Memories for Hope

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Recebi um telefonema do hospital. Eles disseram que talvez essa seja minha última chance de ver Harry, então eu engoli o orgulho e a dor e fui até lá. Tudo era branco e limpo, a única coisa distinta era a sombra de um rapaz esguio e magro sobre a cama. Aproximei-me dele e vi Harry completamente debilitado, seu corpo esquelético, sua pele pálida, sua cabeça nua e seu rosto cansado.

"O que você ainda está fazendo aqui?" Ele disse em voz rouca, deu pra ver que fazia muita força para falar. "Eu disse para você ir embora. Você é surdo, caralho?"

Não consegui fazer nada a não ser chorar. Harry insistiu, expulsando-me de lá, dizendo para eu nunca voltar. Eu não tive escolha se não aceitar seu pedido e me retirar dali. Minha presença estava lhe fazendo mal. Antes de sair definitivamente, a voz chorosa de Harry ecoou novamente.

"Louis... espera... por favor, não vai... fica comigo." A voz normal que eu conheço voltou a comparecer e eu me transportei para o seu lado. "Não me deixa sozinho. Eu não quis dizer aquelas coisas." Assenti e segurei sua mão com força. "Por favor, parceiro, diz que eu vou ficar bem... diz que eu não vou morrer... me ajuda..."

Por mais que eu quisesse dizer essas coisas, sabia que era mentira. Minha boca se abria, mas nenhum som saía de lá. Meu olhar era de espanto, meu coração batia tão forte que se tornou difícil respirar. Rapidamente, senti as energias de Harry se esvaindo, conforme sua mão perdia a força até me soltar.

"Eu te amo, parceiro", foi a última coisa que ele disse antes de eu ouvir o zunido contínuo que indica a sua morte.

Então eu abro os olhos e percebo que estava sonhando. Mais uma vez, acordei mais cedo do que o sol, perdendo completamente o sono. Toda vez que eu fecho os olhos, eu vejo Harry. Toda vez que eu durmo, eu tenho sonhos desse tipo. Já se passou mais de uma semana desde que o vi pela última vez e parece que foi ontem que ele me disse todas aquelas coisas.

Respiro fundo e me levanto da cama. Hoje, diferente dos dias anteriores, tenho que ir para a escola. Já terminou minha suspensão e agora começa a semana final de aulas para aqueles que não obtiveram pontuação satisfatória nas provas anteriores — ou não teve oportunidade de realiza-las.

De forma desanimada, tomo um banho com água gelada e quase não sinto a temperatura até o meu corpo começar a tremer de frio. Visto-me amarguradamente e nem faço questão de colocar roupas boas, passar perfume ou pentear o cabelo, apenas enfio um boné na cabeça e penso em usar óculos escuros, pois minhas olheiras estão profundas.

Quando minha mãe desce para preparar o café, eu já o tomei a muito tempo. Ela pergunta insistentemente o que há de errado comigo e eu forço um sorriso para não ter que me explicar. Depois que todos já tomaram café, ela me deixa na escola e diz que iremos conversar depois do almoço. Reviro os olhos e desço do carro. Vejo várias pessoas no pátio conversando. Aposto que é um choque para elas me ver entre o grupo de alunos que não foi aprovado, pois vários me observam curiosos.

"Bem vindo a classe de repetentes, garoto problema!" Um babaca diz quando eu passo perto dele e seu grupo de amigos.

"Louis, me ensina a arrombar armário?" Diz outro aos risos.

"Você arromba portas também?" Disse o outro enquanto gargalhavam.

"Vocês esperaram a semana inteira pra fazer essas piadas?" A voz de Stan ecoou atrás de mim, o que é bom, pois eu estava prestes a dizer outra coisa que eu poderia arrombar. "Vão cuidar da vida de vocês!"

"Vá cuidar da sua, Stan!" Eles xingaram um pouco, mas foram embora. Stan passou o braço pelo meu ombro e me acompanhou até a entrada da escola.

"Obrigado", falei baixinho.

Sky is the Limit (Larry AU)Onde histórias criam vida. Descubra agora