Leap, pt.II

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Por algum motivo, sou o último a terminar o experimento. Talvez eu tenha me saído pior do que os outros. Ou talvez isso tenha alguma coisa a ver com meu repentino desânimo. Por que ele largou a disciplina? Ele ficou chateado comigo? Não era minha intenção...

Sabe aquele maldito sentimento que te pega desprevenido e te preenche por completo e, antes que você perceba, já é tarde demais para fazer alguma coisa? Sim, eu estou falando da tristeza. Vai ver é por isso que saio cabisbaixo do laboratório.

Caminho a passos pesados, ombros encolhidos, sem prestar atenção direito. Mexo algumas coisas no meu armário, guardo umas, pego outras; e depois vou até a saída da escola, onde encontro Stan em uma roda de amigos. Eles estão papeando e mexendo no celular.

"Ei, Tommo!" Stan acena para mim ao me ver passar. Olho para ele e forço um sorriso. Ele vem até mim e passa o braço pelo meu ombro. "Por que demorou tanto?"

Olho em volta na esperança de que avistarei Harry ou sua caminhonete no estacionamento, mas nem sinal de nenhum dos dois. Isso leva mais tempo do que eu imaginei e, antes que eu possa perceber, estou ignorando a pergunta de Stan sem querer.

"Ei, tá tudo bem com você?" Stan me sacode e aperta meu ombro.

"Tá tudo bem", respondo sem vontade, tiro seu braço do meu ombro e continuo a caminhar. Ele me segue.

"Você não parece muito bem pra mim... Pra onde está indo?"

"O quê?" Respondo distraído, pois não entendi sua pergunta. Estou no modo automático aqui. "Ah, sim. Minha mãe vai me apanhar na outra rua, pois estará voltando do salão e essa rua é contramão."

"Tá bem, te acompanho até lá."

"Não precisa. Seus amigos estão esperando você."

"Louis, você é meu amigo!" Stan põe a mão no meu ombro e aperta com força. "Não vou te deixar sozinho lá! Vamos."

"Ok..."

Stan sorri e volta a mexer no celular. Percebo que ele está jogando aquele joguinho de capturar criaturas. Não consigo evitar pensar que ele só está me acompanhando para acumular pontos nesse treco ou sei lá o quê.

Seja qual for o motivo, não tinha necessidade dele me acompanhar. Ah, sei lá, acho que quero ficar sozinho um pouco. Tristeza me deixa meio rabugento e não gosto de ser antipático com ninguém.

No caminho até o ponto de espera, Stan fala com exaltação sobre o jogo, entre outras coisas, e tenta me animar. Nada dá certo. Estou aéreo e não sei nem no que pensar, apenas sentir. Estou tão perdido que, ao atravessar a rua, quase sou atingido por um carro... se não fosse por Stan, que me puxou com força para trás.

"Mano, cuidado! 'Cê tá bem?"

"Tô, eu tô!" Respondo respirando fundo.

"Ê, doido! Eu que jogo Pokémon e você que fica distraído?" Ele ri. Tento sorrir, mas não consigo. "Lou, o quê que tá pegando?" Ele passa a mão pelo meu ombro.

"Nada, já disse."

"'Nada' uma vírgula, pode dizer!"

"Nada, Stan!" Atravesso a rua deixando-o para trás. Dessa vez olho de um lado para o outro antes de caminhar. Stan fica parado por alguns segundos, mas logo vem correndo na minha direção.

"Fala, cara, o quê que foi?"

"Estou pensando no... nos trabalhos e relatórios e... estão tomando conta de mim!" Invento.

"Você? Mas você sempre se saiu bem com essas coisas! Sempre fez várias coisas ao mesmo tempo!"

"Mas eu nunca tive que conseguir uma bolsa antes e..."

Sky is the Limit (Larry AU)Onde histórias criam vida. Descubra agora