Dezesseis

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Joshua Cooper

Os olhos dizem muito sobre uma pessoa, entregam o fundo da alma e explanam tudo que não somos capazes de dizer com palavras.

Naquele dia, os olhos de Uno Salvatore imploravam por socorro e transbordavam pura dor. Senti uma pontada no peito, quando presenciei a cena mais ridícula e covarde de todos os tempos. É verdade, que eu não tinha moral alguma para falar da arrogância e ignorância de certas pessoas, porque eu mesmo havia sido um completo canalha, mas jamais brincaria com a dor de ninguém.

Estava voltando para buscar Violet, quando tragicamente fui atigindo pelas lágrimas de Uno Salvatore, que parecia tão pequena e desesperada, entretanto por mais que a minha vontade fosse de coloca-la no colo e leva-la para bem longe dali, nada consegui fazer. O ódio havia me consumido e eu precisava fazer algo a respeito, caso contrário iria explodir.

Cruzei os braços rígidos, enquanto as outras garotas se afastavam a rir como verdadeiras idiotas. Violet virou-se ao notar minha presença, tinha um sorriso triunfante nos lábios, o que me deixou um pouco mais furioso.

- Que merda foi essa? - esbravejei a segurar o corpo para não agir como um covarde.

- Foi apenas uma brincadeira, baby - passou um dos braços pelo meu pescoço, mas foi impedida rapidamente.

- Brincadeira? - esfreguei as mãos pelo cabelo, completamente transtornado - Isso não foi uma brincadeira. Foi ridículo e cruel, no que estava pensando quando decidiu humilha-la dessa forma?

- Ah, não vem com essa agora. Você mesmo sempre disse que detestava aquela esquisita, não fiz nada demais, apenas disse a verdade. Ela é uma suicida idiota, que fica se cortando para chamar a atenção. - Deu de ombros e começou a brincar com uma bola de beisebol, jogando nos armários a fazer um barulho agudo e ensurdecedor.

- Você tem noção do problema que pode ter causado? - tentei fazê-la parar e olhar para mim, segurando em seus braços com cuidado para não permitir que minha raiva a machucasse.

- Ela não vai se matar, Joshua. Tudo não passa de drama.

- Como pode dizer isso? Como pode não sentir empatia, ou um minimo de remorso? Não se brinca com esse tipo de coisa, é uma doença séria e precisa ser tratada. Só Deus sabe o quanto deve ter sido difícil para ela superar e você resolve estragar tudo a troco de absolutamente nada. O que estava passando por sua cabeça, afinal?

- Tanto faz, gatinho. Essa conversa está me deixando entediada, vamos fazer alguma coisa mais interessante... - puxa meu braço em direção a saída, mas meus pés não se movem, atrapalhando a caminhada.

- Não.

- Não?

- Acabou, - respiro fundo e encaro seu rosto incrédulo - Estou farto de tudo isso, hoje você extrapolou todos os limites.

- Vai terminar comigo por causa de uma esquisita suicida?

- Não, - engoli o pouco de saliva que restava em minha garganta - estou terminando, porque não quero namorar uma vadia desprezível como você.

- Como é? - por um momento achei que Violet fosse me atacar como um leão feroz faminto e raivoso. Sua expressão era de pura ira e em outra situação soaria um tanto assustador, mas naquela hora não surtiu efeito algum.

- Você ouviu muito bem, acabou. Dessa vez é definitivo, faz o favor de sumir da minha vida e nunca mais tente fazer qualquer coisa contra a Salvatore, ou eu acabo com você.

- E o que, exatamente, pretende fazer? Até onde eu sei, você é um covarde medroso.

- Um covarde que pode te fazer ver o sol nascer quadrado por uns longos anos.

GAROTA ARCO-ÍRISOnde histórias criam vida. Descubra agora