Epílogo

538 74 112
                                    

A gravata está me sufocando, não consigo parar de bater os sapatos sóciais na cerâmica branca, enquanto um homem robusto segura um copo de uísque e nos encara com olhar fulminante. Foi uma péssima idéia sair do carro para esperar dentro da casa. Não estava conseguindo raciocinar com tanta pressão sendo lançada em cima de mim mesmo no silêncio. Ele ia nos matar, eu tinha plena certeza disso. Puta merda, eu não estou preparado para morrer tão jovem.

- Minha filha tem dois pares para o baile? - a voz grave reverberou por toda a sala, provocando um arrepio na minha espinha. Senti as mãos transbordarem suor, meu estômago começou a se contorcer amedrontado.

- Não exatamente, - Robert iniciou uma explicação como se tivesse acostumado com esse tipo de situação. - Ele é o par dela, eu sou apenas uma espécie de dama de companhia. O amigo encalhado para ser mais exato.

- Acho bom manter esse rapaz em uma distância respeitável do meu bebê - apontou para mim, dando um gole no líquido avermelhado. Meu coração parou de bater, senti um ressecamento horrível na garganta. Só queria sair correndo e me esconder embaixo dos braços da minha mãe, mas nem isso minhas pernas eram capazes de fazer.

- Pare de intimidar os garotos, Frank - Uma mulher elegante surgiu no topo da escada, logo que abriu um sorriso percebi a semelhança com Uno. Presumi que fosse sua mãe, fiquei levemente mais aliviado com a presença dela.

- Na minha época um moça andar acompanhanda por dois rapazes era um ultraje.

- Isso foi em qual século, senhor? - Young questinou com uma inocência absurda, lancei meu cotovelo em sua barriga, quando interpretei a ira nos olhos do senhor Salvatore.

- O que disse, garoto? - franzio o cenho trucidando Robert com apenas o olhar.

- Ele estava brincando, Frank, não seja tão ranzinza com os amigos da nossa filha.

- Falando nela, onde está?

- Terminado de se arrumar, vai descer em um instante.

Um celular começou a tocar freneticamente, para minha mais pura felicidade. Era do senhor Salvatore, que bufou transtornado enquanto buscava pelo aparelho nos bolsos da calça caqui. Antes de sair para atender, virou bruscamente para nós e levantou o dedo indicador. Dei um passo para trás automaticamente.

- Juízo! - cuspiu e disparou para algum lugar nos interiores daquela mansão gigantesca.

- Não liguem para ele, queridos, querem sentar?

- Estamos bem aqui, senhora Salvatore. - permiti soltar as minhas primeiras palavras desde o momento em que cruzamos o haul de entrada.

- Por favor, me chame de Lupita, senhora me faz parecer uma velha - Estava gostando dela, a simpatia de Uno com certeza havia sido herdada da mãe.

- Estou descendo! - o grito de Uno ecoou pela sala onde estávamos, não tinha percebido o nível da minha ansiedade até ouvir sua voz aguda. Comecei a tamborilar os dedos sobre as pernas, aquela demora era torturante para o meu pobre coração.

Então ela surgiu no primeiro degrau da escada, deslumbrante. Estagnei no lugar, anulei todos os meus movimentos, enquanto vislumbrava aquela miragem magnífica. Usando um vestido levemente transparente, com uns detalhes pretos, que puta merda, a deixava loucamente sexy. O ar desapareceu, meu queixo havia chegado no núcleo da terra. Uno Salvatore estava maravilhosa, incrível, radiante, magnífica, sublime, divina, celestial. Jesus, haviam incontáveis adjetivos para expressar o quão surreal ela estava.

- Pare de babar, garotas gostam de caras difíceis. Você não se valoriza? - Robert sussurrou, me despertando do transe. Revirei os olhos e arrumei o paletó, para tentar ficar apresentável, mas era impossível chegar aos pés daquela perfeição de cabelo rosa.

GAROTA ARCO-ÍRISOnde histórias criam vida. Descubra agora