Proibido Desejar

Capítulo 8

Ele me arrastava até onde sua bebedeira aguentava, parava e me batia, depois, voltava a me arrastar.

Porque não me defendo?
Porque mesmo ele bêbado, ele é mais forte.
Porque quanto menos eu reagir, mais rápido acaba.

Ouvi a voz de Marco meu irmão mais velho.

-Pai! Para!

Ele não  parou.

Nunca parava, até Marco intervir.

E assim ele fez, como sempre...

Meu irmão fazia o máximo que podia por mim, era até injusto, pois ele fazia muitas vezes, o trabalho dele e o meu.

-Larga ele!!! Falou afastando ele de mim.

-Defende, essa bicha!!! Enquanto você se mata de trabalhar, esse aí estava na beira do rio sentado.

Vem pra me chutar e Marco o empurra...

-Ele estava sentado e você estava bebendo?!

-Você sempre protegendo essa cobra da Miranda!!! Ah!!! Que se danem!!!

Ele me chamou de novo de Miranda, nome da mamãe.

Saiu cambaleando.

-Você está bem Tico?

Fiz que sim com a cabeça, levantando rapidamente, ignorando as dores que sentia.

-Porque você estava sentado? Tem muito trabalho pra fazer! Logo vamos começar a semear!

-Eu só havia parado um pouco. Tinha ido com a dona Mirtis na rodoviária, buscar o senhor Ricardo...

-Então, ele veio mesmo? Sorriu

Fiz que sim com a cabeça.

Marco parecia animado, então me lembrei que quando eles eram adolescente, saiam muitas vezes juntos. Não eram melhores amigos mas certamente se davam bem.

-Já que meu irmão descansou, pode terminar de descarregar aquelas sacas de sementes, que estão na carreta.

-Mas Marco, sabe que são pesadas pra mim.

-Tico, sei que você  não é tão forte. Mas força se adquire...
Tem de fazer mais força do que de costume.
Assim você fica forte.
Você precisa ficar forte, pra se defender, um dia não estarei mais aqui.

Eu sabia que ele tinha razão... por isso concordei e fui em direção da carreta.

Meu irmão sempre sonhou em sair da Fazenda. Em trabalhar e estudar na cidade.
Sei que esse dia virá,  e se não estiver forte para me defender sozinho...
Eu não vou aguentar.

As dores...nossa, agora posso sentir.