Uma vez Fred perguntou como nós mulheres sabíamos que estávamos prestes a menstruar, na época não soube explicar. Achei que "simplesmente sabemos " não seria uma boa resposta.
Não era necessário um aplicativo. Não era só ir no banheiro, descer a calcinha e ver sangue, não mesmo, existe toda uma preparação. Primeiro, os seios ficam extremamentes sensíveis, qualquer tipo de toque já dói. Depois, as leves cólicas, aquele tipo de cólica que você pensar que a menstruação desceu, mas quando vai no banheiro, ver que é alarme falso. E mesmo com todas essas preparações, nada pode nos previne com o que vem em seguida, a maldita cólica.
Existe três tipos de mulheres: as sortudas, as azaradas e eu. As sortudas são aquelas que passam três dias mestruada, no máximo quatro, e se sentem cólica, não deveriam reclamar, afinal, só passam três dias sendo torturas. As azaradas são aquelas que passam uma semana inteira sofrendo essa tortura, e não ver a hora disso acabar. E vem eu, que já não bastava passar sete dias presenciando uma assassinato toda vez que descia a calcinha, eu tinha que carrega o demônio em meu útero. Pessoas normais sentem cólica, eu sou esfolada viva. Por mais que eu tomasse remédio, a dor não passava, e não achando isso o suficiente, eu me sentia enjoada e com uma puta dor de cabeça. Isso é um saco, pois isso já vem acontecendo desde dos meus 12 anos.
— Lola? — duas batidas na porta de meu quarto.
— Pode entrar. — meio sussurro meio gemo.
— Trouxe água morna para aliviar a dor, e Silvio comprou um remédio. — Célia deixou a vasilha na cômoda e mergulho um pano dentro.
— Não era … ah — gemo de dor quando me mexo poucos centímetros.
— É claro que precisa, vamos, deite reta e levante a blusa deixando a barriga de fora.
Faço tudo o que ela pediu, reprimindo a vontade de chorar na medida que me mexo. Célia me da o remédio, em seguida colocar o pano morno sobre minha barriga e diz para eu ficar quieta até a dor passar.
— Eu te amo — murmuro de olhos fechados quando sinto meu corpo relaxar.
— Daqui a meia hora volto para ver se você melhorou.
— Até lá, espero ter melhorado, não quero deixa Estela só .
— Por isso essa menina é tão manhosa em relação a você — ela balança a cabeça em reprovação mas sei que está sorrindo. — Mas não se preocupe, eu dou conta dela.
— Obrigada. — fecho os olhos tentando deixar meu corpo relaxado. E quando dou por mim, já estou dormindo.
Acho que sonhei com Célia em meu quarto falando com alguém, não exatamente alguém e sim Ben.
— O que ela tem? — Ben do sonho perguntou.
— Ela acordou não se sentindo muito bem.
— Não deveríamos levá-la ao hospital?
— Não será necessário — a porta se fechou, pensei que estivesse sozinha novamente, mas a carícia que recebi na bochecha dizia o contrário. Quando abri os olhos, não havia ninguém no quarto. Que estranho, podia jurar que o toque havia sido real. Fecho os olhos voltando a dorme.
✖ ✖ ✖
Ando segurando nas paredes, como se estivesse levado uma pisa daquelas e mal conseguisse andar. Havia acordado me sentindo muito melhor, ainda não estava 100%, mas iria chegar lá. Enquanto me direcionava até a cozinha, pude escuta a voz de Célia falando com Estela.
— Essa aqui é a mamãe, esse o papai e aqui, a Lola. — Célia segurava um porta retrato em mãos mostrando para a bebê sentada em suas pernas. — Mamãe, papai e Lola, entendeu?
Estela olhar para a mulher com atenção depois voltar a atenção pro porta retrato, por um breve momento pensei que Estela fosse concorda mas em vez disso, ela levou a foto a boca. Rio.
— Olhar só quem apareceu, se sente melhor?
— Dolorida mas irei sobreviver — me aproximo da mesa devagar, temendo que se eu andasse rápido a cólica voltasse. — Como ela se comportou?
— Chorou quando mencionei o seu nome, mas consegui acalmá-la. — levantar quando Estela começar a se debater em seus braços querendo vim pra mim — Você esta mimando de mais essa menina.
— E esse não é meu trabalho? — rio, mas logo fico seria quando sinto a pontada na barriga.
— Célia, você sabe se a … — Ben aparece quase correndo e vai parando na medida que me ver. — Lola.
— Ben — cumprimento com um aceno de cabeça. Víamos fazendo bastantes isso.
Duas semanas já havia se passado desde o " deslize ". Ben dessa vez não me ignorou por completo, trocavamos algumas palavras, no máximo cinco, e passar bem. E nenhuma vez nessas duas semanas, falamos sobre o acontecimento daquela noite.
— Melhorou?
— Si … — faço uma careta quando sinto cheiro de carne cozida. Sinto meu estômago fazer um barulho engraçado e algo subir pela minha garganta. Tava demorando!
Não daria tempo de correr pro banheiro, tinha que usar a pia da cozinha ou acabaria sujando o chão. Corro de má vontade até a pia e vômito, não muita coisa, já que quase não comi nada desde do momento que havia acordado. Quando paro de bota meus bofe pra fora, fico um tempo debruçada sobre a pia, esperando as ânsia passar. Quando sinto que não irei voltar a vomita, ligo a torneira e deixo a água limpa aquela sujeira, coloco um pouco de água na boca para tira o gosto de vômito.
— Pelo menos dessa vez você não vômito no vaso. — rio quando lembro da vez que vomitei dentro do vaso de planta do escritório de Paul. Paul quase vômito quando me viu vomita. Paro de rir quando sinto a pontada forte em meu estômago, coloco a mão na barriga respirando fundo.
— Desse jeito você vai fazer eu perder meu filho. — brinco, e Célia rir. Quando olho para Ben, ele me encara espantado e branco como papel.
— Você tá bem? — pergunto. Ele não responde, apenas continua me encarando, piscando os olhos devagar. Olho pra trás para ter certeza se ele não tá vendo um fantasma. E não havia nada atrás de mim. Dando de ombro me direciono até Célia, pegando Estela.
— Vou levar algo para você comer.
— Obrigada. — beijo a cabeça da bebê e saio da cozinha, franzindo o cenho quando passo por Ben.
Já em meu quarto, coloco Estela na cama e faço uma barreira para ela não passar, quando estou sentando na cama, a porta de meu quarto é aberta completamente e Ben invade meu quarto.
— Pode entrar. — reviro os olhos sentando na cama.
— Vamos ao hospital. — o encaro confusa.
— Hoje é domingo.
— Não importa, vamos ao hospital.
— Pra quê?
— Não sei, me diz você.
— Do que diabos você tá falando? — O que deu nele.
— Vou levar você ao médico. — e me dá as costas.
— Eu não vou ao médico só porque estou mestruada! — grito tentando detê-lo, o que da certo, pois ele vira. — O que deu em você?
— Você está, então que dizer que, que … — vejo ele soltar o ar aliviado.
— Penso que eu tivesse o que?
— Nada. — balança a cabeça parecendo tentar clarear a mente — Não é nada.
— Hm.
— Vou, indo. — e logo sai. Fico encarando a porta fechada sem entender nada. Olho para Estela e ela está encarando a porta com o rostinho confuso.
— Homens … — balanço a cabeça tentando esquecer o que acabou de acontecer.

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Lola
RomansaAos dezoito anos você pode esperar e desejar muitas coisas. Como uma bolsa na faculdade, finalmente encontrar o amor da sua vida, ter seu coração partido pelo mesmo. Até mesmo ganhar na loteria! Haviam mil e uma possibilidades para o futuro de Lola...