Capítulo 62

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Eu adormeci ali com ela, dormimos juntos, em uma cumplicidade silenciosa.

Quando acordei ela não estava em minha cama, senti cheiro de pão caseiro, levantei...

Olhei minha sala, estava completamente arrumada, e ela estava na cozinha, me escorei na porta pude observar aquela linda mulher retirar pães do meu forno nunca usado.

- Oi, bom dia ... quer pão?!

Sorri.

- O cheiro está ótimo!

Ela sorriu.

- Dormiu bem?

- Sim, muito. Você teve um trabalhão com a minha sala!

Ela se aproximou de mim, tocou meu rosto.

- É meu lindo, você me dá trabalho... mas eu gosto.

Tomamos café juntos, rimos um pouco, ela me fazia muito bem, mas não podia continuar com aquilo, dar esperança a ela...

- Ana, amo estar com você...

Ela me olhou analisando me, o que na verdade fazia com muita frequência.

- Mas você não pode ficar comigo! Ok, já sei de tudo isso...

Continuou ela

- Você não me ama, e blábláblá...

Eu a olhei envergonhado.

- Já sabe de tudo isso, mesmo assim veio em minha casa?

Ela sorriu,

- Sim, percebi que te amo, e que não posso, não consigo ver você se acabando.
Me diga o que o Tico pode te oferecer?! Fora essa paixão infernal!

Ela realmente tinha razão.

- Primeiro que ele nem te perdoar conseguiu.

Ela estava bem informada.

- Quem contou pra você?

Ela tentou disfarçar, mas logo soltou.

- Pedro! Eu sei que não deveria confiar nele, mas... me apaguei a isso.
Ele te perdoou?

- Não, não suportava nem que eu o examinasse.
Ele simplesmente ignorava tudo que eu falava, e quando falava comigo, era apenas para me ofender, ou machucar...
Dei alta a ele, mas não faço nem idéia, de pra onde ele foi.

Ela tocou minha mão.

- Então de uma chance pra nós!

Eu respirei fundo, precisava pensar, ver ele novamente, tentar...

- Eu preciso tentar mais uma vez Ana... tentar falar com ele, tentar que me perdoe...
Estou sendo sincero com você, sinto que posso.
E outra, eu não sei se te farei bem, o que você pode querer comigo?! A minha fama de gay é enorme.

Sorri.

- Olha Ricardo, isso quem decide sou eu, em relação a sua fama... Bom eu sei que não é gay.

Eu gargalhei

- Ana, eu transei com outro homem...

- Bem se vê, que não sabe nada do mundo lgbt. Você sente atração por uma mulher trans, quer dizer, uma mulher que nasceu em um corpo masculino, isso não te faz gay, você já sentiu atração por homens? Homens assim, como você?

- Não! Falei gargalhando, e constrangido, com a forma direta com a qual ela falava.

- Então, é isso! Você se apaixonou por outra mulher!

Olhei para ela confuso.

- Ok, mas não sei até que ponto isso é melhor!

Ela gargalhou.

- O que eu sei é que você sente atração por mulheres também! E isso já me basta para que eu entre nessa disputa!

Piscou pra mim, eu sorri.

- Ana, não é uma disputa, se o Tico me disser sim, eu largo você na mesma hora... E eu não quero te magoar, já te causei muita dor.

- Entendi... bom você terá que implorar pelo perdão, e uma coisa que aprendi com a psicologia é que o ser humano tem grande dificuldade para perdoar... Então, quando você voltar desamparado, inconformado, estarei aqui para recomecarmos!
Por hora, eu me vou.

Sorriu, me deu um selinho nos lábios, se levantou e partiu.

Proibido DesejarOnde histórias criam vida. Descubra agora