Sky is the Limit (Larry AU)

It's Not Even a Choice

Eu vou faltar ao treino. Um dos treinos mais importantes. E eu não me importo, pois conversarei com o médico de Harry. A primeira vista, ele não me parece muito otimista, mas ainda acredita que existe uma chance. Eu também acredito.

"Como você sabe, Harry sofre de Leucemia Mieloide Aguda, um tipo de câncer que afeta as células do sangue e, no caso desse paciente, a reprodução de células cancerígenas acontece muito rápido", explica-me o oncologista de Harry enquanto me mostra algumas imagens para exemplificar. "A primeira fase de tratamento foi satisfatória e Harry teve resultados excelentes, por isso, para não causar mais desconforto do que o necessário, administramos apenas tratamento medicamentoso que acreditávamos ser o suficiente para cura-lo, mas algo deu errado."

"O que aconteceu?" Quero saber.

"Não tivemos o resultado esperado e recomendamos o inicio da quimioterapia, mas Harry se opôs. Mantivemos o tratamento com antibióticos e aumentamos a dose dos remédios. Foi nesse período que começamos a procurar por doadores de células-tronco, mas infelizmente, não tivemos sorte. Se houvéssemos realizado um transplante naquela época, Harry estaria completamente curado agora. No entanto..."

"E se conseguirmos o transplante agora, quais são as chances?"

"Temos que observar o resultado da quimio e radioterapia para ter certeza. É claro que as chances de cura aumentarão bastante, mas eu não posso lhe garantir nada, infelizmente."

"Entendi", assinto. "E o que eu devo fazer para doar?"

"Primeiramente, será coletada uma amostra de sangue de 5ml que será utilizada para verificar as características genéticas do seu organismo e comparar com as de Harry. Se caso positivo, você será chamado para fazer uma avaliação e realizar a cirurgia de transplantação. Claro, haverão alguns efeitos colaterais, mas..."

"Mas isso é o de menos!" Apresso-me em dizer, mesmo sem saber se era isso o que o médico ia falar.

"Sim, claro", ele assente e sorri. "Sabendo de todas essas condições, você aceita participar do exame com propósito de realizar o transplante?"

"Sim", não preciso nem pensar nisso. Olho para Des sentado ao meu lado e ele sorri agradecido.

"Bom, sendo assim", o oncologista pega algumas folhas e me entrega junto com uma caneta. "Peço que você preencha esse formulário, por gentileza."

"Quando poderei fazer o exame?"

"Vamos marcar para amanhã de manhã?"

Assinto e preencho a papelada. As perguntas variam entre dados pessoais e condições físicas. Querem saber se eu costumo beber, fumar, se tomo remédio ou tenho algum tipo de doença, se fiz tatuagem recentemente, entre outras coisas. Preencho tudo rapidamente e entrego ao médico, que solicita meu retorno no dia seguinte, bem cedo. Des e eu saímos do consultório e ele me agradece muito pela tentativa.

"Eu espero que dê certo", respondo. "Odiaria saber que não sou compatível... e que não pude ajudar."

"Foram longos anos acompanhando Harry na luta contra essa doença e ele lutou bravamente. Ele é muito forte", explica Des. "Mas eu sinto que ele está perdendo essa força, Louis... Bom, ele estava. Somente você conseguiu dar um pouco de esperança para mim e para o meu menino, então, não se sinta mal se você não for compatível. Você já ajudou mais do que imagina!"

Depois de almoçar na cantina do hospital, Des me oferece carona e eu aceito. Tive a oportunidade de entrar na caminhonete de Harry mais uma vez e isso sempre será nostálgico para mim. Pensar em tudo que passamos aqui dentro amolece meu coração. Lembro da vez que ele quase me expulsou desse carro... e da vez em que passeamos nele de madrugada. Se eu fechar os olhos, ainda consigo sentir o cheiro de orvalho.