Eu acordo de manhã cedo e não sinto nenhum resquício de sono, mesmo que eu tenha passado grande parte da noite em claro, sentado na ponta da cama ou no chão; deitado de cabeça pra baixo ou com as pernas pro alto; com um milhão de ideias na minha cabeça e um pote de antidepressivos na minha mão.
O teto em meu quarto se tornou a paisagem que eu admiro. Admiro tanto que já o conheço de cor, em todos os seus tons, variações e degradês. Olho para o frasco novamente, leio a etiqueta e não consigo acreditar. De tanto pensar, minha cabeça está doendo, mas começo a entender várias coisas. Harry começa a fazer sentido.
Aquele período que ele se ausentou da escola, foi por causa da depressão? Ele estava com o humor tão baixo que não conseguia ir? Então, foi por isso que ele me abraçou? Ele só queria um pouco de conforto...
Depressivos tem tendência a se suicidar, não é? Então ele realmente ia pular daquele morro. Eu sabia... ele estava muito perto, perto demais... Eu não gosto nem de lembrar.
Por que ele é tão ousado o tempo todo? Por que ele é tão louco o tempo todo? São os remédios que o fazem dessa maneira, a patologia ou... Ou foi apenas uma maneira que ele encontrou de enfrentar toda essa merda?
Não me lembro muito de Harry na escola antes dele se tornar meu parceiro de laboratório, mas eu sei que ele sempre foi solitário. Ele costuma andar pelos cantos, se esquivar de todos, mantém o olhar distante... Eu me pergunto o que aconteceu para ele se tornar dessa maneira. Ele é uma pessoa tão divertida, parece o tipo de pessoa que todos gostariam de ter como amigo. No entanto...
Por isso, eu me levanto da cama decidido a confrontar Harry hoje. Tenho medo de que essa não seja a melhor opção, mas é a única que me resta. Não posso ficar calado e ignorar isso, não vou conseguir. Por que Harry não me contou sobre isso, ele não confia em mim?
Olho para o vaso que ele consertou para mim. As rachaduras ainda estão lá, não são difíceis de se enxergar. Aquela vez, no parque abandonado, Harry não estava falando do vaso, afinal de contas, ele estava falando das próprias feridas em sua alma.
Apronto-me mais rápido do que nunca. Estou bastante enérgico — e ansioso também. Preciso muito conversar com Harry e tirar essa história a limpo.
Antes do primeiro período de aula, não o vejo. Durante a aula de Francês, distraio-me ao repetir e elaborar as frases, pois estou completamente aéreo. Eleanor estranha meus equívocos e segura minha mão em consolo, pois eu nunca errei na classe de Francês antes.
O intervalo é uma tortura ainda maior. Passo um pouco de tempo com minha namorada e meus amigos, conversando sobre qualquer coisa e comendo qualquer besteira. Enquanto eu não resolver essa pendência, sinto que não vou conseguir pensar direito em nada; me concentrar em nada.
Finjo que vou até o banheiro e tomo esse tempo para passar por todos os corredores, todas as salas, todas as áreas possíveis e não encontro esse menino em canto nenhum. Mas será possível?
Não me diga que ele não veio hoje...
Pego meu celular e envio uma mensagem perguntando onde ele está. Sem resposta... Então, tento ligar. Continuo sem resposta...
A campa toca e eu xingo baixinho por não ter tido tempo suficiente para conversar com Harry ou se quer encontra-lo. Balanço a cabeça e vou até a sala de aula, mas pouco antes de chegar nela, avisto um menino de cabelo cacheado em um dos corredores. Ele está mexendo em seu armário. Praticamente todos os alunos já foram para a sala.
Droga, vou me atrasar para a aula, mas a hora é agora. Preciso resolver logo isso de uma vez por todas.
Rapidamente, pego a jaqueta de Harry e a levo em minhas mãos enquanto me aproximo. O frasco está enrolado no meio do pano, para que ninguém veja. Ele não percebe a minha presença até eu me aproximar subitamente enquanto ele fecha o armário e me encara já diante dele.
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Sky is the Limit (Larry AU)
FanfictionLouis é o garoto que tem a vida perfeita, mas ele vê todos os seus planos serem distorcidos quando conhece Harry, o esquisitão da escola. Alguns capítulos contém linguagem imprópria, nudez, masturbação e sexo.