Sky is the Limit (Larry AU)

Wonderful Life

Harry me deu um ultimato; e isso fez eu quebrar a minha cabeça de tanto pensar. Eu disse a ele que não queria mais ir para a King's... quando foi que eu pensei nisso? Quando foi que eu mudei de ideia? Aonde meus verdadeiros desejos estão?

Tenho pensado bastante sobre a minha vida e o rumo que ela está tomando. Mais do que isso, eu percebi que não estou no controle dela. As coisas, as situações, os momentos, eles passam por mim e eu os pego, mas não consigo agarrar... é como se fosse um grito ao vento, que causa sensações, mas logo desaparece... é como areia fina escorrendo pelas mãos, por entre os dedos, assim como o tempo.

As escolhas, as opções, as alternativas, elas passam por mim já decididas. Quando me ponho diante de um debate, não há o que discutir: a solução já está resolvida. O único plano é seguir o plano; é jogar pelas regras, sem contrasta-las. Regras que eu não criei. Regras que eu não escolhi.

E quando Harry me joga contra a parede e me diz "O que você vai querer?", eu não sei o que dizer, pois nunca tive que escolher. Nunca tive querer. O que eu devia fazer, eu fazia, independente do que eu sentia. Foi assim toda a minha vida... mas isso não quer dizer que tem que ser assim até o fim dela.

Eu percebo isso agora.

Obrigado por me mostrar isso, Harry.

Então, o que eu quero para minha vida? De verdade, o que eu quero para a minha vida? Estive pensando nisso a noite inteira e madrugada adentro... penso nisso a manhã inteira. Quão doentio é isso? Olhe para mim, um jovem de dezoito anos que deixa os outros escolherem o que é melhor para si. Já fui feito de trouxa por tempo demais, chega!

O que eu quero pra minha vida? Eu vou dizer o que eu quero! Quero que tudo isso pare agora! Eu nunca escolhi a King's, eu nem sei como é lá ou o que eu vou fazer. Não sei se quero sair da minha cidade natal. Não sei nem o que eu quero pro meu futuro, pra minha carreira. Futebol é legal, mas isso não quer dizer que eu queira passar o resto da minha juventude praticando esse esporte e jogando em campeonatos. Isso deveria ser algo divertido, não uma obrigação.

Decidi que não quero ser um jogador profissional de futebol. Mas então, o que eu quero?

Eu não quero mais a bolsa de estudos. Sei que isso é tolice, até porque eu poderia aproveita-la para qualquer outro curso, mas eu nem se quer sei qual profissão eu pretendo seguir. Não sei nem se quero ir para faculdade, por sinal.

Ok, já decidi as coisas que eu não quero. Mas... e as que eu quero? Eu nunca pensei que seria tão difícil responder a essa pergunta.

Bom, para início de conversa, eu quero conversar com meus pais sobre minha decisão e eu quero que eles me apoiem. Quero que saibam que não vejo futebol como uma profissão, mas como um lazer. Quero que saibam que não quero ir para a faculdade ainda e que preciso de um tempo para realmente focar em mim mesmo e em minhas aspirações. Quero um tempo maior para me descobrir. Quero que meus amigos aceitem minha opinião e minhas escolhas também.

E, por último, mas não menos importante, quero que Harry esteja comigo. De que maneira, eu ainda não sei, mas sei que isso, assim como todas as outras coisas, só vou descobrir com o tempo. Meu pai sempre diz que tempo é dinheiro, mas para quem já perdeu dezoito anos de sua vida, tempo é um recurso.

Essa guerra mental se sucedeu durante toda a manhã e foi com a conclusão dela que eu entreguei os resultados do exercício de química para o professor junto com o meu formulário de abandono.

"O que é isso?" Ele pergunta enquanto ajeita os óculos.

Isso sou eu fazendo uma decisão, é o que tenho vontade de falar, mas ele não tem nada a ver com isso e eu realmente não preciso soar dramático, então me contento em dizer: