Rebirth

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Por um segundo ou dois, tudo o que vejo é branco. Então, sinto o peso por todo meu corpo, como se eu tivesse sido atropelado por um ônibus. Pior ainda... por um trem. Tento mover minha mão e os dedos se movem timidamente. Com meu pé é diferente. Fico tanto tempo sem conseguir senti-lo ou movê-lo que tenho medo de ter ficado aleijado. No entanto, isso é só uma paranóia minha. Não tinha como aquela cirurgia ter dado errado. E, conforme esperado, meu pé logo responde a minha vontade e meus olhos se ajustam as cores e brilho da sala.

"Ah, você acordou!" Diz uma voz amiga. "Bem vindo de volta!"

"D-Des?"

"Como está se sentindo?"

"Você está perguntando a mim? Como está Harry?"

"Ele está bem, Louis. Ele teve uma parada cardíaca, mas o doutor disse que ele está em condições estáveis. Isso quer dizer fora de risco, certo?"

"Uma parada cardíaca? Por que?"

"Durante o transplante, digo. Você dormiu mais do que era previsto. Ou te deram uma dose muito forte ou você realmente precisava descansar, hein, camarada?"

Sorrio.

"Que bom. Quando poderei ver meu parceiro?"

"Em breve..." Ele sorri. "Então, como está se sentindo?"

Assinto, entendendo que ainda não respondi a essa pergunta, e nem sei como responder. Dizer que me sinto como se tivesse sido atropelado por um trem não parece certo. A linha entre meus lábios se alonga, formando um sorriso espontâneo.

"Me sinto feliz".

"Que bom ouvir isso, Louis!" Des tá um tapinha em meu ombro. "Jamais poderei agradece-lo pelo que você fez pelo meu filho!"

"Tudo bem. Vocês não precisam agradecer! O senhor sabe que eu fiz isso de coração."

"Sim, eu sei... Mesmo assim, muito obrigado! Bom, sua família está aqui. Eu vou chamá-los."

Penso em dizer que talvez, apenas talvez, essa não seja uma boa ideia, mas acho que não seria o mais sensato. Olhando para a luz que emerge através da cortina, aguardo a entrada de meus pais e irmãs no quarto. Não demora muito até ouvir a voz preocupada de minha mãe, vindo apressadamente até a cama me abraçar. Meu pai aparece logo depois e eu sou forçado a me erguer um pouco — mesmo com toda a dificuldade — para poder recebe-los. Isso me deixa um pouco tonto, mas logo passa.

"Não estão furiosos comigo?" Quero saber.

"Furiosos, sim. Sair da partida daquele jeito foi imprudente e idiota!" Meu pai responde em tom autoritário e, então, relaxa o cenho. "Mas também estamos orgulhosos."

"Louis, o que você fez foi... a coisa mais bonita e corajosa que eu já vi. Nós realmente criamos um grande homem!"

Sorrio para disfarçar minha bufada. Eles se vangloriam até em momentos humildes como esse. Não quero lembra-los que, se dependesse deles, essa cirurgia jamais aconteceria, mas não quero brigar agora. Não quero mais brigar.

"Ei, mano", Lottie se aproxima. "Boa jogada!"

Minhas irmãs menores aproveitam o caminho que Lottie abriu entre meus pais para poderem se acercar de mim e me abraçarem também. Fico feliz com o gesto.

"Nós ainda temos algumas coisas para conv—"

"Querida", minha mãe começa a falar, mas meu pai a impede e balança a cabeça. "Outra hora."

"Certo", ela assente. "Seus amigos estão aqui também. Posso chama-los?"

"Sim, por favor."

"Vamos dar espaço a eles, garotas? Há muita gente nesse quarto!" Meu pai as chama.

Sky is the Limit (Larry AU)Onde histórias criam vida. Descubra agora