Quinze

500 57 53
                                    

Uno Salvatore

Enfrentar o diretor Newman era como guerrear contra o próprio demônio. Aqueles olhos amendoados direcionados bem no meio da minha cara, junto a testa completamente franzida, como se tivesse escutado a coisa mais absurda de todos os tempos, estava a gerar arrepios na minha espinha. Não que eu fosse uma covarde, longe disso, tinha certeza absoluta que aquele velho carrancudo não faria nada contra mim. No máximo me daria um não bem grande e em bom tom, mas nada absurdo.

Movimentei a cabeça lentamente para frente, tentando não me mostrar intimidada. Precisava apresentar confiança, já que era obrigatoria a aprovação dele para exercer o meu projeto e vacilar só faria com que ele duvidasse das minhas capacidades.

- Um concurso de dança? - Ele questionou pela décima vez, desde o momento em que apresentei a proposta.

- É uma ótima ideia para promover o grupo de dança do nosso colégio. Ninguém sabe que ele existe, fica ofuscado pelas animadoras de torcida e pelos campeonatos de futebol. Isso é muito injusto, existem dançarinos muito talentosos aqui.

- A senhorita por acaso dança? - cruzou os braços cobertos por um paletó marrom quadriculado e posicionou a coluna de forma incrivelmente ereta.

- Não, senhor.

- E por que estar a defender uma causa que não lhe pertence?

- Faço parte do jornal da escola e uma das minhas tarefas era fazer uma matéria sobre o grupo. Acabei me sensibilizando e decidi ajudar a promove-los.

- Isso é muito gentil da sua parte, senhorita Salvatore. Porém, o Gerald High School não tem verba para investir em coisas supérfluas.

- Supérfluas? - levantei automaticamente a bater as mãos na mesa, estava completamente irritada com aquele homem - Mas,vocês gastam fortunas com campeonatos de futebol.

- Está decidido, senhorita. Nossa conversa termina por aqui, pode voltar para a sua aula.

- Sr.Newman, sabe que é obrigado a promover arte na escola - tentei argumentar, segurando os punhos para não voar naquele pescoço pelancudo. Não me entendam mal, sou uma garota muito controlada, abomino violência e evito julgar a aparência das pessoas, mas que aquele velhote merecia uma bicuda no meio da canela, ele merecia.

- É por isso que temos os stands, onde os grupos podem se promover, todo início de semestre. Foi uma ideia totalmente minha.

- É uma ótima ideia, mas não é eficaz. A minha ideia é muito melhor, senhor diretor.

- Basta, essa conversa não nos levará a lugar algum. Faça o favor de se retirar.

Soltando fumaça pelas orelhas, sai daquela sala morfada a pisar feito uma ogra. Havia garantido aos meninos que conseguiria a autorização para fazer um super concurso e promover a dança no Gerald High School, entretanto tudo naquele colégio gira em torno de status, esportes como futebol chamavam mais a atenção das pessoas e das universidades renomadas. Aquilo era um verdadeiro absurdo.

Assinei alguns papéis na recepção, que não faziam o minimo sentido, já que a minha visita havia sido totalmente em vão, não tinha servido para absolutamente nada. Nadinha.

Que merda! Que merda! Que merda!

Atravessei o corredor quase correndo, quando fico irritada pareço um foguete. Começo a andar o mais rápido que posso até colocar todas as minhas energias para fora. É uma coisa totalmente automática, simplesmente começo a fazer sem me dar conta de para onde estou indo. Um dia isso me levará para lugares perigosos, porque se tem uma coisas que Uno Salvatore é capaz de fazer, é se meter em encrenca.

GAROTA ARCO-ÍRISOnde histórias criam vida. Descubra agora