Vinte

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Capitulo não revisado

Joshua Cooper

Quando alguém diz "Mas, com uma condição" pouco depois de aceitar uma proposta, certamente não há condições boas em mente. E, quando Uno decidiu impor condições para sair em um encontro comigo, senti um arrepio profundo na espinha. Já não era comum eu chamando alguém para sair, ela ainda queria complicar as coisas. Aquilo seria um desastre.

Então, ela disse - Vamos inverter os papéis, eu planejo como será o encontro e passo para te buscar às sete horas em sua casa.

Para qualquer outro garoto aquela seria uma ótima proposta, afinal estava sendo poupado de quebrar a cabeça pensando em um momento perfeito, mas para mim não soava nada atrativo. Uno Salvatore não era uma garota qualquer, tinha uma forma peculiar de viver a vida e nada comum parecia sair daquela cabeça maluca. Com certeza o encontro seria uma espécie de fiasco, no entanto eu estava preparado para passar por isso.

Tentei colocar minhas lentes de contato que estavam estranhas naquela noite, ou talvez fosse minha visão prejudicada que não facilitava o processo de enfia-las por entre as pálpebras. Coloquei o dedo cuidadosamente com o objeto escorregadio na ponta, mas ele deslizou velozmente e caiu no chão.

Droga. Droga. Droga.

Não havia conseguido encaixar nenhuma, logo não enxergava absolutamente nada e era impossível acha-la naquele chão do banheiro que a minha mãe insistia em encher de tapetes felpudos. Só podia ser uma espécie de piada do universo, justamente quando resolvo ter um encontro normal pela primeira vez em toda a vida, fico totalmente cego. O mundo de repente era um grande borrão, e a lente havia sido teletransportada para a terra do nunca.

- MÃE! - gritei enfurecido esperando que ela pudesse me ajudar a enxergar novamente, encontrando aquela bendita lente.

- O que aconteceu, garoto?

- Minhas lentes de contato sumiram, estou cego. Não posso ficar cego, mãe, ajude-me.

- Esse escândalo todo foi para dizer que aquelas lentes velhas sumiram? Faça-me o favor, Josh, sabe que precisamos troca-la, não servem mais.

- Mãe, eu preciso delas. Tenho um encontro com uma garota, não posso sair sem poder enxerga-la.

- Um encontro? - senti uma animação em sua voz, era suposto uma mãe arranjar soluções para os problemas de seus filhos, no entanto a atenção da minha havia desviado do impasse para a curiosidade.

- Sim, um encontro, mas por favor foco em meu dilema.

- Quem é a minha futura nora?

Suspirei derrotado e deslizei minhas costas pela porta de madeira da pia, sentando com os joelhos dobrados. Quando Deus me criou, aposto que arquitetou direitinho como faria a minha vida se tornar uma verdadeira piada.

- Senhor, estou cego e tudo que a minha própria mãe quer saber é o nome de uma garota. Pode enviar a morte para me buscar - coloquei as mãos em meu rosto, quase convencendo-me de que aquele drama era real e não uma forma de fazer mamãe parar de viajar.

- Não comece, você tem óculos e pode muito bem usá-los.

- Óculos? Não vou usar aquela coisa em um encontro.

- Então troque de roupa e desça para assistir a novela comigo, a não ser que queira passar vergonha tentando pegar nas mãos da garota e acabar apalpando os peitos dela.

Mesmo sendo uma enorme mancha verde perante ao meu ver, a encarei com toda indignação que havia dentro do meu corpo. Aposto que nenhuma mãe fala tanta asneira quanto a minha própria.

GAROTA ARCO-ÍRISOnde histórias criam vida. Descubra agora