Capítulo 48

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O retorno a minha casa, dona Mirtes insistia para que eu ficasse em um quarto de empregados, mas ... Como eu poderia, Ricardo nem ao menos queria me ver.
Precisava respeitar isso...

Ao chegar em casa, guardei as roupas que ganhei, meu pai não estava e eu não conseguia olhar para meu irmão.

Ele então veio conversar comigo.

- Como foi o curso?

- Bom. Tentei ser o mais breve possível.

- Em qual escola foi?

Nem imaginei o que diria, não preparei nenhuma história, para mentir tem de ser muito criativo, por isso sempre optei por falar a verdade.

- Você não conhece.

- Diga, quem sabe.

Demorei pra responder, não conhecia nenhuma escola pra inventar

- Vou te ajudar, eu estive em algumas escolas e não tinha nenhum aluno com seu nome, em nenhum curso...

- Que estranho...
Tentei desconversar.

- E essas roupas? Está parecendo uma menina!

- Não são femininas!

- Esqueci que tudo que você toca dá ar de viado.

Ignorei, tentei entrar pro quarto.
Meu irmão me segurou pelo braço e me encarou.

- Porque não diz a verdade?
Ricardo não estava na Fazenda todas essas noites...

- Você está insinuado que eu estava com ele?!

- Tenho certeza!

- Não, eu não estava com ele. Mas se você quer a verdade?!
Você me deixou pra apanhar, e apanhei muito, Ricardo me achou, e cuidou de mim... quem me dera que ele realmente quisesse algo comigo! Mas não quer!
Como você disse, só servi pra ele como um buraco, transamos e acabou, bem que eu o queria todas as noites, mas as noites dele foram com a noiva, não com o viadinho.
Eu me recuperava da surra que levei. Se ele quisesse algo comigo, eu estaria lá!

Quando me virei para sair meu pai estava na porta.

- Você transou com o doutor?

Minha voz travou, meu pai veio  pra cima de mim mas Marco o segurou.

- Tu ouviu o que essa bixa falou?!

Tentei sair mais meu pai me puxou.

- Agora tá assim, nem disfarça mais!

Criei coragem e retruquei.

- Não!
Se for pra transar com um homem pra pagar suas dúvidas, ou sei lá o que, não tem problema né?!

- Você é obrigado a isso, por culpa sua, que não vira homem,  que tá sempre assim, igual menininha!!! E que diabos de roupas são essas?! É por isso que todo macho daqui que comê!

- Eu sou assim, e quer saber, por muito tempo quiz ser diferente, tentei! Mas eu sou isso aqui, e na verdade acho que nem isso, pq essas roupas ainda não são como me vejo, por mim me vestiria como Ana!

Meu pai me deu um tapa no rosto.

- Tu vai virar homem, nem que seja a força!

- Chega! O senhor não pode, não  vai mais mandar em mim!
Eu gosto sim do doutor Ricardo! Ele cuida de mim, não me espanca, não me deixa caído no chão pra morrer...

Gritei.

- Então é isso! Assumiu de vez?!

- Eu amo quem me ama, e amor está bem longe do fato de ser homem ou mulher!

Meu pai partiu em minha direção empurrou Marco...

- Não se mete!

Tentei me soltar, retribuir, mas ele me segurou...
Começou a me bater a arrancar minhas roupas, fiquei apenas de camisa, que ja estava toda rasgada de tanto ele puxar, começou a me arrastar pra fora de casa e me empurar para a lavoura.

Cada vez que eu tentava levantar era um tombo a mais.

O caminhão dos boias frias estava passando quando meu pai os parou me jogando na frente.

- Ai ó! Quem quiser comê, que coma, tá facinho!

Marco veio em minha direção, mas meu pai sacou uma arma.

- Se mete não!

Apontou a arma pra mim, e Marco saiu em direção a casa grande.

- Os boias Frias começaram a cassoar, e gritar coisas pavorosas, obscenas...
Até que alguns saltaram do caminhão e começaram a vir em minha direção...

Virei pro meu pai, e implorei.

- Pai, por favor me deixa ir...

- Por mim, tu morre hoje!

Proibido DesejarOnde histórias criam vida. Descubra agora