Dezenove

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Joshua Cooper

Dezoito horas, trinta minutos e quarenta segundos.

Dezoito horas, trinta minutos e quarenta e dois segundos desde que meus lábios tocaram os de Uno Salvatore.

Dezoito horas, trinta minutos e quarenta e três segundos desde que fui para casa me sentindo embriagado. Embriagado de um desejo efervescente, tão difícil de saciar por completo. Era quase como se os lábios dela fossem uma espécie de droga ao qual meu corpo não conseguia resistir. Eu estava me sentindo uma merda, mas uma merda de um jeito bom. Não havia conseguido pregar os olhos a noite inteira pensando em coisas que jamais imaginei que pensaria.

De alguma forma os pensamentos me deixavam feliz, faziam meus lábios moverem-se desgovernados em direção a um sorriso. Viajar sobre as milhares de coisas que eu poderia fazer com a boca de Uno Salvatore e com seu corpo delicado, era tão prazeroso quanto era destrutivo, porque sentia a abstinência manifestar-se dolorosamente am cada parte de mim.

Parecia doentio e patético sentir todas aquelas coisas, odiava não poder controlar meus instintos. É tudo tão novo e estranho, como pode uma pessoa manipular outra sem nem ao menos estar por perto? Talvez fosse uma espécie de feitiço, nunca descartei a possibilidade de Uno Salvatore mexer com magia negra. Mesmo não acreditando nessas coisas absurdas, ainda tinha uma parte de mim que queria acreditar em forças sobrenaturais agindo para me ter como um zumbi alienado.

Desci do ônibus cambaleando entre minhas pernas exaustas, estava sentindo uma ressaca dolorosa e, totalmente, inexplicável. Não costumava ir de ônibus para o colégio, mas o cansaço me forçou a suportar todas àquelas crianças do fundamental berrando irritantemente. Um grupo delas passou por mim correndo e me empurrando para sair do meio da passagem. Isso fez meu estômago esbravejar de ódio e, rapidamente, lembrei de como aquele lugar era tão comparável ao inferno.

- Aconteceu, - Robert brota ao meu lado com os olhos arregalados e um sorriso de canto nos lábios. Estava batucando às mãos nas pernas desenfreadamente transportando uma irritação plena para meu cérebro. - Finalmente, aconteceu.

- Por mais que eu esteja muito interessado em saber o que aconteceu, apenas deixe que um pouco de cafeína entre em meu sangue, para falar qualquer coisa. - Ergui uma das mãos como sinal para que ele freasse sua ansiedade agonizante.

- Não vou conseguir esperar, preciso falar. É quase tão emocionante que não consigo acreditar na veracidade.

Revirei os olhos e suspirei derrotado interrompendo o percurso até a parte interna do prédio.

- Conta logo para eu poder ficar livre de você e evite essas palavras difíceis essa hora da manhã. Veracidade destruiu a pequena porcentagem de paciência que ainda existia dentro de mim.

Antes que despejasse o motivo de toa aquela agitação matinal, cumprimentou um grupo de garotas mais novas empolgadas para dizer que votariam nele para rei do baile de formatura. Definitivamente o universo decidiu me provocar naquela fatídica manhã. Virou-se para mim tentando lembrar onde estávamos antes da interrupção.

- Terminei com a Melanie.

Eu estava surpreendentemente surpreso quando escutei aquela novidade. Lembrava de desejar muito que isso acontecesse antigamente, para facilitar as minhas míseras chances de ter algo com a Melanie, mas não era como se aquilo me representasse mais. Agora, eu apenas estava chocado, não imaginava que Robert fosse terminar com ela tão cedo, era quase como uma espécie de casal perfeito. Não é comum ver a perfeição se diluir e transformar-se em um nada de repente.

- Não quero estar perto quando as meninas desse colégio descobrirem isso.

- Do quê você está falando? - deu risada enquanto ensaivamos o caminho para o corredor principal.

GAROTA ARCO-ÍRISOnde histórias criam vida. Descubra agora