos fazendo isso agora? - a empurro para fora do meu colo, um tanto impaciente. Cinismo ou burrice, aquilo me tirou do sério.

- Você sabe que não, quero conversar sobre o nosso namoro, na verdade, por mim já estaria tudo resolvido, mas tenho consideração por você, que quase implorou para que eu vinhesse.

- Fala baixo - sou puxado para o corredor de espelhos, onde não existem garotas alvoroçadas - Não podemos falar agora, minhas amigas estão aqui.

- Quando então, Melanie? - cruzo os braços para segurar a irritação.

- Robert, não precisamos disso. Aquela briga foi uma besteira, já passou. Mais tarde eu te recompenso - Passeou as mãos pela minha camisa, a morder os lábios de forma provocante. Em outro momento aquilo seria o suficiente para me fazer vacilar, mas os meus limites já haviam sido atingidos.

- Não dá, Melanie. Estou saturado de tudo isso, é melhor a gente terminar.

- Cala a boca, não vamos terminar. A gente não pode fazer isso, somos o casal mais invejado do colégio, o que as pessoas vão dizer? Seus pais vão ficar decepcionados.

GAROTA ARCO-ÍRISOnde histórias criam vida. Descubra agora