Cracks

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O melhor sentimento ao se acordar é saber que você tem um motivo para se levantar. É saber que você é bem mais do que tarefas a realizar, deveres a fazer, horários a cumprir... é saber que alguém está esperando por você... e você mal pode esperar para encontra-la. Isso faz com que eu sorria para o teto e me levante apressadamente da cama.

Eu entro de baixo do chuveiro com o humor tão elevado que começo a dar um show lá dentro com minha cantoria. Por alguns minutos, eu era um astro do rock, pulando e entretendo a galera com toda minha voz e energia. Somente voltei dessa dimensão quando, sem querer, bati na prateleira de vidro e derrubei todos os itens que haviam lá. Por sorte, o vidro não se quebrou, mas fiz um barulhão com isso.

"O que está acontecendo aí?" Mamãe perguntou do outro lado da porta.

"Eu escorreguei, mas tá tudo bem!" Minto.

"Cuidado, filho."

Ufa! Tudo direitinho, tudo em seu lugar. Mas, ei: não é um show de rock de verdade até que alguma coisa esteja quebrada, não é mesmo?

Enxugo-me ainda fazendo alguns movimentos dançantes e volto para o quarto. Divido o tempo que eu tenho entre me aprontar e continuar com meu show particular. Quando desço para o café da manhã, estou cantarolando e fazendo um esforço danado para não dançar ou demonstrar minha performance.

"Alguém está de bom humor hoje..." Lottie, minha irmã mais velha, comenta de forma nada empolgada.

"Não é pra menos! Ele é um dos melhores jogadores de futebol", comenta meu pai.

"'O' melhor", minha mãe reforça.

Sorrio para eles. Realmente estou de muito bom humor hoje, me sinto eletrizado, mas isso não tem nada a ver com futebol. Tomo um gole de suco e me despeço.

"Você não vai tomar café?" Minha mãe pergunta.

"Eu já comi algumas barrinhas lá em cima... Preciso correr para o colégio."

"Mas está cedo demais, dá tempo."

"Eu sei! Eu só quero passar na biblioteca antes para ter certeza de que vou tirar uma nota excelente no teste de hoje."

"Não precisa de carona?" Papai pergunta.

"Sim, por isso Stan já está esperando por mim. Vamos estudar juntos."

"Ótimo! Mas tome um café pelo caminho", mamãe aconselha.

"Não se preocupe", eu sorrio de forma cínica, "eu vou!"

Dito isso, saio pela porta da frente e vou até a esquina de casa, onde uma certa caminhonete espera por mim. Abro a porta naturalmente e sento no banco do carona, ainda cantarolando. Harry me encara com um olhar analítico e sorri de leve.

"Além de inteligente, atlético, bonito, simpático e educado... você também sabe cantar!?" Ele diz enquanto liga o carro. "O que mais você sabe fazer, voar?"

"Bonito...!?" Foi a única coisa que eu escutei, o que — confesso — fez eu me arrepiar.

Harry me ligou ontem a noite e me convidou para tomarmos café da manhã juntos antes da escola. Ele ficou em silêncio após ligar o carro e dirigiu até uma lanchonete. No meio do caminho, tentei puxar assunto:

"Então, como foi seu final de semana?"

"Meu final de semana? É assim que você começa uma conversa?"

"Na verdade", solto um riso fraquinho, "é, eu acho..."

"Claro. Vamos começar pelo básico, certo? Mas era eu quem deveria estar fazendo essa pergunta, você que é o centro das atenções..."

Sky is the Limit (Larry AU)Onde histórias criam vida. Descubra agora