Ben andava me evitando — não que eu não estivesse fazendo o mesmo. Como Diana iria ficar um mês conosco, Ben achou uma boa idéia voltar para o seu apartamento. Eu deveria comemorar, mas não comemorei. De algum modo, não ter Ben por perto era estanho. Ele visitava Estela, mas mal passava dez minutos com a sobrinha e logo partia, isso vinha acontecendo há duas semanas, e nenhuma dessas vezes — nenhuma mesmo — nos falamos. As vezes me perguntava qual era sua real idade, porque não existia outra explicação para ele me ignorar dessa maneira, tá, e dai que nos beijamos — ou quase nos comemos como havia dito Alice — poderíamos muito bem sentarmos e conversamos como adultos. Mas não, ele preferiu ignorar minha existência, e eu é claro, não ficaria pra trás.
— Não deixe ele entra na casa ou chegar perto da menina — Fred diz. Eu apenos balanço a cabeça em concordância, ronronando como uma gatinha quando seus dedos macios continuam a massagear meu couro cabeludo.
— Você sabe que não pode — era a voz de Alice, em um tom autoritário. Abro os olhos e encaro minha amiga, ela cruzar os braços olhando feio pra mim.
— O que foi? — pergunto na defensiva.
— Você não pode priva Ben de participar da vida de Estela.
— Eu disse isso? — saio da confortável posição encostada em Fred.
— Não, mas concordo com Fred.
— Concordei?
— Oh Deus! Você está testando minha paciência?
— Claro que não. Só que, estava difícil de me concentra com as mãos de Fred em mim.
— Eu sou irresistível. — ele se gabar.
— E gay.
— E dai? Vocês sabem que tenho o meu lado bi. — e da uma piscadela para nós duas.
— Você não vai esquecer aquilo nunca? — Alice diz com irritação. Minha amiga definitivamente estava de TPM.
— Você beijar bem, menina Alice.
Alice abre a boca para dizer algo, mas justo nesse momento a sinal tocar. Acabou o intervalo, hora de voltar a estudar. Fred precisou ir ao banheiro e resolvemos não esperá-lo. Seguimos caminho até a sala, mas antes de entramos, Alice me puxa pelo braço e me fez parar.
— O que foi?
— Eu sei que você não suporta Ben, e sei que aquele beijo foi um erro. Mas você sabe que não pode afastar Estela dele.
— E por que não? Eu sou a guardiã dela, tenho todo o direito de saber quem deve, e não deve ficar perto.
— Ele é o tio dela, e um dos pouco parentes que a restam.
Alice tinha razão, Estela tinha apenas a mim, Diana e Ben. Não sabíamos quem eram os pais de Cami, e nunca saberíamos, pois ela havia crescido em um órfãnato. Respiro fundo e solto o ar.
— Não irei impedir Ben de ver Estela.
— Tomando decisões de adultos, essa é minha garota. — e me dá um rápido abraço.
— Aliás, porque esta fazendo administração? Você toma jeito pra ser advogada.
Alice bufa e revira os olhos ao mesmo tempo.
— Eu odeio ler, e você já viu a grossura dos livros de direito? Sinto preguiça apenas de imaginar.
— Eu falei que não precisavam me espera. — Fred chegar por trás, apoiando um de seus braços no ombro de Alice e outro no meu.
— Sem sua ausência, me sinto triste.
— Eu sei meu amor. — Fred beijar o rosto de Alice e nos faz entrar.
✖ ✖ ✖
Cada um nasce com um dom. Uns sabe dançar, outros canta, existe àquelas que nasceram com o dom da medicina, e outros para pintar. Vários tipos de dons e formas. Então porque, de tantos dons existentes, não saber cortas coisas tinha que ser o meu defeito?
— Não precisa colocar força, Lola. Deixe a faca fazer o trabalho por você.— Diana diz pela milésima vez desde que começamos a preparar o almoço.
— Estou tentando.
— Você não está pegando no cabo.
— Eu estou!
— Não precisa ter medo da faca, apenas segure no cabo, não com força, e não corte como se estivesse tentando parte uma pedra ao meio.
— Ok. — tento não bufa, mas fracasso. Diana parece não nota, e se notou, ignorou. Então começo a corta a maldita cenoura lentamente, pois segundo Diana, estou botando força no braço desnecessário, pois " a faca faz seu trabalho sozinha ".
A parte de hoje, eu odeio facas.
— Chamei Ben para vim hoje — continuo cortando a cenoura — mas ele não poderá vim.
O que é era mais importante que o mensario de onze meses de vida da própria sobrinha?
— Porque não? — pergunto por educação.
— Ele e a namorada parecem que brigaram.
— É mesmo? — finjo surpresa.
— Sim, sim. Agora ele quer acertar tudo, vai levá-la para almoçar hoje. Ben vai reatar o namorado, alguma coisa assim.
— O que?! — minha voz sai um pouco mais alto do que deveria, e devido minha falta de atenção, acabo cortando meu dedo. — Merda!
Pingos de sangue começam a suja a cenoura — que eu tanto penei para cortar — vendo a bagunça que meu sangue estava fazendo, coloco o dedo cortado na boca. Faço uma careta quando sinto o gosto metálico.
— Oh minha querida, você está bem?
— Shim. — respondo com o dedo ainda na boca.
Diana limpar as mãos no avental e pedir para ver minha mão, e assim eu faço.
— Não foi tão profundo — avalia o meu corte — Acho melhor você ir limpar isso, para não criar uma infecção. — concordo — Pode ir, cuido de tudo daqui pra frente.
— Sinto muito. — e eu realmente sentia, mas quando lembro o por que acabei cortando o dedo, pergunto como não quer nada — Então… Ben e Anny voltaram?
— Pelo visto sim. Não sei o que aquele garoto ver naquela mulher.
— Uhum — respondo no automático, enquanto minha mente parecia gritar: Desgraçado! Então ele havia me beijado por pura distração? Idiota.
Como fui tão idiota ao ponto de ter deixado Ben me beijar. Eu servirá apenas de distração para suas mágoas, eu deveria ter notado. Idiota, idiota, idiota, mil vezes idiota!
— Lola?
— Sim?
— Não vai limpar isso?
— Ah — olho para o meu corte, desejando fazer a mesma coisa na cara daquele babaca ruivo.
Enquanto me direciono até o banheiro, onde ficava o kit de primeiros-socorros, a imagem de uma certa faca cortando uma certa coisa de um certo alguém, não sai da minha cabeça.

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Lola
RomanceAos dezoito anos você pode esperar e desejar muitas coisas. Como uma bolsa na faculdade, finalmente encontrar o amor da sua vida, ter seu coração partido pelo mesmo. Até mesmo ganhar na loteria! Haviam mil e uma possibilidades para o futuro de Lola...