GAROTA ARCO-ÍRIS

Dezoito

Capítulo parcialmente revisado.

Joshua Cooper

Meus pés estão grudados no azulejo de entrada do quarto de Uno Salvatore, e minhas mãos estão paralisadas dentro do bolso do casaco. Eu diria que estava avaliando o campo adversário, antes de tomar uma atitude, mas a verdade é que aquela situação era incrivelmente constrangedora. Haviam dois pares de olhos grudados em mim, aguardando uma reação que justificasse a minha presença.

Não estava em meus planos encarar os dois de uma só vez, seria primeiro o Young, mais fácil, eu diria. Já que ele havia demonstrado um certo interesse em conversar comigo depois daquele dia fatídico. E, em seguida, esperava que ele me ajudasse a enfrentar a pessoa mais machucada por mim, Uno Salvatore.

No entanto, a senhora Young havia me informado que o filho estava visitando uma amiga necessitada e por alguma razão, meu cérebro me trouxe exatamente para a mansão Salvatore.

- Oi - tudo que minhas cordas vocais foram capazes de dizer.

- Oi, - eles responderam juntos, muito parecido com as outras últimas vezes, que a gente se encontrou.

O Robert estava com o cenho franzido e os lábios muito juntos, certamente, achando minha presença um tanto confusa e desnecessária, talvez eu tenha atrapalhado algo entre o casal, mas pouco me importava. Uno Salvatore estava indecifrável, segurando a barra do moletom com uma certa força, deixando os nós de seus dedos mais brancos do que de costume.

- Aconteceu alguma coisa? - Ela perguntou com a voz falha, e o queixo levemente erguido, me incentivando a falar.

- Eu...É...preciso...preciso, - respirei fundo, odiava gaguejar, me fazia parecer patético.

- Não precisa ficar nervoso, a gente não morde. - Young provocou, atiçando um pouquinho de raiva dentro de mim. Eu queria me manter pacífico, calmo, mas o universo sempre arranjará uma forma de me deixar irritado, é inevitável.

- Beleza, vamos lá, - disse mais para mim mesmo, do que para eles e arranquei uma força de dentro de mim para disparar o discurso guardado em minha garganta.- Eu nunca fui um garoto muito educado, paciente, gentil...

- Nós sabemos.

- Cala a boca, Robie, deixa ele terminar.

- Então, - tente prosseguir com o discurso interrompido - Nunca fui um bom amigo para o Robert e, por algum motivo desconhecido, ele nunca pareceu se importar com isso e sempre esteve por perto quando eu precisava, mesmo recebendo tanta ingratidão em troca. Uno, não te conheço há tanto tempo assim, mas você também sempre relevou a minha personalidade e esteve lá quando eu precisei. A verdade é que, não havia percebido o quanto vocês são importantes para mim, e... quero me desculpar. Talvez desculpas não resolvam, mas se vocês conhecem a proporção do tamanho de meu orgulho, devem imaginar que me desculpar é quase um sacrifício mortal.

- Você nunca se desculpou, cara. - Robert estava de queixo caído e, com uma expressão levemente divertida, diminuindo um pouco a tensão do ambiente - Isso é quase um milagre. Foi a sua mãe quem te obrigou a fazer isso?

- Ela apenas me aconselhou. Vocês vão me desculpar, ou não?

- O que você acha, arco-íris, ele merece o nosso perdão?

Young cruzou os braços imitando um intelectual e, desviou o olhar para Uno, que parecia confusa a me encarar com os olhos levemente arregalados.

- Pelo quê, exatamente, você está pedindo desculpas?

- Por tudo.

- Tudo o quê? - Young estava quase conseguindo me irritar.

- Pela forma que tratei vocês dois na delegacia e, - encontrei o olhar de Uno, aquilo precisava ser dito apenas para ela - Por não ter te defendido hoje, fui eu quem descobriu o seu segredo. A culpa daquilo tudo, foi minha.