GAROTA ARCO-ÍRIS

Cinco

Algumas pessoas abominam coisas sobrenaturais, animais selvagens, violência, eu posso dizer com toda a certeza que a coisa que mais abomino na vida,depois do convívio social, é a aula de educação física. Não existe qualquer esporte, em que eu, Joshua Cooper consiga praticar. Não tenho coordenação motora, força, energia e nada do que é necessário para ser um atleta. Por isso agora, nesse exato momento, estou sentado na arquibanca esperando que nenhum garoto se machuque no jogo de futebol e eu seja obrigado a substitui-lo.

O treinador me detesta, assim como todos os outros professores. Sempre que possível, tenta me ferrar. Dessa vez ele foi benevolente,devido a quantidade excessiva de machucados espalhados por todo meu corpo, nunca pensei que fosse dizer isso, mas obrigada Ferd Shrek por me livrar dessa tortura.

- Porra, quando o Scott contou que havia acabado com você, não pensei que seria verdade - Kellan Winer sentou-se ao meu lado,com o rosto encharcado de suor. Ele também fazia parte da equipe de luta livre, mas não era tão forte quanto os outros, para falar a verdade, Kellan costumava ser a bichinha da equipe, o puxa saco que faz de tudo para enquadrar-se no grupo dos Shreks - Você está horrível,cara.

Revirei os olhos e ignorei o anão ao meu lado. Desde que cheguei no colégio essa manhã, todos diziam a mesma coisa e aquilo já estava me irritando profundamente, por que as pessoas não limitam-se a cuidar da própria vida?

- Olha Josh, eu sei que não deveria, mas estou com pena de você - ele olhou para os lados de forma frenética.

- Guarde sua piedade para você.

- Falo sério, ouvi o Ferd dizer que aquilo na festa foi só o começo. Ele vai acabar com você,cara.

- Não tenho medo daquele idiota - menti.

- Pois deveria ter, você foi mexer logo com a Anita. O Ferd é obcecado por ela, uma vez quase matou o Caliut, porque ele fez dupla com ela na aula de química e olha que não rolou nada. Vocês estavam quase se comendo na frente de todo mundo...

- Foi ela que me agarrou, já falei isso mil vezes.

- Cara, você tá ferrado - colocou uma das mãos em meu ombro e suspirou dramaticamente, de um jeito que me deixou ainda mais irritado.

- Já acabou? - perguntei levantando da arquibancada.

- Conselho de amigo, fica longe do Ferd.

- Não sou seu amigo.

- Tanto faz, só estou avisando.

Entrei no vestiário com cuidado para que o treinador não percebesse, precisava trocar de roupa antes que aquele monte de imbecil suado, começasse a exibir seus paus murchos por todos os lados. Olhei meus hematomas no espelho pela milésima vez, eu estava uma merda. O roxo que circundava meu olho esquerdo era tão grande, que ocupava metade da minha cara. Sem contar com o inchaço do lábio superior que me fazia parecer um pato ridículo.

Por sorte, um temporal no domingo fez com que a turma da igreja adiasse a volta para casa, logo não tive que gastar meu português explicando para a minha mãe o que houve comigo. Ela provavelmente surtaria e me deixaria de castigo por longos dias, sem contar com a quantidade de vezes que jogaria na minha cara o que acontece com jovens rebeldes. Não estou preparado para isso e espero que até ela chegar em casa, meu rosto volte ao normal.

A maior verdade nessa história toda, é que eu estava cagando de medo e ódio ao mesmo tempo. Como se não bastasse a merda que é a minha vida, agora tem um monstro ruivo querendo me matar e para piorar ainda mais, estou sendo zuado por ter sido defendido por uma garota. A foto de Uno Salvatore enfrentando Scott e eu caído no chão feito uma lesma esmagada, foi postada no blog da escola e para minha desgraça todos parecem dar ibope para aquela merda.